𝟎𝟔 • 𝐅𝐫𝐚𝐠𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨

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𝓑𝓸𝓫𝓫𝔂 𝓝𝓪𝓼𝓱

Hoje o dia foi muito pesado, eu peguei Athena mentindo para mim dizendo que havia sofrido um acidente, mas, na verdade, foi ela que causou a batida. Isso me tirou completamente do sério, ela não pensou em nenhum momento sobre as consequências dos seus atos, o quanto isso me afetaria e o quanto poderia ter custado a sua vida. A gente teve uma briga feia e eu me descontrolei completamente com ela. Fui um idiota por gritar, mas, considerando as circunstâncias, era impossível ficar calmo.

Enquanto volto para casa com a mente mais aliviada, o remorso está começando a bater. Não sai da minha cabeça o rosto dela, assustada, comigo esbravejando e, batendo a porta com tudo. Eu não sou assim e isso estava me fazendo sentir péssimo. Não tem ninguém certo nessa confusão, eu errei por reagir tão agressivo com gestos e palavras, ela por ter se arriscado assim e achar que estava tudo bem com isso. O que resta agora é voltar para casa e consertar essa bagunça.

[...]

Era início da madrugada quando estacionei o carro na garagem. Fiquei parado em frente a porta de casa por alguns minutos segurando a minha aliança nas mãos respirando fundo para entrar.

Abri a porta devagar para não fazer tanto barulho, desci as escadas e me deparei com Athena deitada no sofá. Ela acabou dormindo de tanto me esperar, possivelmente chorando, pois a almofada está com um pedaço do tecido molhado. Fiquei parado em frente às escadas apenas lhe observando, decidindo se a acordava ou saía.

Resolvi sair, eu não estava com cabeça para resolver isso agora então prolonguei mais um pouco essa conversa. Eu estava muito esgotado, precisando de um banho para tentar aliviar o estresse.

A água quente do chuveiro caía sobre mim, me fazendo refletir sobre como iria começar a conversa com Athena. A forte ardência dos machucados nas minhas mãos me tiravam toda a atenção dos meus pensamentos, elas me roubavam alguns grunhidos abafados ao sentir a água batendo com força ou então com as espumas de sabão. Na hora que me machuquei não queimou tanto quanto agora.

Acho que deve ter sido por causa da adrenalina do momento.

Saí do box sentindo como se as minhas mãos estivessem em chamas de tanta ardência. Misturado a ardência, a forte dor nos meus dedos faziam meus tendões tremerem, nunca tive tanta dificuldade para colocar uma cueca e um short como agora.

Que merda que eu arrumei! Maldita hora que eu fui socar aquela pilastra!

Peguei um pouco de gaze no armário sobre a pia e fiz alguns curativos para evitar que doesse mais se por acaso eu encostasse em alguma coisa. Abri a porta do banheiro secando o meu cabelo com a toalha enquanto encarava novamente a minha aliança nas mãos quando esbarrei na escrivaninha derrubando a pequena pilha de livros no chão. O quarto estava um pouco escuro, ligeiramente iluminado pela luz do banheiro o que colaborou para a minha percepção de espaço diminuir.

Acendi a luz e comecei a pegar os livros do chão quando percebi a porta do quarto se abrir e junto com ela um olhar cheio d'água na minha direção.

— Bobby... — Athena atravessou o quarto vindo até mim, me abraçando fortemente como se não me visse há meses. Aquilo mexeu ainda mais comigo. — Você voltou! — Suas lágrimas escorriam pelo meu peito descoberto, meus braços a envolviam fortemente e, meus lábios depositavam carícias sutis sobre o seu cabelo.

— É, eu voltei tá bom... agora calma. — Tornei minha voz a mais gentil possível.

— Amor... desculpa... desculpa eu não queria...

— Shh! Calma! Eu não estou mais bravo. Só para de chorar por favor!

Levei um bom tempo para conseguir acalmá-la, até que finalmente concordou em me soltar e parar de chorar.

ℭ𝔥𝔞𝔪𝔞𝔰 𝔇𝔬 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 Onde histórias criam vida. Descubra agora