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Roberta:

Na sexta ainda, fim do expediente, estava arrumando minha bolsa para ir para casa e a Júlia entra na minha sala, olho para a mesma que não diz nada, então me pronuncio.

— Tudo bem?.

— Sim, senhora, só queria entender o que houve, sei que não é da minha alçada, mas, quero entender porque ela veio, chorou e não pediu o dinheiro de volta.

— Ela me contou a verdade e decidiu se entregar.

— Mas você disse que ela era inocente, estava errada?-questiona assustada.

Eu também ficaria se fosse ela, já que eu nunca errei um "palpite" dado. Era um dom.

— Ela é inocente, mas quem matou o menino, foi a filha que foi escondida de tudo e de todos, a garota sentiu ciúmes do irmão, esperou a oportunidade, hora certa e matou ele. Tem 24 anos e fez sem pensar, eu acho.

— Então ela vai cumprir a pena no lugar da filha?.

— Sim.

— Então, por que não pegou o dinheiro?.

— Ela pediu para defender a filha dela ou diminuir sua pena, escolhi diminuir a pena, pois ninguém imagina que possa ter sido a filha, ninguém a conhecia e estão tão irritados, que não vão ver nada além do que acham ser verdade.

— E sobre a prisão, as prisioneiras não vão gostar de tê-la lá.

— Sim, mas no dia que for presa, vou pedir para vermos ela na cela, vou levar a filha dela comigo e pedir para falar sobre o que houve, então isso pode fazer as mães entenderem tudo e não se vingar da inocente.

— Tomara. Me diga, não está feliz por ganhar o caso e ter posto uma inocente na prisão?.

— Confesso que é um pouco triste tudo isso, mas entendo o sacrifício dela e não pretendo me opor, acho que se eu fosse mãe, faria o mesmo, assim como a minha também faria por mim.

— É, também entendo, acho triste, mas estou feliz por estar entrando mais dinheiro… precisamos de mais casos.

— Verdade… mas fica tranquila, logo voltaremos ao que era antes, te prometo.

— Eu sei que vamos voltar e por isso, me propus a divulgar seu trabalho, vou ir no julgamento com você, tentar fazer pequenos vídeos, mostrar o quando é boa, publicar nas redes sociais e conseguir mais clientes.

— Por mim tudo bem, mas converse sempre com os juízes antes.

— Pode deixar.

Ela sorri feliz. Pego minhas coisas e saímos todos do escritório.

Dia seguinte acordo com meu celular tocando, atendo sem olhar quem era, estava tão cansada hoje, acho que nem levantar da cama irei.

Ligação:

— Alô?.

— Oi, doutora, tudo bem?.

— Sim e você?.

— Bem. Te acordei?.

— Sim.

— Mas é quase 12 horas.

— Trabalho muito, senhor Vinícius, tenho o direito de estar cansada e dormir até tarde.

— Precisa ser grossa comigo?.

— Desculpe, estou com sono.

— Vou te deixar dormir, só queria te chamar para sair mais tarde, o que acha?.

A chave da liberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora