Storm

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POV CAMILA


- Pulso voltando, Dra. Cabello. Vias aéreas desobstruídas, saturando em 63.

Após realizar oito incessantes minutos de compressões torácicas, o homem caído na areia havia voltado. O ferimento provavelmente causado por arma de fogo em sua cabeça fazia, a quem o olhasse, parecer impossível de sobrevier; mas eu ainda não havia perdido as minhas esperanças para ele.

- Certo Victor, inicie a ventilação manual. – Disse, num fio de fôlego após tanto esforço para mantê-lo vivo.

- Vamos posicioná-lo na maca e removê-lo à ambulância; se a saturação se mantiver baixa, você terá de intuba-lo no caminho até o hospital. – Dinah disse, enquanto eu, rapidamente, limpava o suor de minha testa oriundo da massagem cardíaca que havia realizado há pouco.

Rapidamente e em conjunto com Dinah, enquanto Victor ventilava manualmente o rapaz desacordado, passamos a prancha para a maca e levantamos a mesma, empurrando-a até a ambulância e travando-a quando a mesma já se encontrava dentro do furgão.

- Estamos bem longe de qualquer hospital, Dinah; preciso intuba-lo agora mesmo ou o perderemos. Diga à Bob para seguir depressa até o Miami Heart Emergency e avisa-los pelo rádio que o rapaz precisará ser operado imediatamente. – Disse, me apressando em trocar as luvas que vestia por luvas limpas para iniciar a necessária intubação do homem enquanto Victor seguia o ventilando manualmente.

Em poucos segundos, Dinah já estava de volta à traseira do veículo e o mesmo já se encontrava em movimento.

- 200mg de propofol, Dinah. Estou com o equipamento pronto. - Precisa e rápida, Dinah tinha o acesso venoso aberto em alguns segundos; administrou o sedativo e realizou as amarrações necessárias ao corpo do rapaz para que ficasse fixo durante o procedimento. – Certo, vamos iniciar.

Victor deixou de lado o respirador manual para que o laringoscópio fosse posicionado na cavidade oral do jovem homem que tentávamos salvar. Os óculos de grau em meu rosto escorregavam levemente devido ao suor e tensão que aquele ato me proporcionava; sabia que a pouco tempo atrás era eu quem havia sido intubada e sabia, também, como isto, para muitos, era a última saída.

- Tubo posicionado, qual a saturação? – Questionei, enquanto via de relance Dinah distribuir os eletrodos pelo peito descoberto do homem ali deitado.

- 71 e subindo, Mila.

- Ótimo! – Respondi. – Você vai viver, amigo. – Olhei para o rosto pálido e repleto de sangue com esperança e lembrei novamente do porque havia escolhido esta profissão.

O início da manhã fazia o azul alaranjado do céu quase capaz de anular o som do trânsito da cidade. Podia enxergar, pela janela da ambulância, a luz do dia a se consolidar. Divagar sobre como a vida pode nos surpreender se tornou parte essencial do meu ser; mal poderia imaginar a quantidade de surpresas que o destino havia me reservado para esta vida. Havia encontrado tanto sobre mim nas ondas do mar desta cidade, nas calmas e nas furiosas; trouxeram-me o amor mais forte de todos os tempos; fizeram-me sobreviver para, assim, vivê-lo.

Sentia-me voar ainda que estivesse com os pés bem colados ao chão. Olhava os olhos de Lauren e desejava ficar, permanecer, nunca deixar. O doce gosto de liberdade que ela proporcionava ao meu ser era supremo, divino; e cada segundo viva ao seu lado era como se o existir todo valesse a pena, por si.

- Mila?- Dinah me chamou de seu lugar, do outro lado da maca que estava em nosso meio. Desviei o olhar da janela e fitei-a, numa resposta silenciosa ao seu chamado. – Não sente vontade deixar de trabalhar a noite? Passar mais tempo com Lauren e tudo mais?

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