My Emergency

Home is where the heart lives

POV CAMILA

- Milk, desça já daí! – Respirei fundo, fitando a cara de despreocupado que o gato de Sofia me lançava enquanto lambia sua pata, sentado confortavelmente no galho mais alto da enorme árvore do jardim da casa de meus pais.

Lauren me sustentava em seus ombros enquanto, em vão, tentávamos resgatar o gato, a pedido de Sofia. Milk já tinha certa idade, e nunca havia gostado de mim.

- Precisa falar fofo com ele, Mila, senão ele não vai descer. – Sofia disse de baixo, e mesmo estando sem visão alguma do rosto de Lauren por estar montada em suas costas, soube no mesmo instante que ela havia soltado uma risadinha abafada nesta hora. Revirei os meus olhos.

- Vamos, Milkzinho, venha com a Kaki. – Disse, e até mesmo o gato parecia estar rindo da minha cara. Bufei, dizendo em seguida. – Ele me odeia, Sofia, eu desisto. Vamos esperar Dinah chegar, ela deve conseguir fazê-lo descer.

- Mas ele não pode passar tanto tempo aí, Mila; já é de noite, ele vai congelar. – Era véspera de Natal e tudo estava pronto para o nosso jantar, até que Milk resolveu que nos faltava um pouco de adrenalina para esta noite de inverno. Sofia já tinha os olhos cheios de água quando Lauren disse:

- Desce, Camz. Vamos inverter, eu vou tentar pegá-lo. - Segurou em minhas duas mãos e se abaixou, me ajudando a descer de seus ombros. – Acha que consegue me aguentar?

A olhei com a língua entre os dentes. Lauren era, de fato, um pouco mais forte do que eu. Sabia que poderíamos simplesmente pegar a escada no sótão, mas também sabia que minha mãe nos mataria se desorganizássemos qualquer coisa na casa, que já estava pronta para receber a todos que viriam.

- Este gato é homofóbico, babe, vai te ignorar como fez comigo. – A disse, fazendo-a rir. Completei: – E quanto a te levantar, você sabe que eu aguento. – Pisquei para ela, para que se recordasse de alguns dias atrás quando eu havia a suspendido na bancada da cozinha de sua casa. Não demorou para que as bochechas brancas se tornassem cor de rosa, mas ela diria, certamente, que era devido ao vento frio que nos atingia.

Subiu em uma mureta para ter apoio suficiente e logo estava sob os meus ombros. Suas coxas eram quentes ao redor de meu pescoço e o peso que dela provinha quase não era sentido por mim devido às outras sensações que carregá-la daquela forma estavam a me causar.

- Desça, Milk, você está deixando Sofi muito triste. – Lauren disse, e eu poderia apostar com que fosse que o gato deveria estar rindo da cara dela como fez da minha. – Isso, amiguinho, chegue um pouco mais perto para que eu consiga te pegar.

Só pude ver Sofia comemorando e, logo depois, Lauren pedindo para descer, pois já tinha o gato em mãos. Olhei incrédula para cima, enquanto Lauren apenas dava de ombros para mim e estendia o gato à minha irmã.

- Você é a melhor, Laur! – Sofia pegou Milk no colo, e Lauren desceu de meus ombros sem muitas dificuldades. – Viu, Mila, meu gato não é homofóbico. – Me mostrou a língua e deu um beijo na bochecha de Lauren, se encaminhando para dentro da casa enquanto amassava o bicho num abraço apertado.

- Não estou acreditando que até o gato é apaixonado por você. – Eu disse, levando os meus braços para que rodeassem o pescoço dela. – Quer dizer, meus pais e minha irmã te amam; devo me preocupar com o fato de provavelmente haver muitas mulheres caindo de amores aos seus pés por aí? – Beijei a ponta gelada de seu nariz enquanto ela segurava minha cintura com as duas mãos e ria baixinho para mim.