I see fire

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N/A: A música do capítulo é uma das mais lindas do Ed Sheeran, I see fire. Se puderem escutar, ficarei muito feliz ;)


POV CAMILA



- Dinah, anda, continue aqui com a respiração manual enquanto eu vou lá para dentro para ajudar no resgate de mais vítimas.

Estávamos atendendo um incêndio numa área de floresta de Miami. Algo como uma colônia de férias estava em chamas e isto demandou praticamente toda a nossa equipe de socorro médico. O corpo de bombeiros também estava ali, porém, as proporções do incêndio ainda eram grandes demais. Dinah entrou na ambulância e tomou de minha mão o respirador manual, não parando de bombeá-lo em nenhum momento.

- Mila, não acho que seja uma boa ideia você entrar. Esse é um trabalho para o corpo de bombeiros, o seu trabalho é aqui, atendendo quem já foi resgatado, garantindo que permaneçam vivos. - Bufei. Escorria suor pelo meu pescoço, eu estava repleta de adrenalina, pronta para usá-la.

- São poucos agentes e muitas vítimas, DJ. Qualquer ajuda ali é bem vinda, as coisas estão sob controle por aqui, prometo que volto logo e inteira. -

Dinah negou com a cabeça enquanto eu corria para o outro lado da faixa de isolamento, sei que só não veio atrás de mim pois não poderia largar o respirador do paciente. Gritos de diversos tons eram audíveis para quem estava do lado de fora do local. Havia um grande galpão de três andares onde funcionava o hotel totalmente perdido em chamas que já alcançavam 3 ou 4 metros de altura. Três caminhões pipa de combate à incêndios do Corpo de Bombeiros de Miami trabalhavam para cessar as chamas, mas, naquele momento, pareciam não serem o suficiente.

Eu estava a decidir por onde eu entraria no prédio quando eu escutei, em meio a tantos outros gritos, alguém dizendo, aos prantos: "Por favor, salvem os meus bebês, por favor."

Ok, Camila, você quis ajudar, agora você arca com as consequências disso. Procurei em minha volta a dona daquele pedido desesperado. Ela estava sendo contida por alguns agentes, prestes a ultrapassar o cordão de isolamento do local, com um cobertor envolto em suas costas, já havia sido resgatada. Corri até ela.

- Eu sou a Dra. Cabello, senhora. O que aconteceu? A senhora está bem? - Pedi que os policiais a soltassem. Ela chorava muito.

- Meus filhos. Por favor. Meu marido já está morto, salvem os meus filhos, por favor.

- Onde eles estão, senhora? Me diga, eu vou tentar ajudar.

Ela se embaralhava por entre as lágrimas. Quando enfim conseguiu falar, senti como se aquela missão fosse dada para mim, que, se não fosse pelas minhas mãos, essas crianças não conseguiriam sair vivas dali:

- Quarto 212, segundo andar. Eles estavam dormindo. Por favor, doutora. Por favor.

Acenei positivamente com a cabeça, vi os dois policiais me repreenderem, mas ignorei; me coloquei a correr para dentro do prédio em chamas. Agarrei algum cobertor pelo caminho, esse seria meu único acessório contra o fogo. No hall do prédio ainda era possível entrar, mas, a partir das escadas que levavam ao primeiro andar já se observava que era impossível estar naquele ambiente.

Eu não poderia dar essas crianças como mortas antes de tentar localiza-las. O comandante do corpo de bombeiros que estava no hall de entrada com uma das mangueiras tentando combater as chamas até tentou me impedir.

- O resgate às vítimas foi encerrado, doutora, não há mais ninguém vivo dentro desta fornalha. - Ele disse, mas antes de qualquer movimento dele eu já estava me jogando na escada em chamas que me levou a um labirinto de fogo que era o primeiro andar; o piso estava cedendo e eu tive de saltar por entre algumas vigas para alcançar o que um dia já foi a porta de acesso as escadas de incêndio do prédio.

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