Capítulo 23

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Eliz Martinez
20 de abril

Eu estava no meu escritório, cercada por pilhas de documentos e iluminada pela luz suave do abajur de mesa

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Eu estava no meu escritório, cercada por pilhas de documentos e iluminada pela luz suave do abajur de mesa. O som do teclado ecoava suavemente enquanto eu digitava furiosamente, tentando finalizar um relatório importante. Minha concentração era total, até que ouvi a porta se abrindo devagar. Levantei os olhos e vi minha filha, Kiara, parada na entrada.

—Oi, mãe
Ela disse, hesitante.

Sorri ao ver sua figura esguia na porta.

— Oi, querida. O que aconteceu?

Ela entrou no escritório, arrastando os pés e mordendo levemente o lábio inferior, um claro sinal de nervosismo.

— Eu... queria te perguntar uma coisa.

—Claro, pode perguntar.
Fiz um gesto para que ela se aproximasse e sentasse na cadeira ao lado da minha mesa.

— Tem um menino novo na escola
começou Kiara, corando levemente.

—E ele está dando uma festa amanhã. Posso ir?

Parei de digitar e olhei para ela com atenção.

— Você já conhece esse menino? Ele é novo, certo?

— Sim, ele é novo. O nome dele é Matteo. Ele parece ser legal, e todos da turma foram convidados.
Kiara deu um pequeno sorriso, mas seus olhos mostravam um misto de ansiedade e esperança.

Pensei por um momento, ponderando sobre a segurança e as responsabilidades envolvidas.

— E onde será a festa?

— Na casa de uma amiga nossa. Ela mora perto da escola, então não é longe.

Sabia que precisava confiar na minha filha e, ao mesmo tempo, dar-lhe espaço para crescer e aprender.

— Tudo bem, Kiara. Você pode ir à festa. Mas vou querer saber o endereço certinho e vou te levar e buscar, está bem?

—Obrigada, mãe!
Kiara saltou da cadeira e me deu um abraço apertado.

—Prometo que vou mandar uma mensagem assim que chegar lá.

Ri suavemente e acariciei os cabelos dela.

— Isso mesmo. Quero que se divirta tá bom!?

Ela hesitou por um momento, ainda abraçada a mim, e então murmurou:

— Mãe... tem mais uma coisa.

— O que foi, querida?

— Eu... eu sei que conheci o Matteo agora, mas tem algo nele... Sei lá, ele é muito fofo, legal e bonito...
confessou Kiara, corando mais intensamente.

— E eu não sei o que fazer, porque é a primeira vez que me sinto assim. Pode me ajudar?

Sorri com ternura.

— Ah, o primeiro amor. É uma sensação única, não é?

— Sim...
respondeu Kiara, com os olhos brilhando de curiosidade.

— Como foi com você, mãe? Você se lembra do seu primeiro amor?

Ri novamente, dessa vez com um toque de nostalgia. — Sim, me lembro como se fosse ontem. Senta aí, vou te contar uma história.

Kiara se acomodou na cadeira, ansiosa para ouvir. Respirei fundo e comecei a contar.

— Quando eu tinha a sua idade, havia uma pessoa da minha escola que me chamava muita atenção. Essa pessoa era gentil, inteligente e tinha um sorriso que fazia meu coração bater mais rápido. Um dia, eu estava sentada no intervalo com sua madrinha e uma outra amiga nossa

— Que amiga??

— Essa é uma outra história...
Dei um sorriso meio triste lembrando de Hannah

— Certo... Continua

— Eu estava no refeitório até que essa pessoa chegou junto com o seu padrinho Harry e uma outra amiga deles. Harry chegou em Adisson, implicando como sempre, perguntando se ela iria para a festa que um colega iria dar. Eles dois começaram a quase se matarem como sempre e a pessoa de quem eu gostava perguntou se eu iria, eu travei na hora e não conseguia falar nada porque toda vez que ela chegava perto eu travava ou saia correndo feito louca. Até que minha amiga me deu um beliscão por baixo da mesa e eu respondi que iria mesmo sem querer ir.

— Fui para casa e, assim como você, pedi permissão para ir à festa. Minha mãe deixou, mas com as mesmas condições que estou te dando: endereço, horário e prometer mandar mensagem ao chegar.

— Quando chegou o dia da festa, eu estava tão nervosa que mal consegui escolher uma roupa. Sua madrinha  me ajudou a me arrumar, o que me deixou um pouco mais confiante. Ela me disse que tudo o que eu precisava fazer era ser eu mesma e aproveitar o momento.

— Quando cheguei na festa, fui com sua madrinha para a área da piscina e nós ficamos conversando lá. Até que Harry chegou junto com essa pessoa e eu ele saiu com Adisson. Eu fiquei conversando com ela, e eu estava tão nervosa que eu não conseguia parar de mexer o copo que estava na minha mão, nós conversamos bastante mas depois aconteceu umas brigas e paramos de conversar. Isso foi há muitos anos, mas me lembro como se fosse ontem.

— Qual foi a briga? Como ele era? Qual era o nome dele? O que aconteceu depois? Vocês ficaram juntos?

— Quanta pergunta!

Ela ri e eu rio junto

— Não vou responder essas perguntas agora. Talvez em algum momento certo. Okay?

Ela me olha meio desanimada

— Eu queria saber o resto da fofoca... Mas okay

Eu rio

— Mas sabe o que aprendi com essa experiência, Kiara?

— O quê?
perguntou Kiara, completamente absorvida pela história.

— Aprendi que o mais importante é ser você mesma. Não precisa se preocupar em impressionar ou tentar ser alguém que você não é. Se o Matteo é um menino legal, ele vai gostar de você pelo que você é.

Kiara sorriu, aliviada e mais confiante.

— Obrigada, mãe. Acho que precisava ouvir isso.

Acariciei o rosto dela.

— Estou aqui para te ajudar no que precisar, querida. E lembre-se, esses momentos são para serem aproveitados. Seja você mesma e divirta-se.

Kiara levantou-se, pronta para sair do escritório.

— Vou escolher uma roupa agora mesmo! E vou tentar não ficar tão nervosa.

Ri, sentindo-me orgulhosa.

—Isso mesmo, querida. E não esqueça de me contar tudo depois da festa.

— Pode deixar!
disse Kiara, saindo do escritório com um novo brilho nos olhos.

Voltei para meu trabalho, mas com um sorriso nos lábios. Era maravilhoso ver minha filha crescendo e vivenciando suas próprias experiências, especialmente aquelas que me faziam lembrar dos momentos especiais da minha própria juventude. Quando eu criaria coragem para contar o porque do seu nome?

Dezesseis anos depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora