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Danilo

Acordei no automático. Quando olhei no celular, era seis e pouca da manhã. Levantei e fui tomar uma banho pra acordar, me vestindo logo em seguida. Quando desci, Andressa e Flávia estavam deitadas no colchão uma de frente para a outra, quase se beijando.

Balancei a cabeça em negação e fui tomar um café rápido, vendo uma mensagem do Lobão mandada cinco horas da manhã, perguntando se tava tudo certo aqui no morro.

Sabia que o que ele queria de verdade, era saber o que a mulher dele tava fazendo. Só respondi que tava tudo nos conformes.

Quando cheguei na boca, os moleques estavam tudo com cara de morto. Mano GB nem tinha chegado ainda. Deixei passar e comecei a resolver os negócios tranquilo, enquanto via o tempo passar.

GB: Eai, mano — bateu na minha mão, sentando ao meu lado.

DN: Fala tu — cumprimentei de volta, voltando a olhar os papéis.

GB: Passei lá na boca sete, tinha um nóia lá causando confusão.

DN: Matou?

GB: Foi cobrado. — Assenti.

Isso sempre acontece. Infelizmente é quase uma rotina. Os cara compra o bagulho e fica devendo, vai acumulando e quando vai ver, já tá debaixo da terra.

DN: Flávia dormiu lá em casa ontem — comentei após alguns instantes de silêncio.

GB: E o Lobão? — levantei a cabeça com um sorrisinho no rosto.

DN: Mandou mensagem hoje cedo — GB gargalhou.

O mesmo abriu a boca para falar, mas foi interrompido por um barulho estrondoso. Fogos.

GB olhou para mim e eu olhei para ele, não foi preciso que nada fosse dito para que nós dois fosse correndo vestir o colete e pegar o fuzil.

— Os cana tão subindo, porra! — ouvi o grito saindo do rádio.

DN: Quem estiver mais perto, quero que fique de olho na minha casa. Não deixa a Andressa e Flávia sair! — gritei no radinho.

— Pimenta tá lá, chefia! — respondeu instantes depois.

Eu e GB saímos na ativa. Esbarramos com alguns moradores no caminho e ajudamos cada um a chegar em suas casas. Em algumas aproveitamos para ficar em cima da laje atirando em alguns canas.

Só paramos quando GB tomou um tiro na canela de raspão, mas tava foda demais pra andar, então entramos na casa de uma senhora que nos deu água e ajudou a cobrir a ferida.

Estava ofegante pra caralho e todo suado. Meus ossos estavam queimando e meus braços formigando devido ao longo tempo que passei segurando o fuzil e atirando.

DN: Tá melhor mano? — perguntei ao GB.

Ele apenas balançou a cabeça, fazendo força para se levantar.

Coloquei o braço dele ao redor do meu pescoço e agradeci a velha que nos ajudou, saindo pelos fundos da sua casa.

Quando pisei o pé pra fora, ouvi uma voz no radinho avisando que os porcos tinham recuado.

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