2 SEMANA DEPOIS
Andressa
Hoje era uma sexta-feira, dia de baile. Fazia um tempo que eu não ia em um e, após essas duas semanas, eu e o DN estamos em "paz", então acho que seria um bom momento para conversar com ele sobre as minhas saídas e o meu celular.
Não estou dizendo que esqueci ou o perdoei, apenas decidi não pisar mais nessa tecla por enquanto. De certa forma, ele tem se esforçado para mostrar que se arrependeu, mas isso só amoleceu dois por cento do meu coração de gelo.
DN não veio almoçar em casa hoje, já era tarde quando o mesmo chegou. Eu estava na sala assistindo a um programa qualquer apenas para passar o tempo, balançando os pés sem parar em um ato ansioso. Quando ouvi o barulho do portão seguido pela porta abrindo, meu coração quase saiu pela minha boca.
Percebi uma movimentação e olhei na sua direção por cima do ombro, percebendo que o mesmo estava acompanhado pelo GB. Ele tem vindo bastante aqui em casa até.
GB: Eai, Andressinha - passou por mim bagunçando os meus cabelos.
Andressa: Oi, sem teto - brinquei, observando o DN passar logo atrás.
DN: Tem comida aí? - coçou a cabeça, apoiando a mão na quina do sofá, esperando por uma resposta.
Andressa: Tem. Fritei um bife, fiz purê e arroz - respondi, analisando a sua expressão.
Nenhum sinal de raiva ou estresse.
DN: Pô, falando nisso, você não precisa fazer almoço todo dia, quando for assim, pede pra algum menor buscar uma marmita pra você na minha conta - o mesmo andava até a cozinha enquanto continuava a falar.
Não respondi, apenas voltei a prestar atenção na televisão.
GB: Não escuta o DN, continua cozinhando, tu tem dom pra isso! - apareceu com um prato na mão após alguns instantes. Pelo barulho que ouvi, acredito que estavam esquentando a comida.
Franzi a testa, tanto pela sua fala e tanto pela forma como ele chegou sentando quase em cima de mim.
Andressa: Obrigada..?
Observei quando o DN apareceu se sentando também ao meu lado no sofá, apenas um pouco mais afastado.
DN: Muda de canal, tá passando o jogo do Flamengo agora.
Joguei o controle no seu colo, o mesmo pegando e colocando no jogo.
GB: Fala tu, vai colar no baile mais tarde? - virei a cabeça para a direita, notando que estava falando comigo.
Quando percebi que o seu tom era provocativo, estiquei os lábios, resolvendo entrar na onda.
Andressa: Com certeza, até já separei o meu look! - fingi animação.
GB: Que isso, vai botar as ratas no chinelo - brincou de volta, enfiando um pedaço de carne na boca.
Neguei, não em aguentando, deixando uma pequena risada escapar. Olhei para a esquerda quando senti o seu olhar em mim, encontrando com os seus olhos escuros já me encarando.
Meu sorriso vacilou um pouco, mas não por medo ou desconforto e sim, pela intensidade na qual DN me olhava. Não fazia ideia do que se passava em sua cabeça naquele momento e isso era o que fazia o meu estômago revirar de nervoso.
Ele estava gostando? Levando a sério? Pensando em me deixar ir ou simplesmente em como iria me trancar aqui para sempre...?
GB: GOL! - quebrei o contato visual rapidamente, pulando de susto ao mesmo tempo em que olhava para a televisão. - Caralho, Arrascaeta, me engravida!
Bufei uma risada, não aguentando com esse garoto. Toda vez que ele vinha era assim, me tirando altas risadas sem ao menos fazer esforço.
Quando o jogo acabou já era tarde, mais ou menos umas oito horas. Após comerem, GB ficou por mais um tempinho mas logo foi embora, alegando precisar tirar um cochilo antes de se arrumar para o baile.
Depois que o mesmo saiu sobrou apenas eu e o DN, assim como eram todos os dias. A casa voltou a ficar silenciosa, cada um ficando no seu canto.
Havia subido para o meu quarto para tomar um banho, desci assim que terminei e me vesti, a procura do DN. Não o encontrei em seu quarto, o que me fez imaginar que estaria na sala ou na cozinha.
Quando desci, ainda na metade das escadas, não o encontrei ali. Seguindo para a cozinha, também não o encontrei, mas ao notar que a porta de vidro estava aberta e um cheiro de cigarro estava presente na cozinha, andei até a área externa.
Coloquei a cabeça para fora, esticando o pescoço, avistando o seu corpo sentado em uma das cadeiras próximas a piscina.
Andei em passos leves, puxando uma cadeira para sentar quando me aproximei o suficiente.
DN me olhava em silêncio, apenas puxando e soltando a fumaça, encarando o nada à sua frente.
Andressa: Oi. - Cumprimentei, sentando.
DN: Fala tu - virou a cabeça para me olhar por um breve instante, voltando para a mesma posição em seguida.
Andressa: Queria conversar umas coisas com você - comecei, brincando com os dedos em meu colo, mas mantendo o queixo erguida.
DN: Manda o papo.
Engoli em seco, tomando coragem para poder falar. O nervosismo era tão grande que precisei contar até três mentalmente para poder, por fim, falar.
Andressa: Queria saber se posso ter o meu celular de volta e ir ao baile, hoje - olhei para DN que acabava de puxar a fumaça de seu cigarro.
Um instante de silêncio reinou entre nós até que ele soltasse a fumaça novamente, virando para me olhar. Passei a minha unha pela carne da minha mão, agora me sentindo estúpida por ter vindo aqui. Era ridículo praticamente pedir permissão para sair.
Quando abri a boca para dizer que ele não precisava responder e que aquilo foi um erro, sua voz rouca me interrompeu.
DN: Te libero pra ir, mas não quero caô. E, se tu vacilar, vai ser cobrada - ele falou tudo olhando nos meus olhos, o seu tom continuava baixo, o que tornava tudo mais ameaçador. - E o teu celular, vou te devolver.
Andressa: Por que você pegou ele?
DN: Sou o dono de uma favela, Andressa, preciso ser cuidadoso.
Assenti, resolvendo não debater sobre isso, como ele mesmo falou, é o dono desse morro, então deve saber o que faz.
Andressa: Que horas você vai sair? - perguntei ao me levantar.
DN: Pode se arrumar com calma, só mais tarde.
Balancei a cabeça, saindo para rumo meu quarto. Pelos menos vou ter uma noite para extrapolar um pouco, não é?
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Sobre Nós
Fanfiction🚨| EM REVISÃO! +16| Aos 3 anos de idade Andressa perdeu a mãe no parto e foi criada por sua avó, que infelizmente, morreu de câncer quando Andressa completou 10 anos... Após o ocorrido, a garota foi morar com os seus tios que não eram os melhores...