O que eles não sabiam era que Ricardo tinha ouvido todo relato do avô Nelson sobre os avós Ricardo e Viviane. Ele tinha voltado para casa, pois esqueceu o uniforme do basquete, ele entrou pela porta externa da cozinha e quando ia entrar pela sala ouviu a conversa dos mais velhos contando o motivo de Leopoldo achar normal ser ciumento.
— Eu sou igual ao vô Ricardo, eu sou igual a ele... — saiu correndo desnorteado pelo que ouviu e correu o mais rápido que podia indo sem rumo.
.
.
.
Horas depois Regina foi chamada pelo irmão para ajudar Ricardo, ela entrou pelo beco dando na porta do clube clandestino.
— O que foi Bruno? — perguntou ela assustada.
— Ricardo, ele apareceu aqui, fez o que os demais pediram e lutou com o "Capitão", ele está bem mal. O cara apanhou muito, mas ele bateu pra valer. O Capitão saiu daqui desacordado, e ele olha isso. – disse Bruno apavorado, pois nunca viu o amigo bravo e raivoso daquele jeito.
— Sabia que isso daria em tragédia!
— Regina, deixa de ser dramática, ele sabia o que o Capitão faria, agora me ajuda aqui, ele precisa ser cuidado, precisamos levar ele ao hospital, mas se eu for o pai vai descobrir.
— Vai para aula, e diz que o Ricardo está doente. Vai logo antes que o pai descubra isso tudo. E Bruno, vocês vão se ferrar se o pai descobrir esse clube.
Ela vê o irmão correr para a escola que não ficava longe dali, lembrou que tinha no celular o número do avô do Ricky, pois precisaria de ajuda naquele momento.
Na frente da escola, Nelson e Lupe estavam no carro esperando Ricardo, era um pouco mais de 14h, Nelson achou estranho que o neto ainda não estava na frente, viu todos saírem do ginásio e nada de Ricardo.
— Tem certeza que ele sairia às 14h, hoje? — Lupe perguntou olhando o celular.
— Sim tenho, sempre venho esse horário às sextas. — ele olha e vê o grupo de basquete sair e nada do Ricardo. — Seu neto anda de rolo, sei que tem uma jovem, mais velha que ele, ela é a orientadora do esporte, e ele está de olho nela.
— Meu neto, se puxar o pai e o avô, ela logo cai na lábia dele. — ela riu e tocou a coxa de Nelson.
Eles ficam ali por uns minutos quando o celular de Nelson toca, era um número desconhecido, mas ele atendeu mesmo assim.
— Sim!
— Oi, é o avô do Ricardo Fernandez? — disse a jovem do outro lado da chamada.
— Sim, sou eu, Ricardo está bem?
— Sr. Nelson, sou Regina, amiga dele, Ricky precisa de ajuda, estou com ele na rua 13, perto do posto de gasolina, ali tem um beco, estamos aqui lhe esperando, por favor.
— Está bem Regina, estou indo. Fiquem aí até eu chegar. — ele desligou o celular e colocou o carro em movimento.
— O que foi, cadê o Ricardo? — Lupe sentiu um arrepio pelo corpo e olhou para Nelson.
— Ele precisa de ajuda agora, vamos pegar nosso neto.
.
.
.
No hospital, Leopoldo foi revisado pelo médico que fez novos exames e deu alta, pediu para que ele parasse de tomar os remédios fortes, pois se continuasse correria o risco de viciar.
— Vou indicar um psiquiatra, e se quiser ver se ele pode atender hoje ainda, o que me contou é bem sério, e infelizmente ouvimos relatos de feminicídios por essa patologia. — Leopoldo olhou para a esposa, seu olhar era triste.