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Andressa

Acordei completamente sem vontade de levantar da cama diante do friozinho que estava no quarto.

Levei o lençol até o rosto, afundando no travesseiro enquanto um resmungo deixava a minha boca. Não era o meu quarto. Mais uma vez eu estava acordando em sua cama e, mais uma vez, queria repetir tudo de novo só de lembrar.

Levantei da cama em um pulo, indignada com os meus pensamentos assim que despertei.

Catei os meus pertences que estavam espalhados pela cama e ao redor dela, saindo assim que ajeitei tudo.

Ao olhar o estado que estava a casa, quase tive vontade de correr para o meu quarto e me esconder debaixo das cobertas.

Como o esperado, estava uma bagunça.

Fui até a cozinha afim de preparar algo para comer ou só tomar um café. Assim que o fiz, fui em direção ao portão após ouvir a campainha tocar.

Ajeitei a roupa e cabelo, me perguntando quem era a essa hora da manhã — última vez que olhei no celular eram dez horas —,  quando abri, sorri aliviada.

Andressa: Bom dia, Lúcia! — desejei, lhe dando um abraço.

D. Lúcia: Bom dia, minha fia. — Dei espaço para que entrasse. — Danilo me ligou hoje cedo me pedindo pra vir aqui dar uma geral na casa.

Assenti aliviada por ter alguém para me ajudar a limpar toda essa bagunça.

Andressa: Graças a Deus, porque essa casa está uma bagunça!

Lúcia não pareceu nem um pouco surpresa ao ver o estado da casa, só então me liguei que provavelmente aquela não era a sua primeira vez fazendo isso.

Terminei de tomar o meu café rapidinho e já fui lhe ajudar a ajeitar as coisas. Fiquei com a parte de fora, banheiro de cima. D. Lúcia com com a sala, banheiro de baixo e a cozinha. Bom, isso depois de muito esforço da minha parte pois, se dependesse dela, eu não faria nada.

Depois que limpamos tudo após algumas horas, tomei um banho e desci para almoçar. Estava na cozinha colocando o meu prato na bancada quando a pequena senhora a adentrou afim de fazer alguma de suas coisas.

Andressa: Você trabalha em outras casas? — perguntei puxando assunto.

D. Lúcia: Antigamente eu até trabalhava, mas desde que eu vim trabalhar aqui com o Danilo, não precisei mais me desgastar limpando diferentes lugares toda semana — assenti esticando os lábios, olhando para o meu prato.

Andressa: Fico feliz em saber. Pelo pouco que te conheço, sei que você merece tudo de melhor na sua vida! — dessa vez, foi a vez dela sorrir para mim. — Você me lembra a minha avó. — Comentei nostálgica.

D. Lúcia: Foi ela quem te criou? — confirmei, levantando a cabeça para lhe olhar. — Ela fez um bom trabalho. — O sorriso presente em seu rosto que transmitia ternura e esticava todas as linhas de expressão no seu rosto, me lembrou ainda mais a minha avó.

De repente, meus olhos se encheram de água. Estava completamente emocionada.

Ninguém nunca havia falado que a minha avó — minha única figura materna —, havia feito um bom trabalho comigo.

Lembro até hoje quando a minha tia descobriu o que eu fazia na calada da noite e aproveitou a oportunidade para despejar todo o seu ódio e desprezo que sentia por mim.

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