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Danilo

Observei ela de longe, na pista, rebolando e descendo até o chão com as amigas.

A filha da puta parecia mais linda à cada dia. Ou melhor, toda vez que nós brigávamos.

Como sempre, não me lembrei do vacilo que eu tinha dado na festa da praia, mas, no dia seguinte, os caras fizeram questão de refrescar a minha memória.

Menos o GB.

Eu juro que o desgraçado ficou me ignorando o dia inteiro, até que eu chamei ele em um canto e mandei um papo reto, dando liberdade pra ele me esculachar, o que foi dito e feito.

Ouvi pra caralho, mas também refleti.

Eu não era um viciado, pelo menos não me considerava um, mas as vezes eu precisava usar as drogas para fugir dos meus demônios. Sei que não justifica, mas é a verdade.

Entretanto, desde que a Andressa chegou, só sucumbi ao desejo duas vezes. De certa forma, quando estou com ela, deixo os demônios para outro plano. Quando dormimos juntos na noite em que fiquei bêbado, foi a primeira noite que não tive insônia.

Naquele dia, acabei sonhando com ela. Com nós. Não me lembro muito bem do que acontecia no sonho, só sei que era algo bom e que estávamos juntos.

Quando a abordei ontem no banheiro, não queria que as coisas terminassem daquela forma, mas a forma como a Andressa continuou com a guarda levantada e me atacando daquela forma como ela sempre faz, me deixou puto.

Sim, eu sei que vacilei de novo, acho que já está se tornando um ciclo vicioso.

GB: Eai vacilão, admirando o que perdeu? — chegou por trás de mim, passando o braço pelo meu ombro.

DN: Vai tomar no cu — resmunguei, os olhos ainda vidrados nela.

Hoje era o segundo dia de comemoração do aniversário do mano GB. Ele ainda continua sendo um otário comigo sobre a situação. Estou aguentando as suas alfinetadas desde o dia seguinte da festa na praia, ele não cansa e muito menos eu. Toda vez que ele fala algo, eu rebato com um xingamento.

Uma gargalhada deixou a sua garganta.

DN: Alguma atividade estranha na barreira ou no baile? — questionei, finalmente desviando o olhar.

GB: Não. — Suspirou, olhando para a pista. - Você sabe que o Cobra não vai parar até chegar nela, né?

DN: Se a gente continuar resistindo, uma hora ele vai desistir. — Tomei um gole da minha bebida, acompanhando o seu olhar.

GB: Se a Morena não desistiu até hoje, quem garante que logo ele vai fazer isso.

A Morena era outra rival minha. Acabei matando o pai e irmão dela em uma briga entre facções. Até hoje ela procura vingança contra mim e usa todos os seus recursos para tentar me fazer cair. São anos nisso e obviamente ela nunca conseguiu.

Mas não quer dizer que eu simplesmente fique na minha e a deixe tentando, até porque no dia em que os canas invadiu o morro, foi a mandado dela. O que a desgraçada falou pra fazer a polícia subir até hoje eu não sei, e também não fiz muita questão de investigar, só de descobrir que era ela por trás de tudo já bastava.

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