Leopoldo saiu do banho, sua roupa já estava na cama, tudo arrumado, gravata, meia, cueca, era sempre assim, eles levantavam e ele ia tomar banho para sair para o trabalho, e ela deixava a roupa pronta para ele. E quando ele descia o café já estava na mesa. Nada estava diferente naquele dia. Ele se vestiu e saiu do quarto, encontrou o filho mais novo no corredor.
— Oi pai, bom dia, tenho aula no sábado de manhã e por isso não vou para a concessionária, mas posso dobrar na semana que vem. — disse Ricardo.
— Bom dia filho, tudo bem, eu peço ajuda ao seu avô Nelson, sabe que ele adora ficar dando palpite dos carros — revirou os olhos e sorriu, depois parou pra olhar o filho com carinho, o jovem já tinha 14 anos e era tão maduro, independente e responsável. — Sua irmã virá para o almoço neste domingo e acho que sua avó e o vô Nelson vem também.
— Tudo bem pai, prometo que na próxima semana eu dobro o turno na loja, domingo não tenho nada, só a tarde que vamos jogar a final do campeonato e preciso tá descansado antes do jogo.
Eles foram para a cozinha, o cheiro do café que rescendia pela casa assim como o cheiro do pão quente com manteiga derretida, do bolo de laranja. Ela fazia tudo, quando não fazia deixava pronto a noite para o dia seguinte.
— Bom dia minhas vidas, que bom que chegaram, Ricky quer café com leite ou chocolate quente?
— Bom dia mãe, eu faço meu achocolatado. — ele foi até ela e a beijou. — Te amo mãe.
— Eu também te amo, meu lindo, seu uniforme do basquete está lavado, pode colocar na mochila. Meu amor quer o que? — perguntou ela ao lado do marido.
Leopoldo que não era bobo, olhou a esposa de cima a baixo e percebeu o quão linda ela estava, não perderia a oportunidade de ter ela mais pertinho, ter sua mulher entre seus braços lhe completava.
— Refúgio, amor! – ele a puxa para sentar em seu colo. – Como tá linda, vamos tomar café juntinhos hoje. – ele a beija nos lábios e ouvem Ricky rindo.
— Coroa, a mãe é linda mesmo, tem que ver como meus amigos ficam olhando igual bobos para ela, aqui em casa depois que terminamos as tarefas de aula ou depois que chegamos do treinos. – sorriu cutucando a fera ciumenta – Acham a mãe gatona, e gostam de vir aqui só para ver ela. – pronto, bastou para Leopoldo fechar a cara e tensionar o corpo.
— Deixa de bobagem Ricardo! – ela o recriminou levantando do colo do marido e o menino riu abaixando a cabeça, sabia que o pai era ciumento e fazia para provocar. – Fiz seu pão com manteiga derretida Léo, quer queijo pra acompanhar?
— Não, só café mesmo. Ricardo quer carona para a escola? – Refúgio suspirou pesado, sabia que Leopoldo ficou cismado com que o filho falou só pelo tom de voz que usou para perguntar se o filho queria carona.
— Não precisa pai, eu vou no meu patinete, depois a minha maninha vai me buscar pra gente ir no cinema – falou animado por sair com a irmã.
— Droga! – Leopoldo olhou o celular e esbravejou – Preciso acertar algumas coisas antes da reunião de hoje, preciso ir pra loja antes do normal.
— Amor, lembra que hoje vou para o almoço da turma da pós- graduação, te falei antes, devo sair às 11h e volto pelas 15h – falou antes que ele fosse embora.
— Sim, falou, tudo bem. – ele falou olhando para ela sério. Leopoldo não gostava que a esposa saísse para lugares cheios de olhares de abutres. E mesmo ela falando que iria com Samara, uma colega de faculdade, ele não gostou.
— Está bem! – ela sentou e começou a comer o bolo com seu café.
— Bom dia, meu amor – ficou ao lado dela e levantou seu rosto, plantou um beijo demorado em seus lábios e saiu da cozinha passando pela sala, pegando sua pasta e indo direto pra porta de acesso da garagem, pegaria o carro e como dito iria começar cedo sua rotina de trabalho.