No campus Elisa estava quase pronta para sair quando alguém bateu na sua porta e ela foi abrir com certa preguiça. Quando olhou quem era sua sobrancelha direita levantou e deu passagem pra pessoa entrar.
— Sabia que ia te encontrar aqui, já não basta você ficar mandando recadinhos na aula, agora tá mandando me espionar?
— Não preciso disso. — pegou a mala e a chave do carro.
— Vai sair de férias? — usou de sarcasmo em suas palavras — porque não me convida, querida?
— Eu não quero infartar meu pai.
— Imagina só o escândalo Eli. Filhinha do papai tá com...
Elisa não esperou muito tempo, lhe deu um beijo intenso e fez ela andar para trás esbarrando na parede. As mãos dela passeavam lentamente sem deixar de ser bruta no corpo da pessoa, tinha uma avidez em tomar para si aquele corpo por inteiro.
— Nem pense nisso, me entendeu? — limpou o batom borrado e foi se recompondo — e vai ter gente minha te olhando o tempo todo.
— É gostosa. Beija bem, mas o ciúme ferra com tudo Eli — saiu batendo os pés e fechou a porta com tudo.
— Droga tô atrasada! — nem escutou ela, só olhou o relógio e reclamou por estar atrasada.
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Refúgio estava se trocando, Leopoldo entrou no quarto, parou e ficou encostado no marco da porta que dava para o closet, viu Refúgio vestir a calcinha, ela percebeu que ele estava a olhando. Colocou a saia e para provocar colocou a camisa sem o sutiã.
— Tá fazendo pirraça, tá igualzinho uma adolescente. — disse ele.
— É acho que sou isso mesmo, tenho 42 anos, casada há 23 anos com o homem que amo, tenho dois filhos fruto do nosso amor. E viro adolescente quando falo para meu marido que quero trabalhar e ele simplesmente briga comigo e coloca barreiras. Acho que sou eu a adolescente birrenta.
— Nossa, essa me acertou o estômago em cheio.
Refúgio não queria mais brigar, não estava mais aguentando ficar daquele jeito. O viu sair do closet e foi atrás dele, era sempre ela quem dava o passo inicial para a reconciliação quando ele estava intenso por ciúmes.
— Léo, espera. — ela abraçou ele por trás, beijou suas costas. — Só quero você amor, não briga mais comigo. Sabe que te amo, é e sempre será meu mundo.
— Tenho medo de não ser suficiente para você, e se conhecer outro, se um dia acordar e achar que o que temos não basta mais.
— Amor, olha para mim. — ela o faz virar e olhar para ela. — Quando estava na faculdade lembra, e você levou o carro que meu pai me deu. E falou que eu era tudo que sonhava ter, lembra que saímos naquele mesmo dia? — ele sorriu triste e assentiu.
— O dia que te vi pela primeira vez, linda o brilho dos seus 18 anos. Nunca mais vou esquecer daquele dia. Seu olhar o brilho ainda está tão vivo em ti, você é única pra mim e sempre será!
— Desde aquele dia eu te amei, não tem que ter medo de me perder, amor eu tive a Elisa, voltei pra faculdade, depois fiz mais uma pós. Tive o Rick. E queríamos mais filhos e não deu, eu fiz nova pós e eu ainda estou aqui. E eu estive aqui sempre e estarei para sempre. É só você que eu quero. Leopoldo me trancar em casa te deixa feliz? Pois se for isso não temos um casamento, temos uma prisão!
— Não, amor, claro que não. — ele respira fundo. — Ok, vá a essa entrevista de emprego, veja como é tudo. Mas se ele ou qualquer outro ultrapassar a linha, eu parto um no meio. Eu te amo, e estou morrendo vendo você triste.