2

3.4K 270 148
                                    

E lá fui eu me despedir do professor e colegas de capoeira. Nunca estive tão feliz em trocar de escola na minha vida.

Para a minha surpresa, quando cheguei no barracão de treinamento, estava tudo decorado. Um letreiro dizia: "Você vai, mas uma parte fica."

A decoração estava toda para mim… Meus olhos marejados por ter que deixar um lugar que me faz tão bem.

Último treino, última vez que vejo eles… Parei de pensar para não chorar. Nem sou emotiva, mas meu período está perto, então complica minha vida. Fico toda melosa.

Acabei saindo mais cedo, pois queria ir a Ipanema uma última vez.

Moto eu não tenho, carro também não, mas fui abençoada com saúde. Fui andando, tomei uma água de coco, olhei o mar. Também não fiquei muito tempo na praia, fui comprar algumas coisas, itens de sobrevivência total pra mim.

Graças aos meus belos cachos, tenho que fazer um estoque de creme, e isso custa um rim. Pelas minhas pesquisas, no Japão você não acha cremes para meu tipo de cabelo a cada esquina, então melhor prevenir do que chorar depois.

Como minha mãe já tinha o endereço da nova casa, eu comprei muita coisa pelo site. Acho que ao todo fiquei pobre… Não acredito que gastei quase mil reais em creme… E eu julgando as meninas da minha sala.

Sn: Cheguei! - Gritei ao abrir a porta. A casa estava em um silêncio total.

Achei estranho, até olhar meu celular e ver uma mensagem do Pedro avisando que eles foram comprar mais duas malas…

Tomei um banho e, quando saí, alguém parou na porta.

Sn: Já vai! Que merda, quem é o merdinha que aparece no barraco dos outros a essa hora? Deve ser um retardado.

Quando abri a porta, não era um retardado e sim dois.

Laranja: Trouxemos pizza!

Sn: Vocês não têm uma biqueira pra vigiar, não?

Diego: Para de ser chata.

Sn: Só não coloquem droga nas minhas coisas, não quero ser presa.

Eles levaram como brincadeira, mas eu estava falando sério. Esses dois marginais têm essa capacidade.

O Laranja estava com duas caixas de pizza e o Diego com guaraná.

Sn: Eu amo Vensetex.

Laranja: Eu queria Tubaína, mas a tia Ju não tinha… - Ele fala em derrota. - Tem mais uma sacola com amendoim e paçoquinha, esses são para você levar para o Japão.

Sn: Eu já tinha esquecido de comprar porcaria para comer lá…

Quando sentamos no chão para comer, minha mãe chegou com lanches.

Pedro: Se eu soubesse que os marginais iam trazer pizza, não tinha gastado meu dinheiro suado com ela…

Diego: Marginal é sua irmã.

Laranja: Exato!

Dei um tapa na nuca deles.

Sn: Vão ver se eu tô na esquina, vão.

Minha mãe só ria. Diego já é maior de idade, Laranja e eu ainda temos 17 e meu irmão 15.

Ainda lembro de nós quatro descendo de carrinho de rolimã. Meu pai quem os construía para a gente. Quantas pipas ele não arrumou para que pudéssemos soltar… as idas à praia…

Saudades do meu herói. Infelizmente, os policiais, como sempre, falaram que a marmita dele tinha droga. Nisso, foram 16 tiros no seu corpo… na nossa frente…

Desse dia em diante, Diego entrou para o crime, e o Laranja entrou em seguida. Eles ainda me perguntam por que eu não assumi a liderança do morro, já que eu tinha mais motivos que eles para querer matar alemão.

No fundo, nem eu sei a resposta. Só acho que não era essa a vida que ele iria querer para mim. Essa não era a vida que ele queria para a gente.

Beijos beijos, até o próximo capítulo ✨

Beijos beijos, até o próximo capítulo ✨

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Tokyo Revengers e a brasileira Onde histórias criam vida. Descubra agora