𝟐𝟒 • 𝐄𝐟𝐞𝐢𝐭𝐨 𝐂𝐢𝐜𝐚𝐭𝐫𝐢𝐳𝐚𝐧𝐭𝐞

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𝓐𝓽𝓱𝓮𝓷𝓪

Escutar o meu marido chorando desesperadamente como se fosse uma criança me parte o coração, mas sei que é necessário, por isso não o impedi, muito menos pedi que ele se acalmasse, apenas respeitei o seu momento.

Levou um bom tempo até o seu corpo parar de tremer e dar lugar a pequenos soluços involuntários enquanto tenta se acalmar. Bobby parou de chorar, mas ainda continua agarrado a mim buscando estabilizar a sua respiração.

Sigo acariciando as suas costas e o seu cabelo castanho dourado como um gesto de conforto, quando em um dado momento ele começa a inclinar o tronco para trás, se afastando de mim gradualmente, usando o casaco para secar as lágrimas.

Não vou perguntar o porquê do choro, é meio óbvio, então vou tentar acalmá-lo de uma forma natural para que ele não perceba tanto.

— Amor?... Você pode me esperar aqui só um segundo enquanto eu pego uma água pra você?

Acenou que "sim" mantendo o rosto coberto pelo braço.

Dei um beijo no topo da sua cabeça passando a mão rapidamente em sua nuca, logo em seguida dei a volta na cama indo até a porta do quarto. Fui até a cozinha e coloquei um pouco de água em um dos copos de vidro que peguei no escorredor. O deixei em cima do balcão ao guardar a garrafa na geladeira, me direcionei ao armário para pegar o pote de açúcar e sucessivamente uma colher na gaveta da pia. Misturei três colheres de sopa cheias na água, diluindo bastante. Guardei o pote no armário e voltei com o copo para o quarto.

Ao passar pela porta, o vi da mesma forma que deixei, só que agora com os cotovelos apoiados na coxa e as mãos envolvendo o rosto.

Me aproximei sentando-se ao seu lado, serpenteando o braço ao redor das suas costas para sinalizar a minha presença.

— Querido... trouxe uma água com açúcar pra você poder se acalmar um pouco.

Bobby se ergueu pegando o copo da minha mão, bebendo toda a água em quase um único gole. Ele me devolveu o copo vazio ainda deixando o silêncio dominar a sua fala por um momento.

— Obrigado... não agradeci ainda o quanto você está cuidando de mim — mencionou baixo com uma voz acuada.

Ver os seus olhos vermelhos me deu um aperto no peito por não poder fazer nada que não fossem gestos físicos.

— Não precisa agradecer. É o mínimo que eu posso fazer pra te ajudar — o trouxe para mais perto de mim, passando a mão na sua nuca.

— Você já fez bastante só de ter me escutado.

— Sempre!

Bobby reclinou a cabeça no meu peito, buscando um pouco mais de contato físico. A sua mão foi ao encontro da minha barriga ao mesmo tempo, em que estava mexendo nos fios do seu cabelo. Um sorriso breve e espontâneo surgiu nos meus lábios ao sentir a palma da sua mão acariciando o meu ventre, fazendo o meu coração aquecer no peito.

Deixei ele quieto por um tempo, então sugeri que ele deitasse um pouco para tentar descansar. Ele relutou algumas vezes — algo que sempre faz quando alguma coisa de certa forma o faz sentir "contrariado" —, mas aceitou mesmo assim. A essa altura, o cansaço está batendo de frente com ele e aposto que ele sabe exatamente disso, no entanto, resolveu se render logo.

Ajudei ele a tirar o casaco de moletom e a calça, ele não consegue dormir vestido com muitas roupas mesmo estando frio. Ele costuma dizer que se sente sufocado e que a textura o incomoda bastante. Foi uma vitória ele não pedir para tirar as meias também e ficar apenas com a cueca boxer, ao invés disso, aceitou dormir com essas duas únicas peças.

ℭ𝔥𝔞𝔪𝔞𝔰 𝔇𝔬 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 Onde histórias criam vida. Descubra agora