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Roberta:

Dia seguinte é a mesma correria de sempre, estava eu agora no ônibus, olhando para a janela embaçada, hoje estava frio, o tempo mudou de repente.

A chuva caía fraca lá fora, então me lembro da infância, meus pais eram incríveis comigo, eles faziam todas as minhas vontades por eu ser filha única e ter sido feita com muito carinho e depois de uma escolha de ambos. Lembro que em um dia de chuva, pedi tanto para irem tomar banho de chuva comigo, que eles aceitaram, eu pulei, gritei e fiquei tão feliz por está me divertindo ao lado das pessoas que mais amava.

Quando eles se separaram eu me perguntava porque estava acontecendo tudo isso comigo, eu não merecia ser filha de pais separados… depois percebi que foi melhor assim, minha mãe era capaz de da a vida por meu pai e não era justo ela passar a vida toda sendo enganada, ou suportando um casamento falido, só pelos meus caprichos.

Chego ao ponto de descida que nem percebo, saio do ônibus e vou para o escritório, assim que chego falo com todos e logo estávamos todos trabalhando, quase perto da hora do almoço, recebo uma ligação da recepção.

— Oi?.

— Roberta, a Margarida chegou, posso mandar entrar na sua sala?.

— Pode, sim, obrigada.

— Nada 

Ela desliga e minutos depois estava a linda mulher de cabelos negros, entrando no local, ela vestia roupas bem justas e tinha seios enormes, lembro que quando a conheci, ela já era farta em seios, mas agora pareciam está maiores.

— Bom dia, Roberta, como vai?-diz com um sorriso largo.

— Bem e você?. Bom dia?

— Bem, mas me diga-a mesma se senta-, por que me chamou aqui?.

— Você é uma mulher incrível e todo personagem que entra, faz sempre o melhor.

— Não precisa me bajular, só dizer o trabalho e quanto eu ganho por hora.

— Te dou 150 a hora, fora o dinheiro que vai ganhar por ser a enfermeira de um criminoso.

— Você e o Ernesto sempre me jogam bombas-diz gargalhando.

— Diz que vai, eu preciso de você.

— Quem é o homem?.

— Se chama Lauri Costa, está cumprindo prisão domiciliar, está doente, ele tem uma enfermeira, mas podemos dá um jeito nela.

— Como assim, dá um jeito?-questiona assustada.

— Vamos pagá-la para fingir estar doente, só volta depois que conseguirmos alguma informação.

— Entendi, o que não entendi é como vou cuidar de um homem doente, sem nunca ter sido enfermeira?.

— Vai precisar estudar, nem que seja um pouco e eu resolvo o restante das coisas, gosta de jaleco branco ou rosa?-pergunto sorrindo.

— Branco.

— Certo, vou falar com uma amiga e te passar a história do homem, vai poder estudar tudo que precisa saber e logo começar o trabalho.

— Espero não me arrepender.

— E não vai. Ernesto vai te emprestar uma arma para se manter protegida, com bandidos é sempre bom está em alerta e qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, pode falar comigo, eu te tiro de lá com uma grande equipe de policiais.

— Pode deixar.

Ela sorri, então a convido para almoçar, a mesma aceita, saímos então do escritório e fomos para um restaurante ali perto.

Depois do almoço voltei para o escritório e logo estava indo para o julgamento, assim que chego vou até meu cliente, o mesmo estava tremendo, nem parecia ser só uma multa de trânsito.

— Boa tarde, tudo bem?.

— Sim, senhora e a senhora?.

— Estou bem, você que parece um pouco nervoso, apreensivo, houve alguma coisa?.

— Não, senhora, está tudo bem, nada de anormal.

— Ok então.

Logo começa a julgamento, eu ouvi a acusação com calma, vi que a advogada tinha uma peça na manga, mas ela não queria mostrar ainda, olhava toda hora para uma folha enquanto caminhava e acusava.

— Sua vez, senhorita Albuquerque-diz o juiz.

— Meu cliente é inocente, não tem como dizer que ele estava correndo, não tinha radar, não tinha nada para medir sua velocidade.

Eu me sento, não tinha como contestar contra fatos e bons argumentos. Logo a acusação se levanta e agora com a folha em mãos.

— Realmente não tinha como medir a velocidade, porém, o carro do acusado foi encontrado com sangue, o sangue compatível com o de uma menina que foi atropelada e morta, no mesmo dia que o réu recebeu a multa.

Ela me entrega uma cópia e também dá uma para o juiz, lemos com calma e me vem a irritação, meu cliente não disse nada sobre a criança, ela foi morta três minutos antes dele receber a multa. Apoio meus cotovelos na mesa e ponho as mãos no rosto, que droga.

— Sem palavra, defesa?-questiona ela com superioridade.

— Meritíssimo, podemos ter um breve ressesso para eu conversar com meu cliente?.

— Cinco minutos.

Saio dali e vou para um local mais reservado, ele me segue e eu penso em como vou falar, sem ser grosseira.

— Por que não me contou?!!-falo irritada.

— Você não iria defender meu caso!.

— Não existem desculpas... você matou uma criança!.

— Não foi a intenção.

— E qual é a intenção de alguém a andar em alta velocidade?, creio eu que a pessoa sabe que vai sofrer um acidente ou ferir alguém.

— Eu sei, mas naquele momento eu não estava consciente disso, tanto que não prestei socorro.

— Estava alcoolizado?.

— Sim.

— Bom, a solução para você é admitir seu crime, cumprir a pena determinada e sair.

— Mas se eu for preso, não poderei ter a guarda dos meus filhos.

— Você não está apto para isso, sem contar que se conseguir ser absolvido, a sua mente jamais o terá como inocente, vai se culpar e ficar menos apto ainda para ter a guarda das crianças.

— Se eu cumprir a pena, não vou poder ter meus filhos do meu lado...

— Eu vou te ajudar.

— Objetivo era pagar você só uma vez.

— Fique tranquilo, eu defendo qualquer caso em relação aos seus filhos ficarem com você, de forma gratuita.

— Sério doutora?.

— Sim, muito. Mas agora vamos, já acabou o tempo de recesso.

Entramos novamente, pedi permissão para ir até o juiz e a acusação também foi, conversei sobre não saber do que houve e dei a opção ao meu cliente de cumprir a pena que lhe será aplicada e de o mesmo ter aceitado.

Então voltamos ao nosso lugar e o juiz teve a palavra, logo meu cliente foi levado para a prisão e eu avisei aos parentes.

No fim não ganhei esse caso, mas ajudei alguém a fazer o certo, cumprir pelo que fez e iria fazer o possível para que ele tivesse a guarda dos filhos, claro, se estiver mais apto futuramente.

A chave da liberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora