Accident

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POV CAMILA


O despertador tocou ás 23:00, como sempre acontecia, dia sim, dia não.

Alcancei meu celular no aparador ao lado da cama e desliguei o som estridente que me fez despertar. Empurrei meu cobertor para o lado vazio de minha cama e, com muito custo, me levantei. Vesti meus chinelos que estavam ao pé da cama e fiz um coque frouxo em meu cabelo, todo desgrenhado. Já era hora de trabalhar.

Arrastei-me até a porta do banheiro e cheguei até a pia, abri a torneira com toda a preguiça existente no mundo e joguei um bom tanto de água fria no rosto, não precisou de mais nada para eu estar desperta por completo. Eu sou extremamente apaixonada pelo meu trabalho, acordar era a única barreira que me impedia de amá-lo ainda mais.

Me despi da calcinha, da camiseta e das meias que eu usava e entrei no chuveiro frio; para iniciar um plantão de 12 horas é preciso perder totalmente o sono, e o chuveiro frio colaborava e muito para isto.

Deixei a água quase gelada cair em todo o meu corpo, me livrando de tudo de ruim e liberando espaço para todas as boas energias presentes no ar; era desta forma que eu me preparava para cada plantão, enchendo a minha mente de energia e de coragem, pois a partir do momento em que a farda estava em meu corpo, a minha única missão era dar o meu máximo para salvar vidas.

Me lavei com calma, ainda havia um tempinho até o plantão. Sem querer molhei os cabelos, amaldiçoei o mundo todo por isso, mas decidi lavá-los mesmo sendo tão tarde, e mesmo sabendo que com certeza amanhã eu estaria fungando pelos cantos, com o nariz pingando.

Sai do banheiro ás 23:21, de acordo com o relógio da TV de meu quarto; me enrolei em uma toalha e enrolei outra em meus cabelos, que estavam grandes demais e começando e me dar trabalho; eu os cortaria na próxima semana, sem falta. Me sequei rápido e escolhi uma calcinha boxer em minha gaveta, preta com listras amarelas, já que a minha preferida estava suja; esse tipo de calcinha era mais confortável com a farda, diferente das calcinhas normais, essa não me obrigava a ficar ajeitando de cinco em cinco minutos o "desconforto".

Depois de estar com a farda no corpo e os cabelos penteados, me concentrei em encontrar as minhas botas; me lembrei depois de alguns minutos de tê-las tirado dentro do carro na volta do plantão anterior, então alcancei o corredor e desci as escadas com os meus chinelos nos pés; a casa estava silenciosa e escura, como de costume; meus pais dormiam cedo e Sofia mais cedo ainda, pois tinha 12 anos; uma mocinha; mas quem disse que os meus pais a deixavam levar uma vida de mocinha? Suspirei e sorri ao recordar como as coisas foram diferentes comigo. Me fazia muito feliz ver Sofia tendo uma realidade diferente da que eu tive; eu e meus pais lutamos para isto, por ela.

Cheguei à sala e avistei os meus óculos de grau na bancada tomada por porta retratos com fotos de família, não tardei em colocá-los no rosto, de jeito nenhum eu dirigiria por Miami na beirada da madrugada sem eles. Com a mochila nas costas e a ansiedade para o plantão tomando conta de mim, eu abri a porta da frente de minha casa; meu carro apitou logo que acionei o alarme no controle em minhas mãos, fechei e tranquei a porta atrás de mim e segui para o carro, 23:40, o serviço de resgate médico de emergência de Miami me esperava.

Entrei no carro e tratei de logo vestir as minhas botas, as amarrei no laço mais forte que pude dar, em seguida virei a chave na ignição e escutei o motor ser ligado, afivelei o sinto de segurança e engatei a ré; eu adorava trabalhar, mas odiava dirigir, gostava muito mais quando Dinah, minha melhor amiga e parceira de trabalho, passava aqui e me dava carona para o plantão noturno. Como não era dia de carona, e eu teria de dirigir até a unidade em que trabalho; desci a rampa da garagem de meu quintal e alcancei a rua residencial onde minha casa ficava, acelerei levemente e segui sentido centro da cidade, meu trabalho não ficava tão longe.

My EmergencyOnde histórias criam vida. Descubra agora