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Minhas malas já estavam prontas, todos os meus pertences guardados, e tudo o que realmente era importante preparado para a mudança.

Estava com sacolas de roupas para doação.

Sn: Mãe, já volto. Vou levar essas roupas para a Cláudia doar.

Antes que minha mãe pudesse responder, eu já estava saindo em direção à casa da Cláudia. Moro no morro, então tive que atravessar becos e vielas.

Laranja: Oi, Sn. Vai entrar no corre?

Sn: Vai pra lá, bagaço. Já falei que não uso minha força para isso. - Laranja é meu amigo, mesmo tendo entrado para o corre, ainda mantemos contato.

Ele começou a andar ao meu lado.

Diego: Pois devia considerar a proposta. - O dono.

Sn: Foi mal, Diego. Já falei NÃO, mas vocês não escutam, né? Eu não moro mais aqui a dois dias. Então, não rola.

Diego/Laranja: Como?

Sn: É, boy. Eu vou embora. Querer, não queria, mas se a dona Cíntia quer ir, então vamos.

Eles me olharam espantados. A Cláudia estava em frente à casa dela, então nem falou comigo, só pegou as sacolas e deu as costas.

Sn: Andar com vocês é só para queimar minha imagem, hein? Olha o povo até mudando o rumo...

Dei risada. Afinal, somos amigos desde pivetes. Lembro quando jogávamos Betes nas ruas. A brincadeira de polícia e ladrão subiu de nível, hoje eles estão na vida "errada" e eu sou uma civil marginalizada.

Diego: Vai catar piolho na cabeça de um careca, Sn! Eles estão mudando de calçada porque têm mais medo de você do que da gente que é do crime. - Ele debocha da minha cara.

Sn: Seu rabo! Eu sou a pessoa mais inofensiva dessa quebrada.

Laranja: Bom... semana passada o povo da outra quebrada desistiu da invasão depois que descobriu que você mora aqui.

Sn: Que absurdo... eu nunca agredi ninguém na rua, nunca humilhei ninguém, nem mesmo bati em bandido!

Diego: Tá, e eu sou cana. - Ele gargalhou. - Sn, você bateu em VINTE garotas só por estarem zoando a aparência de uma menina, quebrou dois assaltantes lá em Ipanema, humilha o Laranja toda hora, tirando quem tenta te rebaixar. Não sei como você ainda não foi presa por desacato à autoridade. Já se esqueceu do policialzinho do BOPE que você humilhou até em japonês só por ter dito que mulheres como você eram fracas e se abriam para qualquer um?

Sn: Tá, chega. Você ganhou, satisfeito?

Diego: Super.

Sn: Vem cá, não era você que tinha que botar medo no povo? Tipo, você é o Fênix, o dono do morro, o cara que manda na porra toda, e EU, uma moradora, tenho mais presença que você.

Ele passou o braço pelo meu pescoço.

Diego: Você é a que mais dá medo nesse mundo... mudando de assunto... vão se mudar para qual bairro? Tem que ser um foda, senão vou lá chorar para a tia para vocês ficarem.

Sn: Vou para o Japão... lá na puta que pariu...

Laranja: Agora eu botei fé! Não acredito, minha única amiga vai pro exterior, melhor ainda, vai morar no Japão, onde sempre falamos que iríamos morar.

Diego: Aí eu dou valor, sempre soube que você nasceu para viajar o mundo. Japão é só o começo.

Eles estavam sorrindo, mas dava para ver que estavam tão tristes quanto eu.

Sn: Olha... só estou indo para não deixar minha mãe sozinha. Mesmo ela tendo o Pedro, ainda tenho que cuidar deles como prometi ao meu pai... e vocês sempre estarão em meus pensamentos...

Quando eu ia chorar, eles me abraçaram. Que hilário, dois bandidos que trocam tiro uma vez por semana aqui chorando porque eu vou embora...

Laranja: Vai que dia?

Sn: Depois de amanhã.

Acabei indo com eles para minha casa. Minha mãe estava arrumando as coisas.

Diego/Laranja: Oi, tia Cíntia.

Mãe: Oi, meninos. Que maravilha, agora que vocês dois rapazes fortes estão aqui, vão me ajudar a arrumar isso.

O "isso" da minha linda mãe era desmontar uma estante... e lá foram eles ajudar ela.

Acabamos por desmontar todos os móveis só com a ajuda deles. Minha mãe vendeu todos os móveis. Ela conseguiu um trabalho lá e o trabalho fornecia casa mobiliada, então isso foi muito bom.

Beijos beijos. Até o próximo capítulo

Tokyo Revengers e a brasileira Onde histórias criam vida. Descubra agora