ARCO 4 (4/5) - Cão Da Neve

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O ar que sai dos pulmões do animal à minha frente é quente, tão contrário ao frio tamanho que toma conta de todos os meus ossos. Eu estou tremendo quando procuro pelo par de olhos ferinos e vejo, por pouco tempo, o brilho verde que os ilumina sob a pouca luz.

— Não olha nos olhos dele. — Mingi diz.

— Min-

— Não fala. Eu ia falar pra não respirar mas aí teremos um problema. — Apesar de seus nervos, entregues por sua voz trêmula, Mingi tenta fazer uma piada.

Não funciona.

Eu fecho meus olhos, completamente tomado pelo pavor.

— Jongho. — Ele chama um pouco mais alto, e imagino que torça tanto quanto eu para que o tripulante com melhor audição da North Down escute. — Jongho, vamos precisar de ajuda.

Eu respiro devagar, agarro com força a máscara com uma de minhas mãos e a trago devagar para junto de meu peito. Não importa a situação, eu simplesmente não quero perdê-la.

O animal alto rosna ante meu simples movimento. Ele late uma vez, tão feroz quanto um rugido, e eu quero me enterrar na neve.

— O que tá acontecendo? — Eu dou graças quando ouço a voz de Jongho, mesmo que isso não aponte alguma maneira de as coisas se tornarem menos piores.

Mingi suspira, também.

— Mas o qu- — San começa, mas interrompe a si mesmo. — Tudo bem... Mantenham a calma.

— Sabe como resolver isso. — Mingi diz a ele.

Eu abro pouco meus olhos quanto me viro em direção a eles, e vejo o fim de um aceno em concordância que San deve ao outro.

— O que eu faço? — Jongho pergunta.

— São Cães da Neve. — Mingi explica. — São vigias da Ilha, dizem que surgiram com o passar dos anos, escondidos pelas geleiras durante eras inteiras.

— Costumam sair para caçar à noite. — San continua. — Não é sempre que vemos eles pelas ruas, mas não deixa de ser comum ter matilhas espalhadas durante as madrugadas aqui na região central quando tudo se acalma. Eles odeiam o barulho, e procuram manter a distância apesar de serem animais extremamente fero-

— San... — Eu chamo baixinho. — Conte mais detalhes quando resolvermos isso. Não está me tranquilizando.

Ele ri um pouco.

— Tem razão. Tem toda a razão. — Ele diz. — Mas não se preocupe tanto. Sabe como é, quando se é jovem muitas obrigações se tornam brincadeiras e essa era uma das nossas.

Enquanto fala, ele mede passos cuidadosos junto a Mingi, um vai para trás do animal grande, enquanto o outro o cerca à minha direita - do lado contrário a onde está Jongho. O animal rosna em direção a eles, e então eu apenas sigo meu pensamento e me movo com certa brusquidão, voltando a me tornar o centro de sua atenção.

— Não que saíssemos por aí procurando por um desses pra brincar de pega-pega... — San continua.

— Fiquei sabendo de histórias terríveis sobre isso. — Mingi comenta.

— Mas nós aprendemos que levar na brincadeira é menos aterrorizante. — San assente e dá de ombros. — Okay, Jongho.

— Estou ouvindo. — Jongho diz, olhos atentos a todos os movimentos.

— Vai acontecer bem rápido. — San continua dando coordenadas. — Esse aí parece estar sozinho, mas os outros devem estar escondidos por perto. O alvo é Seonghwa, então vamos tomar isso dele. Quando a atenção estiver em nós dois, eu e Mingi vamos correr o mais rápido que pudermos. A maior parte deles vai vir atrás de nós, mas não significa que não possam seguir vocês. Eu preciso que você seja rápido, leve Seonghwa para a primeira área de segurança que encontrar. São grades fixas nas construções, tem uma certa altura e são acessíveis, foram feitas para situações de emergência como essa. Assim que conseguir subir, toque o sino fixado na plataforma e os moradores serão avisados, poderão nos ajudar. Não corram para casa, se ele entrar será o fim de todos lá dentro.

Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)Onde histórias criam vida. Descubra agora