FELIZ NATAL A TODOS!
...
Os ânimos só se acalmaram de verdade após o pronunciamento do homem barbudo, que precisou correr até Hongjoong ao notar suas mãos extremamente trêmulas ante toda a emoção. Yoshi também pareceu notar o mal estar do irmão, algo me diz que foi esse o real motivo para ser tão obediente e acatar as ordens daquele velho.
Ante a impossibilidade de convencer o irmão, que parecia ter a maior parte da população Sul fiel às suas decisões, Hongjoong apenas me entregou um sorriso triste e preocupado, antes de eu acenar com um sorriso minimamente sincero para dizer que, dentro do possível, tudo estava bem.
Por sorte, Narae não deixou o convés. Me pergunto se ele previu toda essa discórdia, e se talvez tenha decidido se poupar de tal comoção. Tomado pelo pensamento, apontei meu dedo indicador em sua direção antes de seguir para as camadas inferiores até o quarto que me foi reservado desde o primeiro dia pela tripulação.
Os pensamentos agitados estavam me esgotando. Mesmo a companhia de Narae, Chae e Jaelin - as duas se recusaram a continuar sem mim -, parecia distante demais ante toda a discussão que tomou minha mente por horas a risco.
Por que, maldição, eu tenho que me sentir tão machucado? Por que, caramba, eu tenho que me sentir tão ferido? Por que é tão frustrante? Por que é tão angustiante? Por quê?!
Não é justo sentir raiva, porque eu os dou toda a razão. Eu consigo entender seus motivos para odiar todo o caminho - e todo o tempo que assistiram - por onde eu estive. É completamente justificável, e mais que aceitável, se colocarem contra mim. Mas ouvir aquela multidão, em um comitê de boas vindas, me chamando de traidor... é confuso. Tão inesperado, quanto confuso, na verdade.
Chae é quem se prontifica a tomar conta da cozinha, arrastando Jaelin, Narae e a mim para o refeitório. Tentando me tirar da inércia distante e confusa em que me encontro desde que tudo aconteceu. Ela conta algo sobre as últimas noites em que as duas estiveram hospedadas no quarto de Baran, Jaelin narrando algumas das histórias empolgantes que ouviu do tripulante enquanto eu não posso fazer muito mais do que sorrir e acenar. Talvez por minha indisposição quanto a diálogos, o jantar segue silencioso para todos - nem mesmo Narae, quem saboreia uma porção generosa dos grãos fritos preparados por Chae, gane ou resmunga.
É tão quieto, que beira ao mórbido.
Estar nesse Casper, sem nenhum deles por perto, pode parecer a chance perfeita para dar seguimento aos meus experimentos. Mas me sinto tão errado, agora. Me sinto tão torto e deslocado, como se não fosse bem vindo, que é um pouco desesperador.
Quando nos amontoamos de novo no quarto, eu espero que elas durmam antes de procurar alguma coisa para fazer. Eu procuro por algo, qualquer passatempo que supra o que meu cansaço pede, mas que meu sono não consegue satisfazer. Eu caminho devagar pelo cômodo, observando outra vez todos os detalhes que já conheço de cor, até que me lembro de um dos passatempos frequentes de Chae nos primeiros dias - um que persiste até hoje - à bordo do North Down.
Eu quero ser seletivo, mas o escuro me impossibilita. Por isso meus dedos passam pelas prateleiras, contornando as lombadas e desenhando seus volumes na superfície de ferro das prateleiras, até que sinto um formigar em minha pele e decido puxar um diário velho.
— Bom... — Sussurro para mim mesmo. — Será isso.
Então, deixo as meninas para trás, seguindo para o convés com Narae fiel aos meus passos.
As luzes do Porto, apesar de não estar tão agitado lá fora como estava mais cedo - tirando a presença de alguns homens fardados com os mesmos trajes de Yoshi, prontificados e armados enquanto enfileirados na plataforma -, continuam ligadas como se não se importassem com o gasto excessivo de energia.
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Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)
FanfictionO futuro traiu Park Seonghwa. Essa é sua crença, depois da morte de seu pai, Kim Narae, o render apenas um posto de importante e de reconhecimento junto aos membros do Alto na Colônia Oficial do Norte. Ele odeia Kim Narae de todas as formas, desde...