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Andressa

Quando eu acordei já era noite, desci até a cozinha vendo que a Dona Lúcia havia deixado colado um recadinho na geladeira, explicando que teve que sair mais cedo por conta de alguns problemas em casa.

Sai acendendo todas as luzes e fechando a porta dos fundos. Apesar de ter pessoas do lado de fora me vigiando, ainda era medrosa e não estava afim de ser assombrada por espíritos.

Vasculhando brevemente dentro da geladeira, acabei encontrando um pacote de pão de queijo congelado. Acredito que a tia Lúcia havia feito a feira desse mês. Liguei o forno e deixei eles lá dentro, em uma forma.

Fiquei ali na cozinha, sentada na bancada enquanto esperava passar o tempo. De repente, resolvi ir até o quintal que, por sinal era bem bonito. Tinha uma piscina não muito grande mas pelo menos, era uma. E mais pro lado, tinha uma área propícia para um churrasco.

Depois de alguns minutinhos, o pão de queijo estava pronto. Coloquei em um prato e esperei esfriar um pouco. Em seguida, olhei pela janela, imaginando que os vapor estavam lá fora.

Abri o portão, recebendo a atenção dos dois na mesma hora.

Andressa: Oi, vão querer pão de queijo? — ofereci por educação, mastigando um.

— Só se for agora! — um deles respondeu, animando o outro.

Estendi o prato para que pegassem, comendo junto com eles. 

— Ela sabe cozinhar ela — zoou com a minha cara.

Andressa: Iih, olha a intimidade — já cortei logo.

— Que nada, paz e amor — fez o símbolo de paz e o amor ele apontou para a arma.

Acabei rindo da sua palhaçada, negando com a cabeça.

— Cheio de graça pra dona, hein — o seu amigo advertiu, batendo em sua nuca.

— Tem mais o que fazer não? — começaram a se estapear e eu continue bem humilde comendo meu pão de queijo.

Fiquei mais um tempinho conversando com os meninos que eram pior que as tias fofoqueiras da rua, eles sabiam da vida de todo mundo e zoavam sem dó e, óbvio que eu morria de rir.

Quando a fornada terminou e o assunto aos poucos foi perdendo a graça, desejei uma boa noite e voltei para dentro de casa. Deixei tudo limpo e tomei coragem para ligar a televisão, colocando algo para assistir.

Já se passavam das quatro da madrugada e eu nem estava com sono. O DN nem tinha chegado ainda, segundo os meninos, ele havia ido para o baile.

Fiquei pensando se, algum dia, chegaríamos ao nível de intimidade onde ele me levaria a um baile ou se tornaria mais comunicativo. Acabei rindo sozinha.

Até lá, provavelmente, eu já teria sido descartada.

Ouvi no instante em que a porta foi aberta, me levantei, olhando em sua direção. Notei que o próprio estava parado na minha frente, em silêncio, como sempre, mas... de forma assustadora.

Andressa: DN? — chamei, não obtendo nenhuma resposta.

DN: Seu desgraçado! — gritou, de repente, vindo para cima de mim igual bicho. Arregalei os olhos, tentando correr para o andar de cima, mas minha cabeça voltou para trás com tudo quando meu cabelo foi puxado.

Cai de mal jeito, batendo as costas no "braço" do sofá. Um gemido doloroso deixou a minha boca.

DN: Levanta! — mando, em seguida, um tapa ardido atingiu a minha face.

Gritei, mas ele ao menos me deu tempo antes de me segurar pelos ombros, me chaqualhando.

DN: Por quê?! Por que você fez isso? — gritou sem parar, sua voz embargada, mas com ódio evidente.

Andressa: Para! Por favor, DN, para! — supliquei, lágrimas transbordando pelos meus olhos e turvando a minha visão.

A porta da frente foi aberta no momento em que sua mão estava preparada para me dar outro tapa.

— Chefe?! — o vapor gritou, parado no mesmo lugar.

— DN! — o outro não perdeu tempo, correndo para separar nós dois.

Olhei para o homem na minha frente, vendo a sua mão abaixar devagar, enquanto uma expressão confusa tomava conta da sua face.

Os seus dedos, que estavam cravados em minha pele, se soltaram quando o mesmo foi afastado a força de mim.

Não perdi tempo, correndo para o andar de cima enquanto ouvia gritarem o meu nome.

Tranquei a porta, o coração errando as batidas enquanto a dor me dominava.

Deslizei as costas na madeira atrás de mim até que a minha bunda atingisse o chão, respirando com dificuldade enquanto lágrimas e mais lágrimas encharcavam a minha face.

Não sei quanto tempo fiquei naquela posição, apenas tempo o suficiente para a minha cabeça começar a latejar. Então decidi levantar e tomar um banho.

A sensação era muito ruim de saber que eu estava morando com um cara que não tinha mínimo respeito e caráter por mim.

Deixei a água quente percorrer todo o meu corpo, esfregando bem cada parte, na tentativa de lavar todas às más sensações, mas infelizmente, não foi isso que aconteceu.

Enquanto me secava na frente do espelho, observei o meu rosto inchado e corado. O lado direito começando a tomar um tom roxeado. Deixei os olhos escorregarem até os meus ombros, avermelhados e doloridos.

Ofeguei, levando a mão até a boca.

Por que tudo na minha vida dava errado...?

Saí do banheiro indo até a minha bolsa...

•••

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