𝟎𝟏 • 𝐍𝐨𝐯𝐨𝐬 𝐇𝐨𝐫𝐢𝐳𝐨𝐧𝐭𝐞𝐬 • 𝟏/𝟐

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𝓑𝓸𝓫𝓫𝔂 𝓝𝓪𝓼𝓱

Cerca de três dias depois que voltamos para casa, a minha mente começou a brincar comigo de uma forma nada agradável. Eu passei quase uma semana tendo crises de pânico e ansiedade durante a madrugada. Definitivamente, eu não tinha um minuto de paz quando fechava os olhos.

Athena já estava quase enlouquecendo tentando me acalmar, porque simplesmente eu acordava em estado de completo choque com as crises lembrando do navio afundando a cada momento, dos piratas quase me matando na frente dela e do meu maior medo, ter achado que Athena havia morrido. Isso era constante na minha mente, os momentos de completo desespero tentando salvar ela ficava em um loop enlouquecedor.

Sem suportar as noites em claro e todas aquelas crises resolvi procurar ajuda. Comecei a fazer consultas recorrentes com o Doutor Frank, contei tudo a ele sem omitir nenhum detalhe sobre o que eu passei naquele cruzeiro e os meus traumas antigos.

Cada sessão era uma tortura, relembrar tudo, ter que contar cada detalhe na esperança de me sentir melhor. Ao final de cada dia eu me sentia normal novamente.

Se passaram 2 meses desde que comecei a terapia com o Doutor Frank, tem sido muito bom finalmente expor todo esse sentimento preso dentro de mim. Eu realmente estava precisando, manter esses traumas presos dentro de mim durante anos não iria ser nada agradável, uma hora eu iria explodir feito uma bomba relógio.

Finalmente me sinto mais leve, esses dois meses me ajudaram muito. Não preciso mais ficar com medo de que surja algo para me tirar o controle, enfim posso relaxar.

Athena tem me ajudado muito com a terapia, ela é o principal motivo de eu não parar e desistir de tudo, não sei o que teria sido da minha vida se eu não tivesse conhecido ela — na verdade eu sei, eu teria terminado a lista com os 148 nomes e não teria um fim muito bom.

Ontem fez sete anos desde o nosso primeiro encontro, a noite que mudou totalmente o rumo das nossas vidas. Pensamos em fazer algo para comemorar, mas nós dois pegamos um turno de 24 horas.

Faltava cerca de 1 hora para o meu turno terminar e eu estava exausto, só queria terminar logo essa pilha de documentos e ir para casa, ficar com a minha esposa e talvez comemorar os sete anos do nosso encontro.

O dia foi bastante corrido, dois acidentes, vários atendimentos domésticos e um incêndio nível dois perto do centro. Esse monte de ocorrência me gerou muita papelada para preencher.

Eu estava chegando na metade da pilha quando o meu celular começou a vibrar no bolso da calça, peguei ele e vi que era Athena.

— Oi amor, desculpa, eu ainda estou no trabalho. Fiquei preso com uma montanha de formulários pra preencher... Eu sei que a gente combinou de tentar chegar cedo em casa, me desculpe.

— Tudo bem, não tem problema. Eu estou indo pra casa agora, também fiquei um pouco enrolada por aqui... Liguei pra te avisar que já estava indo pra não ficar preocupado.

— Eu já te disse que amo essa sua atitude de sempre me avisar quando está indo?

— Sim — riu. — Mas pode continuar, eu adoro! Quer que eu compre comida?

— Pode ser. Não quer que eu cozinhe?

— Não precisa, guarda suas energias pra hoje à noite!

Esse tom de voz eu conheço, já sei o que ela quer.

— Hum... eu conheço esse joguinho! Quando você fala assim, eu já sei o que você quer!

— Sabe mesmo?

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