Capítulo trinta e quatro

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Iara

Eu quase me ajoelho agradecendo quando a apresentação acaba, nem mesmo acredito que dei tudo de mim. Após ver o Carlos na primeira fileira eu já fiquei nervosa, e tudo piorou ao vê-lo bravo quando o Maicon dançou comigo.

Eu forço um sorriso para as pessoas e tento correr para o camarim, eu me troco o mais rápido que posso e mando uma curta mensagem para o Carlos perguntando onde ele está, mas não obtenho resposta. Fico apreensiva e com medo, não sei o que esperar dele.

"Amiga, você foi incrível!" Suelen aparece e sorri me abraçando, sorrio amarelo e a encaro nervosa "O que?"

"O Carlos está aqui, ao menos estava..." murmuro e a conto brevemente do ocorrido.

"Iara, o que vamos fazer, chamar a polícia?" suspiro e nego.

"Eu vou procurá-lo, ele estava irritado e..."

"Amiga, vocês terminaram, ele está casado e não é com você!" as suas palavras me fazem voltar para a realidade e assinto ignorando o aperto em meu peito.

"Sim, está certa" sussurro engolindo o choro e olho ao redor vendo os demais bailarinos entrarem no camarim. Eles comentam de sair para comer e mesmo eu não querendo, me forço a aceitar. Preciso recomeçar e isto inclui claramente em apagar o Carlos da minha vida, ao menos como homem. Ele é o pai do meu bebê e nada além disto!

"Você está linda, o cabelo e maquiagem estão incríveis" Lorena, uma bailarina diz e sorrio fraco a agradecendo. Aos poucos o pessoal sai e os sigo lentamente, escuto a Suelen e a Lorena conversarem sobre os figurinos e olho ao redor checando se o Carlos não está, mas o vejo encostado em um carro branco. A sua expressão continua raivosa e logo entendo o motivo, Maicon está ao meu lado e nem percebi.

"É o Cadu?" escuto uma das meninas dizerem e suspiro "Ele casou hoje com a Vanessa, vi no Instagram dela. O que será que aconteceu? Ela está aqui também?" forço os meus passos para não escutar mais sobre e entramos na Van, eu apenas olho para a Suelen que logo entende e me devolve um olhar assustado.

"Ele não vai parar, nunca!" diz apenas para eu ouvir e balanço a cabeça.

"Ele precisa, temos nada, não mais!"

"Não se esqueça do bebê, amiga, ele pode agir de maneira baixa" balanço a cabeça e cruzo os braços.

"Ele aprenderá o lugar dele, deixei claro como seria, não há inocentes!" digo firme e viro o rosto para a janela encerrando o assunto.

Sinto o meu celular vibrar em meu colo e nem mesmo perco tempo em saber do que se trata. A viagem até o restaurante é curta e logo descemos, sinto a Suelen segurar a minha mão e apertar.

"Ele está ali" o frio na espinha é real em meu corpo e sei que o que preciso fazer.

"Eu já volto" solto as nossas mãos e Suelen nega desesperada "Ele não vai embora antes de conversar comigo, irei resolver isso não se preocupe!" finjo estar tranquila, mas estou bastante nervosa e assustada.

Eu reconheço o carro e lentamente me aproximo, a porta é aberta e suspiro cedendo e entrando. Carlos faz menção de ligar o veículo, mas sou rápido e tiro a chave o pegando desprevenido.

"Não, eu não sairei daqui!" falo firme e jogo a chave em seu colo.

Carlos suspira e soca o volante me fazendo engolir em seco.

"Que porra, Iara! Você entrou no caralho do balé para ter um filho da puta passando a mão em seu corpo?" a minha mão direita atinge o seu rosto e o alto estalo ecoa no carro.

"Nunca mais fale desta maneira comigo, Carlos, ou melhor, não fale comigo!" as minhas mãos trêmulas forçam a maçaneta e vejo Carlos apertar o botão nos trancando.

