— Leopoldo, quero te contar algo, mas quero que me escute até o final antes de tirar conclusões precipitadas, ok? – ele ficou estranho, seu olhar mudou e ele se colocou na defensiva. – Recebi uma proposta de trabalho, amanhã tenho que ir para saber os detalhes, me chamaram para ser editora jornalística de um programa de tv.
— Trabalho!? — senta na cama com os punhos cerrados e com a cara feia — E pelo jeito já aceitou, verdade?
— Não. Por isso estou tendo uma conversa com meu marido que deveria me apoiar em todos os momentos — sua voz foi de decepção total. – Guerrero foi o produtor executivo de um programa e me chamou para o editorial.
— E ver você indo trabalhar com aquele velho Don Juan jamais!
Ele levantou e foi colocando o pijama que estava dobrado na poltrona do jeito que ele gostava. Refúgio também levantou, mas pegou a camisa do marido e vestiu ficando sem peça íntima nenhuma por baixo.
— Acho incrível que eu te apoie há mais de vinte três anos em todos os assuntos ligados ao seu trabalho, mas você barra meus sonhos sempre que seu ciúme ataca. — viu ele tentando se aproximar e foi em direção a porta.
— Não barrei quando depois que Elisa nasceu e quis voltar para faculdade, Não falei nada, fez se formou, e maldita hora que foi fazer uma segunda especialização de sei lá o que, e conheceu esse homem. Ciumento eu? – foi atrás dela.
— Sim. Você sempre foi assim comigo, Leopoldo, mas de um tempo pra cá vem piorando. Você sente ciúmes de todos, naquele dia que fui pegar Ricky no treino e chegou vendo o treinador falando comigo. Homem, pensei que iria partir para cima do treinador quando ele me tocou meu braço dando tchau.
— Ter ciúme é normal, saudável em uma relação.
— Seu ciúme é patológico Leopoldo. Isso que você sente não é normal.
— Você e essas palavras difíceis. — foi atrás dela.
— Essa desordem emocional que existe em você não me deixa viver a minha vida, só falei que queria trabalhar fora e olha como ficou, somente na menção de que eu tenha contado com outro homem. — sua voz ficou mais elevada, enquanto andava balançava os braços numa certa altura.
Ver a esposa fazer aquilo ativou alguns gatilhos adormecidos nele. Por isso quando Refúgio chegou na sala, ainda muito brava com aquela reação de Leopoldo sobre o convite de Guerrero, sentiu que seu esposo estava sendo totalmente egoísta e ciumento. Saiu do quarto, mas não esperou o marido que foi atrás dela como um cão raivoso.
— Minha resposta é não, não vai trabalhar para ele e pior com ele. – falou chegando atrás dela.
—Leopoldo, para estarmos casados há quase 24 anos, nunca te dei motivos para sentir ciúmes, sempre fui e serei verdadeira contigo. Eu quero trabalhar sim, nesses anos todos nunca fui trabalhar por achar que você e nossos filhos necessitavam de mim, mas agora eu preciso disso. Algo meu.
— Vai sair para trabalhar, ok pode fazer isso na concessionária, te dou um cargo, seja dona, sabe que metade do que temos é seu, a herança que seu pai deixou é rentável, não precisa trabalhar. Ainda mais com o maior Don Juan da televisão deste país.
— Eu não acredito no que estou ouvindo, Leopoldo para com isso, seu ciúmes me quer presa dentro de casa, me quer sob seu domínio.
— Não é isso Refúgio, só não quero que trabalhe com ele.
— Vou trabalhar para ele e para a emissora, nem terei contato com ele, Guerrero é o chefe, não fica na edição. Leopoldo, por favor, me escute. Eu quero isso, se não der certo, ok aceito. Mas eu quero tentar, quero trabalhar.