Capítulo 8 - Acidente

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— CALA A BOCA! — ele se levantou e gritou tão alto que Refúgio se assustou de tal forma que se esquivou e se afastou dele com medo e ele percebeu.

Nesse momento Leopoldo pegou a chave do carro, ele abriu a porta e saiu do quarto. Refúgio ficou paralizada, em choque com aquela reação dele. Ficou tão fora de si, que quando ouviu o garçom entrar não sabia o que fazer ou falar.

— Senhora, está tudo bem, precisa de ajuda? — perguntou ele vendo o estado de Refúgio.

— Sim, tudo pode levar tudo isso, não vou ficar. — ela pensou rápido e reagiu, saiu do quarto, indo para a recepção, pediu um táxi, pagou a conta e deixou o hotel.

No caminho ela pegou o celular, viu a localização de Leopoldo e ligou para Nelson, que estava na casa dela com Ricardo e Lupe.

— Nelson, preciso de ajuda, mas se estiver perto do Ricardo e da minha mãe saia, por favor.

— Oi filha, estou na sala, ok. Me dá um momento. — ele se levanta e Lupe olha para ele curiosa, ele faz um sinal de um momento e saiu. — Pronto, pode falar, o que aconteceu?

— Estou no táxi indo para casa, preciso que ache Leopoldo, ele saiu alterado, vou te mandar a localização dele, espero que ele não desligue o gps do celular. Estou com pressentimento ruim, eu não consigo ir atrás dele, não agora.

— Tá tudo bem, eu vou sim, não precisa me explicar nada. — ela mandou e ele foi, sabia pelo tom de voz dela que as coisas saíram do controle, mais do que poderiam prever.

Nelson saiu de casa e entrou no carro, na sala Lupe olhava pela janela e logo Ricardo apareceu.

— Da última vez que o tio recebeu uma ligação da mãe, o pai quase bateu em um homem por ciúmes, ele ficou bravo pra caramba, a mãe ficou com medo e chorou.

— Você estava lá? — ele negou. — Desde quando seu pai está mais ciumento?

— Desde o aniversário do vovô, eles brigaram e a mãe dormiu sozinha e ele na sala. Isso nunca havia acontecido antes.

— Sua mãe nunca foi dormir brigada com seu pai, e agora anda fazendo isso mais do que o comum. Só espero que nada tenha acontecido com eles.

— Meus pais andam brigando mais do que o normal para eles, e sempre pelo mesmo motivo — colocou a mão no bolso e suspirou.

Minutos depois... Refúgio entrou com tudo na casa e foi direto para mãe, agarrou forte e começou a chorar. Ricardo já não estava na sala e por isso ela extravasou seu choro e dor, a briga com o marido tinha lhe ferido a alma.

— Eu tô confusa, não sei se quero estar casada com Leopoldo.

— E de onde vem isso minha filha? O que vem escondendo todo esse tempo de mim?

— Meu casamento está acabando por culpa do ciúme do meu marido — sentou no sofá com tudo e colocou as mãos no rosto.

— Já conversaram? — ela balançou a cabeça num sim — e não tá adiantando?

— O ciúme que ele sente vai acabar com ele, comigo e com a nossa família! — Lupe lembrou da conversa com Nelson, respirou fundo e deu colo para a filha.

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Não havia curiosos no local, Nelson estava parado esperando ajuda ou que alguém visse seu carro cravado na árvore. Mas ter pego uma estrada quase desativada para pensar e extravasar no pedal não foi uma boa ideia e agora estava preso entre o banco e o airbag do veículo. Quando Nelson chegou, foi logo ligando para a emergência e depois correu pro lado do motorista para ver a situação do sobrinho, quando assegurou que Leopoldo estava acordado e balançou a cabeça em reprovação.

— Leopoldo, filho, o que aconteceu?

— Tio!? — tentou virar o pescoço e não conseguiu — Mas como soube onde eu estava?

— Sua esposa, ela me avisou que estava de cabeça quente, brigaram e pelo que conheço de você foi por ciúme — se aproximou dele preocupado — isso é patológico, doentio, tá matando seu casamento.

