Search in the sea

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POV LAUREN


"Dra. Jauregui, favor comparecer ao centro cirúrgico. Repetindo, Dra. Jauregui, favor comparecer ao centro cirúrgico."

Escutei o chamado no auto falante e suspirei. Jim sabia que eu não poderia operar, e esta informação certamente chegaria logo aos ouvidos de todos. O esgotamento mental no qual eu me encontrava não me permitia aptidão alguma para munir um bisturi, por isso pedi à Jim para deixar-me, ao menos por estes dias, apenas com as visitas aos meus pacientes internados.

Logo o aviso sonoro foi corrigido, me deixando um pouco mais aliviada.

"Dra. Susan, favor comparecer ao centro cirúrgico. Repito, Dra. Susan, favor comparecer ao centro cirúrgico."

Susan era uma boa cirurgiã, afinal.

Preenchi meu copo de água pela quinta vez naquela hora. Os ponteiros do relógio a minha frente marcavam algo próximo das seis da tarde. Me sentei na mesma poltrona em que eu estava já fazia algum tempo, no corredor da unidade de terapia intensiva do hospital que há 5 dias atrás, era apenas o meu local de trabalho.

- Laur, querida, vá para casa ter um bom jantar e tomar um bom banho, estamos aqui para isso, para que você possa descansar. - Ally me disse, se aproximando de onde eu estava e acarinhando levemente os meus ombros.

- Prefiro ficar, Ally; ainda não falei com o pneumologista responsável pelo caso dela hoje. - Disse, cruzando novamente as minhas pernas. Ally pigarreou.

- Lauren, Dinah já está lá em baixo, junto com os pais de Camila; mesmo que não queira ir para sua casa, desça até lá e fique com eles, por favor.

Ninguém era autorizado a estar nesta ala do hospital além de funcionários, admito que venho me aproveitando disso nestes dias, já que me apavora o fato de deixar Camila aqui sozinha por qualquer espaço de tempo que fosse.

- Tudo bem, Ally; eu vou até lá, mas não vou pra casa. Vou pedir para Taylor me trazer uma troca de roupa para eu tomar outro banho na sala dos médicos e continuar por aqui. - Ally acenou triste para mim, e seguiu corredor a fora. Me levantei e passei a caminhar vagarosamente até o elevador.

Camila não acordou. Teve uma parada cardiorrespiratória e desenvolveu uma infecção respiratória grave pela inalação da fumaça. Eu estava uma pilha. Apertei o número 0 no elevador para ser levada à recepção e a sala de visitantes do hospital, me recostei na porta metálica e respirei fundo, voltei minhas mãos para os bolsos em meu jaleco e me coloquei a distrair a minha mente para não chorar mais uma vez.

As portas se abriram e eu caminhei fitando os meus tênis até a sala reservada para os visitantes; era a primeira vez que eu me encontrava com os pais de Camila nesta situação, após o que houve com ela; até então estávamos trocando apenas telefonemas.

- Boa tarde, Sr. E Sra. Cabello, boa tarde Sofi. – Abracei Sofia e lhe beijei a bochecha, peguei na mão de minha sogra. – Estou fazendo tudo o que posso. – Meus olhos não puderam evitar a lágrima que escorreu. – Ela ainda não acordou.

- Deus é bom, Lauren. Mi hija vai voltar tão forte quanto estava a cinco dias atrás. - Alejandro me disse, juntando a sua mão por cima da de Sinu que segurava a minha.

- Nós temos o melhor pneumologista da Flórida, vou pedir para que ele explique melhor a vocês o quadro dela, está bem? Eu já não estou conseguindo racionar tão bem assim para lhes passar todas as informações importantes, mas juro que estou aqui o tempo todo, olhando tudo de perto.

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