"Me bata, faça o que quiser, mas não vai sair daqui até resolvermos esta porra!" eu viro o rosto para a janela e permito as lágrimas silenciosas escorrer por minhas bochechas "Eu apenas perco a cabeça" diz baixo e continuo o ignorando "Eu falei o que não deveria, eu sei, mas caralho, eu não suporto outra pessoa além de mim tocar em seu corpo que foi e é apenas meu!" sinto o seu toque em minha coxa esquerda e me encolho me afastando "Iara..."

"Me deixa em paz!" digo ainda sem olhá-lo "Eu não quero que me persiga como tem feito, você tem a sua vida e eu tenho a minha" Carlos ri sem humor e segura o meu queixo me forçando encará-lo.

"Pensa que será assim? Você está carregando algo meu, Iara, e eu já te falei que posso agir da maneira difícil. É o que quer, ter o meu pior lado?" os seus olhos sombrios me faz estremecer e engulo em seco "O meu filho eu posso pegá-lo para mim no momento que eu desejar..."

"Não!"

"Sim, eu posso fazer o caralho que eu quiser!" a sua mão toca em minha nuca e cola os nossos rostos me fazendo estremecer "Ande na linha e faça o que me agrada, estou tentando seguir os seus passos, mas se me fizer de palhaço você terá problemas!" eu viro o rosto quando ele tenta me beijar e sua boca toca em minha bochecha "Facilite, eu não pretendo ser ruim para vocês, não quero, então não me force!"

"Irá me fazer te odiar" digo em um fio de voz e Carlos ri sarcástico cheirando o meu pescoço e deixando um demorado beijo no mesmo.

"Eu não me importo com isto, você sabe que é minha mesmo que tente negar em mil maneiras. Eu não erro, Iara, você ama o nosso filho e será capaz de tudo por ele, assim como eu sou capaz de manter vocês dois comigo!" Carlos puxa levemente o meu cabelo me fazendo suspirar e o mantenho afastado pelo peito.

"Não me toque, me respeite, Carlos, eu te... pedi isso" forço a minha voz a sair e lentamente ele se afasta me permitindo voltar a respirar "Abra a porta."

"Para você ver o filho da puta?" suspiro e o encaro firme.

"E se for? Eu sou livre, solteira, faço o que eu bem entender e..." paro de falar ao reprimir um grito quando Carlos soca o painel do carro causando um forte barulho.

"Não me teste, Iara!" diz entredentes e engulo em seco.

"Eu... apenas estou dizendo a verdade" sussurro e forço a minha voz a sair "Nós já conversamos, o que temos em comum é o bebê, nada além disto!"

"Não vai se livrar de mim, nunca!" diz firme e estremeço com o tom de sua voz "Eu tirarei a vida de cada filho da puta que se aproximar de você, e trancarei você e o meu filho longe de tudo e de todos até quando eu decidir que devo!" engulo em seco procurando algum blefe em seu olhar, mas Carlos não é do tipo mentiroso, ele realmente não é!

"Abra a porta, a nossa conversa acabou!" tento desviar o assunto e sou segurada rudemente pelo queixo.

"Eu saberei de cada passo seu, Iara, ouse, apenas ouse agir como uma vadia."

"Me solte, imbecil!" eu tiro as suas mãos de mim e seguro as lágrimas bobas "Eu não quero olhar para a sua cara, Carlos. Olhe, espero do fundo do meu coração que você fique trancado em sua casa com sua esposa e me deixe em paz, idiota!" aperto o botão destrancando o carro e sou rápida em sair do mesmo.

Carlos não vem atrás e agradeço este gesto, neste momento sou capaz de empurra-lo em frente de um carro.

"Eu não quero conversar" murmuro quando me sento ao lado de Suelen e ela apenas balança a cabeça respeitando.

Eu passo a mão em meu rosto e me ajeito na cadeira sentindo a minha cabeça rodar, aperto a mesa e fecho os olhos me sentindo mal.

"Iara, você está pálida, Iara!" Suelen diz e estranhamente a sua voz fica distante até que vejo mais nada. 


Eita, Carlos!!!

Relembrando que, os meus romances abordam relacionamentos ABUSIVOS, então aos novos leitores, não esperem um mocinho.

Deixe-me saber o que acharam e até <3

A droga do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora