3:10 da madrugada.
Estava tudo pronto para a nossa ida. Quando fechamos a porta, minha mãe entregou a chave para o Diego.
Mãe: Por favor, aluga ela, mas não para ponto de drogas, viu? Aluga para alguém que realmente precisa.
Diego: Pode deixar, tia. Jamais deixaria sua casa virar um ponto de drogas. - Minha mãe o abraçou, e ele retribuiu. - Vá com Deus, dona Cíntia. Eu te amo como se a senhora fosse minha mãe. Não esqueça seus filhos da rua, viu?
Mãe: Jamais esquecerei meus outros dois filhos. A tia também ama vocês. Se cuidem. - Ela beijou a bochecha dele e foi abraçar o Laranja, que já se encontrava chorando.
Laranja: Se a senhora não gostar de lá, é só ligar que eu mesmo pago as passagens, tia. Vamos sentir saudades. - Ele sempre teve um coração enorme e é uma manteiga derretida.
Abracei o Diego.
Sn: Se cuida, candango. Não deixa o morro pegar fogo e avisa que aqui é minha quebrada e volto do inferno para pegar quem falar o contrário. Não se meta em confusão, não olhe para mulher casada, não arrume briga com os mendigos. Vou sentir saudades. - Ele me abraçou mais forte.
Diego: Pode deixar. Não compre brigas que não são suas. Deixe que quem arrumou a confusão resolva. Você sabe que só pode comprar brigas quando a pessoa está em desvantagem e é mais fraca. E tenha mais paciência. Te amo, peste.
Sn: Também te amo.
Agora eu choro. O Laranja já me olhava com olhos marejados.
Abracei ele sem falar uma única palavra, não precisava, nós nos entendemos só de nos olhar.
Laranja: Você é o amor da minha vida, minha melhor amiga. Se acontecer alguma coisa, me avisa que eu broto lá para deixar eles carecas.
Sn: Também te amo.
Tiros para o alto, gritos falando tchau e boa viagem. Nem todo bandido é mau e nem todo policial é bom.
Isso eu aprendi morando 17 anos na favela.
Na parte de baixo da favela, o Uber estava nos esperando. E lá fomos nós para o aeroporto.
Nosso voo saia às 4:25; agora são 3:30 e sobra tempo para chegarmos lá.
Não demoramos muito, não tem trânsito na madrugada, isso facilita a vida do cidadão brasileiro.
Sabe o significado de deserto? Então, era assim que o aeroporto se encontrava.
Comprei um cappuccino e dois cafés. O cappuccino é do "madame" Pedro e o café adoçado é da minha mãe. Eu não gosto de café adoçado, então o meu é um bom e puro café preto.
Pedro: Esqueci de falar haha. Sn, a mãe comprou dois fardos de café pelo site e mandou para a nossa nova casa hahaha.
Sn: Não creio hahaha.
Mãe: Vocês dois não querem ir catar coquinho no mato, não?
Nossas malas já foram despachadas, estávamos só com malas de mão. Dividimos as malas de mão em mala com eletrônicos, mala com comida e mala com itens de higiene.
Preparando meu psicológico para 32 horas de viagem. Baixei alguns filmes em japonês para treinar mais um pouco minha audição.
Pedro: Sn, you speak English?
Sn: Eu spreds. - Minha mãe engasgou com o café e meu irmão até chorou de rir.
Claro que eu sei falar inglês. Não sou tão boa assim, mas sei me virar bem. Como meu pai sempre dizia: "Aprenda um pouco de tudo se quiser sair do morro para ter uma vida melhor", e eu fiz o que ele falava.
Minha mãe e irmão sabem falar melhor que eu, ela porque tem que trabalhar com gringo diariamente e meu irmão a acompanhava. Eu não gosto muito do inglês… prefiro o português mesmo, assim como o japonês.
Sou da favela, mas amo um anime, e era um sonho meu e do Laranja morar no Japão.
Beijos beijos. Até o próximo capítulo ✨
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Tokyo Revengers e a brasileira
FanfictionUma jovem carioca se vê obrigada a se mudar para Tóquio. Relutante em começar uma nova vida em um país diferente, ela decide seguir em frente por amor à sua mãe, que é mãe solo e cuida dela e de seu irmão. Desde pequena, a garota aprendeu a se virar...