𝟏𝟏 • 𝐈𝐧𝐭𝐞𝐫𝐫𝐨𝐠𝐚𝐭ó𝐫𝐢𝐨

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𝓑𝓸𝓫𝓫𝔂 𝓝𝓪𝓼𝓱

Me sentia sem a menor noção do tempo, sentado em uma sala fria, olhando para o vácuo. O meu estado de espírito se foi no exato segundo em que eu estava sendo tirado à força, algemado como se fosse um criminoso da minha própria casa. Nunca experimentei tamanho sentimento de impotência de saber que, não importava o que dissesse ou fizesse, iria me ajudar a me livrar do que estava acontecendo.

Eu fui preso por um crime que nunca faria e que não cometi. Qual foi o motivo para chegarem até mim? Não faço a menor ideia. Tudo o que sei é que eu já fui interrogado umas três vezes desde o momento em que me deixaram aqui. E nessas três vezes queriam que eu confessasse algo que não sei e muito menos fiz.

Eu só sou um peão nesse tabuleiro.

Meus olhos ressecados de tanto chorar encaravam o reflexo da lâmpada na mesa de aço da sala de interrogatório. Tentei procurar a minha aliança com o polegar, mas não tive sucesso, fui obrigado a tirá-la quando cheguei.

Tudo o que se passa na minha cabeça agora é: Como Athena vai reagir a isso quando souber? Eu não fui levado para a mesma delegacia em que ela trabalha, então até o momento ela acha que estou em casa, esperando-a voltar do seu turno.

Isso era o que eu mais queria.

Escutei a porta abrir mais uma vez atrás de mim. Fechei os olhos, apertando a mandíbula, tentando me esconder entre os ombros, pois sabia que aquele interrogatório iria se iniciar mais uma vez.

— Por favor... eu não tenho mais nada a dizer, vocês já pegaram tudo o que eu sei...

— Relaxa Nash! Essa pessoa aqui você vai querer ver!

— Sai da minha frente! — Virei o rosto imediatamente ao reconhecer a voz de Athena. Ela entrou com tudo na sala.

Rapidamente ela veio me abraçar, me escondendo de todo esse caos. Eu tentei fazer o mesmo, mas fui impedido pelas algemas que mantinham os meus pulsos presos à mesa.

— Amor... eu não fiz... nada... — Estava impossível de controlar o choro, muito menos parar de soluçar. O meu mundo terminou de desabar ali, mergulhado nos braços dela.

— Eu sei, eu sei... shh! Calma... eu estou aqui, tá bom... eu já cheguei...

— Me tira... daqui... eu quero ir... pra casa!

— Desculpa, amor, mas eu não posso fazer isso... não, agora, tá bom!

Acenei, que entendi ainda preso em seus braços.

— Você pode tirar isso de mim? — me referi às algemas, tentando falar mais devagar e calmo. — Está machucando... eles não foram nada gentis.

— Vou pedir que façam isso, tá bom? — ergueu o meu rosto com as mãos em volta da minha mandíbula. — Mas preciso que se acalme e me explique o que de fato aconteceu!

— Tá bom, mas não me faça contar pra eles, por favor!... A cada pergunta que eu não conseguia responder ou não sabia, um deles vinha atrás de mim e apertava muito forte a minha nuca que nem fazem com gatos... eu pedia pra parar e eles faziam com mais força... doeu muito!

Athena cerrou o maxilar com uma expressão de ódio estampada no rosto.

— Quantas vezes?

— Várias... eles fizeram isso nas três vezes que vieram aqui. Cada vez mais forte.

— Deixa eu ver — ela abaixou um pouco a gola e o capuz do moletom para ver se estava marcado.

Provavelmente estaria porque estava dolorido.

ℭ𝔥𝔞𝔪𝔞𝔰 𝔇𝔬 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 Onde histórias criam vida. Descubra agora