Merenguitos de limón

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POV CAMILA


Olhava Lauren com uma alegria tão densa que escapava pelos cantos de meus olhos. Tinha tanto a ser dito que imaginava ser necessário alguns anos até que tudo pudesse sair de mim em direção à ela da maneira correta. Era o grande amor da minha vida, a tinha como a maior e mais bonita coisa que já havia provado em todas as vezes que já havia existido, nesta vida e nas anteriores.

Escutei em silêncio e fascinação cada coisa que ela me contava sobre o tempo em que ali estive, em coma. Uma semana que me soava como um ano todo se a unidade de medida implicada fosse a saudade. Cada um de meus poros suplicava por Lauren e eu poderia afirmar a quem me viesse questionar que jamais senti tamanha falta de algo ou alguém em toda a minha vida.

Para mim, soava como uma distância de mais de um século.

Possuía lembranças vívidas de cada uma das passagens narradas por ela. Era como se ali eu estivesse quando ela encontrou a garrafa no mar, ou quando o anel lhe apareceu naquele prédio a ponto de desabar. Soava como se algo de mim estivesse junto dela em cada passo, em cada cena.

Ela tinha o braço imobilizado com uma tipoia azul marinho, esta que Veronica teve de, junto a mim, praticamente obrigá-la a usar. Estávamos em um leito de observação do hospital, bem longe da UTI, onde apenas aguardávamos os resultados de todos os exames aos quais me submeteram após acordar, para que nos deixassem ir para casa.

- Tem certeza de que não sente mesmo nada, meu amor?

Ainda não tinha conseguido convencer Lauren que não havia me restado dor alguma ou dificuldade para respirar. Não sentia nem mesmo os machucados tão característicos da intubação; sentia apenas fome e uma vontade tremenda de ir para casa ver minha família, tomar um bom banho e ter uma bela noite de sono ao lado daquela mulher tão linda de olhos verdes, com seu braço imobilizado.

- Nadinha. Apenas um pouquinho de cansaço, acredito que por tanto tempo na mesma posição. Quero ir pra casa, baby, não podemos apenas sair de fininho? - Lauren riu da minha pergunta.

- Eles não veem a situação como nós, Camz. Querem encontrar uma resposta médica para você ter acordado tão bem após entrar pela segunda vez em parada cardiorrespiratória, e, ainda, não apresentar sinal algum da infecção pulmonar que tinha até hoje de manhã.

- Eu tenho a resposta. – Aproximei meu rosto do de Lauren, assistindo os belos olhos ganharem toda a luxúria verde-escura da qual sentia tanta saudade. – Eu te amo. Essa é a única resposta. - A beijei de uma vez. Tinha tanta vontade de viver que não conseguia deixar de fazer isso. Soltei-a sem querer soltar, mas me mantive perto o bastante para sentir o cheiro bom que vinha dela.

- Nós definitivamente precisamos ir para casa. – Lauren disse, me fazendo entender rapidamente do que ela falava ao vê-la cruzar as pernas com força, apertando-as enquanto o seu rosto, ruborizado, emitia o sorriso mais atraente que já passou por esta terra, tímido e nervoso.

Duas batidas na porta nos impediram de continuar esta conversa, mas a piscadela que lancei à ela deixou bem claro que eu entendia muito bem aquilo tudo.

- Com licença, meninas, os resultados chegaram. - Jim entrou, sendo seguido por Dr. Rivera que carregava uma expressão não muito amigável em seu rosto. - Lauren se ajeitou na poltrona ao meu lado e eu me sentei na cama, cama esta na qual eu não queria mesmo passar mais esta noite. Os cumprimentamos e Lauren questionou, olhando os papéis que ambos tinham em mãos:

- E então, quais são os resultados?

- Os exames não apontam nada. – Dr. Rivera suspirou, tirou os óculos e coçou a cabeça; parecia intrigado e ligeiramente incomodado. – Nada nos pulmões, nada no sangue, nada no cérebro; ela apenas perdeu dois ou três quilos desde o dia em que deu entrada na emergência. É como se nunca tivesse passado pelo coma. - Continuou, olhando agora mais para Lauren do que para mim: - Eu ainda não consegui entender o que foi que você fez, Dra. Jauregui; você poderia tê-la matado ao me impedir de prosseguir com aquela traqueostomia.

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