— Não, Léo... você não pode se perder agora — foi a contração mais forte que a fez gritar e arquear o corpo.
Leopoldo sentiu uma paz naquele momento, ficou concentrado e olhou de lado, sua tia Irene emanava uma luz tranquila para ele a assentiu. Leopoldo sorriu e começou a fazer o que precisava. Arrumou a esposa na cama, correu pegou o celular, ligou para a ambulância e para o pai.
— Pai, já chamei a ambulância, estou com a Rê em trabalho de parto aqui na casa dos meus pais, volta pra cá rápido.
— Como assim filho, ok estamos indo, corre ainda tem água quente por aí, eu deixei tudo ligado, água, luz e gás. No seu carro tem uma mochila com roupas limpas, aquele kit que a Rê sempre fala para deixar para emergências, isso é uma delas filho, veja se vai precisar.
Leopoldo deixou a água escorrer dentro de um balde, ainda quente, correu pegou a mochila que tinha camisetas e uma toalha e voltou para junto da esposa. Refúgio gemeu forte de dor e olhou para o marido, sentiu ele tranquilo e bem centrado no que fazia.
— Amor, pronto acho que achei tudo até a ambulância chegar, respira fundo. — o celular dele voltou a tocar, ele olhou era a médica Renata, Lupe ligou para ela. — Alô, oi Renata, ela está dando a luz.
— Ok, vou te ajudar, chamarei por vídeo ok?
— Sim. — ela desliga e liga novamente. — Olha ela, os bebês estão vindo, peguei uma toalha limpa e minhas camisetas, tenho água também.
— Ótimo, a equipe deve chegar em breve, avisei eles sobre os bebês, como a Rê está bem e teve uma boa gestação, vai ser tranquilo.
— Aaaaaa, onde está tudo tranquilo, era para eles nasceram daqui duas semanas, está doendo muito. — gritou com eles.
— Esses pequenos estão adiantados, então vamos trabalhar duro e tirar os danadinhos. — Renata falou serena para deixar Refúgio e Leopoldo calmos naquele momento tenso.
— Hum... minha nossa senhora do bom parto, me ajude — ela fechou os olhos com força ao sentir mais uma contração.
— Vamos meu amor, respira fundo, a gente consegue fazer isso — olhou o celular aflito.
— Leopoldo se prepara que já vejo a cabeça apontando e você tem que ajudar. — Renata orientava ele.
— Oohh Deus... — ela empurrou com força e sentiu a emoção de escutar o primeiro choro do seu pequeno milagre.
— Um menino — ele só conseguiu falar isso antes de cair no choro.
— Léo se concentra amigo, você tem uma garotinha pra pegar nos braços agora, deixe ele ao lado da mãe.
— Ela tá pálida, isso é normal?
— Não se demore, preciso que ajude a sua filha a nascer — seu tom de voz foi calmo, mas ela sabia exatamente o que estava acontecendo.
— Leãozinho? — buscou a presença do marido — Eu não estou bem.
— Calma amor, vai ficar tudo bem.
— Não podia acontecer agora... nem aqui. — Refúgio olhava para o filho todo pequenino, queria pegar ele, mas não tinha forças.
— Leopoldo faz a massagem no ventre dela, ainda se lembra?
— Desde o dia que Ricardo quis nascer no escritório da concessionária eu não esqueci.
— Oti...fa...Leopol... — a ligação começou a falhar e logo caiu.