Andressa
Hoje já era sábado, o dia que eu iria visitar a Flávia. Estava ansiosa pra ver a cara da mandada.
Subi na moto do DN e me ajeitei, esperando que desse partida. Com uma arrancada, saímos rumo ao Complexo da Maré.
Chegando lá, paramos na barreira.
DN: Qual foi? — tirou o capacete, fazendo os caras desmontarem a pose, deixando a gente passar.
Subimos o morro, parando em frente a uma casa grande e bonita. DN buzinou e eu desci da moto, logo a Flávia saiu no portão com uma criança no colo.
Andressa: Que saudades!! — corri até ela, abraçando desajeitadamente já que a criança estava no meio.
Flávia: Eai, como você tá? — perguntou assim que nos afastamos.
Andressa: Estou bem, e você? — olhei para o menininho que me encarava curiosa com a mão na boca. — Oi neném! — me inclinei o pegando no colo, mas de repente ele começou a espernear em meus braços.
DN: Assustando a criança, Andressa? — finalmente deu um sinal de vida ao meu lado. — Iae coisa feia — cumprimentou a Flávia. — Iae titio — como uma mágica, a criança sorriu e esticou os braços para ir no seu colo.
Ele pegou o menino e eu fiquei com cara de tacho sem entender.
Flávia: Vamos entrar — chamou, dando espaço.
DN: Tem comida? — perguntou assim que entramos.
Arregalei os olhos levemente, mas não falei nada.
Flávia: Tem lasanha lá na cozinha — DN assentiu, colocando a criança em um tapetinho cheio de brinquedos, saindo para a cozinha em seguida.
Eu e minha amiga estávamos finalmente sozinhas, prontas para começar a fofoca.
Flávia: Você deu tanta sorte! — sorri de lado franzindo a testa levemente tentando entender.
Andressa: Como assim?
Flávia: O Danilo, nesse pouco tempo em que estou aqui, se mostrou uma ótima pessoa. Sempre vindo aqui e brincando com o Eduardo ou me ajudando com algumas coisas - sorriu. - Fico feliz de saber que você está em boas mãos.
Apenas balancei a cabeça, ainda tentando digerir tudo o que ela havia acabado de falar. Não duvido da capacidade do Danilo de ser uma boa pessoa, é só que... isso parece estar em uma realidade tão distante. Tipo, eu sei tão pouco sobre ele.
É como se os momentos que passamos juntos não fossem nada além de... momentos insignificantes.
Andressa: Quantos anos ele tem? — apontei com a cabeça para o tapete onde o Eduardo estava.
Flávia: Três anos.
Andressa: Ele já anda, né? - ela assentiu. — Você tá feliz?
Houve alguns instantes de silêncio antes que um acesso breve fosse feito.
Flávia: Acho que sim — desviou o olhar para o local onde o menino estava.
Toquei em seu braço, fazendo com que sua atenção voltasse para mim novamente.
Andressa: Se você quiser, posso conversar com o... — Flávia me interrompeu, balançando a cabeça.
Flávia: Tá tudo bem amiga, sério! — afirmou. — Lobão não é um dos melhores caras, mas acho que prefiro estar aqui do que voltar pra lá. Além de que, o Eduardo pode não ser o meu filho, mas eu já sou bem apegada a ele. Não seria capaz de o deixar sozinho. Ele precisa de uma figura materna na sua vida.
Fiquei em silêncio, reprimindo os lábios para segurar as lágrimas de emoção. Ao perceber, minha amiga se aproximou, me puxando para um abraço apertado.
Choramos abraçadas e eu nem sei descrever ao certo o porquê. Emoção? Saudade?
Flávia: Vamos conversar lá fora — balancei a cabeça em concordância.
Quando nos sentamos, juntamente com o Danilo que, já havia terminado de comer, voltamos a conversar sobre tudo. Dessa vez, com assuntos mais leves e engraçados.
Andressa: E você cuida dele sozinha? — indaguei, olhando para o Dudu que corria pelo quintal.
Flávia: Sim, mas em compensação eu praticamente nunca limpo ou arrumo a casa, essa parte fica para a moça que vem aqui toda semana ajudar.
DN: E a mulher da rua, ainda ta com aquele menor lá? — olhou para a minha amiga.
Flávia: Menino, eu acho que não. Esses dias e fui colocar o lixo na porta e vi ela aí conversando com outro já — levantou as sobrancelhas, balançando a cabeça. — Não sei como ainda não ficou careca.
DN: Ou levou um pau de fiel — coçou a cabeça. — Namoral, no dia que alguém vier pra bater nela você grava e me manda?!
Flávia: Com todo prazer!
Conversamos por mais algumas horas, até o decidirmos ir embora. Enquanto saímos, uma moto parou em frente a casa. O cara alto, moreno, tatuado e marrento desceu da moto e cumprimentou o DN.
Pela sua postura, logo deduzi ser o tal Lobão. Quando o mesmo me cumprimentou com um aperto de mão rápido, percebi que seu rosto me era familiar.
Após pensar sobre isso durante todo o caminho de volta, lembrei do dia em que fui à reunião com o Danilo e o cara que havia perguntado se eu era o seu novo brinquedinho, foi ele, o Lobão.
Ao chegarmos, agradeci ao DN e logo voltei para a minha caverna, vulgo o meu quarto.
•••
Na primeira versão, o Eduardo é filho do Lobão e da Flávia, mas acredito que tenha ficado confuso e sem sentido, então mudei. Como vocês leram, agora o filho é apenas do Lobão, mas a Flávia já o considera muito.
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Sobre Nós
Fanfiction🚨| EM REVISÃO! +16| Aos 3 anos de idade Andressa perdeu a mãe no parto e foi criada por sua avó, que infelizmente, morreu de câncer quando Andressa completou 10 anos... Após o ocorrido, a garota foi morar com os seus tios que não eram os melhores...