Leopoldo riu alto olhando para o filho e logo viu a porta externa da cozinha se abrir. Nelson entrou abraçado a Lupe e estavam se beijando, pareciam um casal de adolescentes depois da primeira vez.
— Opa... a noite foi boa então. Tá vendo, todos tarados pegando as minhas senhoras! — disparou Ricardo rindo alto e logo Refúgio entrou na cozinha e viu a cena ficando sem ação.
— Espera, vou sair da cozinha e entrar novamente, como diz meu filho, algo errado não está certo. Mãe larga ele, tio larga a minha mãe! — disse Refúgio com ciúmes da mãe. — Não estou preparada para esse tipo de cena familiar quase sexual na minha cozinha.
— Então sobrinha linda, ou melhor, minha enteada linda, vai se acostumando, pois essa aqui eu já ganhei.
— E pelo visto com louvor garanhão da madrugada. - disse Ricardo rindo. — Vai morar aqui vovó? E me dá um cachorro?
— Pronto, agora isso, sou o assunto do dia? Sim meu amor, a vovó vai te dar um cachorro, e por falar em cão, vejo que meu genro tá fazendo o café?
Ela queria mudar logo de assunto, Refúgio caminha para perto da mãe e sussurra algo. Lupe olha a filha ficando vermelha e dá um tapa no braço dela.
— Para com isso, Refúgio Chavero de Fernandez, não te criei para me desrespeitar.
— Tá bom, ok, desculpa. Mas e então tio ou melhor meu padrasto já convenceu ela a vir morar aqui?
— Ela vem minha linda, ela vem, primeiro vamos tomar café que to morrendo de fome, eu iria preparar o nosso, mas a Lupe quis vir antes. Mas morar aqui, pode levar suas coisas lá pra casa amor, depois vamos buscar o resto no interior.
— Tio, minha sogra é mulher que só sai daqui casada! — falou se segurando para não rir.
— Adultos safados isso sim, mãe vou para o treino e tomo café lá. E vovô nosso acordo ainda está de pé, às sextas e sábados eu trabalho na loja até o pai voltar, ok!
— Está bem meu querido, o vô vai te pegar depois do treino. — ele pisca para o jovem que beijou a mãe e depois a avó e saiu de casa.
— O que aconteceu com ele ontem que ele não ficou no jantar todo? — perguntou Lupe para a filha.
— Ricardo luta clandestinamente para extravasar a raiva e a frustração. — ela fala e olha para Leopoldo que baixa o olhar e suspirou pesado.
Os quatro ficam conversando sobre Ricardo, Nelson ficou de falar com o sobrinho, depois que Lupe desceu do quarto de banho tomado e arrumada, assim como Refúgio, Nelson pediu para falar com eles.
— Então, meu sobrinho me contou que na hora do acidente, momento antes de perder a consciência, teve um flash dos pais, de uma briga dos pais. — ele respirou fundo e Lupe segurou a mão dele.
— Foi algo tão real, eu presenciei uma briga dos meus pais dentro do carro, meu pai bateu na minha mãe por achar ou por ela ter feito ciúmes para ele.
— Meu Deus... — exclama Refúgio que olhava para a mãe.
— O que vou contar é o antes do acidente, o antes de tudo, até agora. Após o que você, meu filho acha normal e a gente sabe que não é, seu ciúmes e suas atitudes vem de um passado conturbado dentro da sua casa.
Ricardo e Viviane eram casados há mais de 15 anos, antes mesmo de Leopoldo nascer, tudo era normal para eles, o que Nelson achava. Eles eram amigos, Viviane, Nelson, Ricardo e Irene.
Nelson se casou com Irene e Ricardo com Viviane, mesmo com a diferença de idade entre eles, Nelson mais velho que o irmão e a cunhada, eles estavam sempre juntos e eram bem amigos, até que os ciúmes começaram a ficar mais evidentes. Viviane sentia ciúmes da própria sombra em relação a Ricardo, ao ponto de ir até o trabalho dele para ter certeza que ele estava lá. E com Ricardo não era diferente, desde o casamento ele pediu para ela parar de trabalhar, pois segundo ele a mulher dele não precisava trabalhar fora, mas Viviane gostava do que fazia, era secretária de uma loja de materiais de construção.