— NÃO!!! — bateu as mãos no volante e se agitou — eu não sou assim.

— Não adianta falar. Você só vai escutar quando machucar quem ama, e espero que seja só com palavras — foi duro.

— A ambulância vai demorar, tio? — falou tentando disfarçar que estava com culpa na consciência.

— Vai... vai chegar — bateu na lataria e suspirou encostando no carro, não iria deixar o sobrinho sozinho.

— Tio? — tentou mover o pescoço e não conseguiu.

— Não se esforça Leopoldo, a ajuda tá chegando — sentiu o braço dormente e lembrou que tinha esquecido de tomar o remédio da pressão.

— Não me deixa fazer nenhuma besteira com a minha família, promete? — com dificuldade colocou o braço pra fora buscando o tio.

— Pelo amor de Deus não faça mais essas loucuras, se brigar me ligue, entendeu? — segurou a mão dele e olhou em seus olhos.

— Vou fazer isso... eu prometo — apertou a mão dele com medo.

Alguns minutos passaram e Leopoldo não conseguia ficar calmo, começou com uma leve inquietação e depois ficou mais perturbado querendo sair do carro, mas preso nas ferragens. Nelson tentava acalmar sem muito sucesso e agradeceu aos céus quando escutou as sirenes do carro de bombeiros e da ambulância.

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Nelson avisou Lupe, pediu para acalmar Refúgio e que logo eles estariam em casa. Leopoldo teve que ser levado para o hospital para fazer exames de imagens, assim descartariam todas as possibilidades de um trauma interno.

— Avisou ela, tio? — ele estava deitado na maca. — Ela vai me deixar, eu gritei com ela e vi ela ficar com medo de mim.

— Sim, eu avisei, ela está em casa com a mãe, quando ela me ligou eu fiquei sem chão, agora descansa, assim que seus exames voltarem vamos para casa.

Nelson viu o reflexo do irmão no sobrinho, sabia que o que ele viu quando crianças estava se refletindo agora, e ele precisava ajudar de alguma forma, pois não suportaria perder o sobrinho/filho também.

Na casa, Lupe saiu do quarto principal bem de mansinho para não acordar a filha, depois de chorar muito ela dormiu, estava soluçando ainda. Lupe estava sofrendo vendo a filha naquele estado, com medo de perder o marido que tanto ama e com medo dele ao mesmo tempo.

— Oi Lupe, como ela está? — Nelson disse ao atender o celular.

— Dormiu de tanto que chorou, agora estou aqui vendo as coisas, como ele está?

— Estamos aguardando o médico com os exames de imagem dele, mas a princípio tudo bem, só o susto mesmo. Ela sabe que ele bateu o carro?

— Não, ela estava confusa com medo, eu não falei nada sobre a nossa conversa. Disse que quando você o encontrasse traria ele para casa. Ainda não contei para as crianças, Ricardo chegou cansado do treino nem jantou está dormindo.

— Ok, não fale nada, deixa que amanhã com calma conversamos com eles. O médico está vindo, assim que sairmos daqui aviso.

Nelson desliga a ligação e volta para junto de Leopoldo. O médico informou que ele ficará com hematomas por conta do cinto e do airbag, mas que não havia quadrado nada e nenhum dano interno foi causado. E ele foi liberado, passaram na farmácia para comprar os remédios para dor e foram para casa. No caminho Nelson avisou a Lupe que eles estavam a caminho.

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Refúgio acordou e foi tomar um banho, não ouviu vozes na casa, ela deduziu que o filho e a mãe dormiam e que Leopoldo estava com Nelson.

Na cozinha, Lupe arrumou um lanche para eles e logo ouviu a filha chamar por ver luzes vinda da cozinha, nesse momento Nelson entra pela porta da cozinha com Leopoldo. Refúgio quando viu o marido todo machucado se desesperou.

— Meu Deus o que aconteceu, o que fez Leopoldo?

Con amor si puedesOnde histórias criam vida. Descubra agora