Capítulo 2

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S/n narrando

Se eu iria retirar o projétil teria que fazer direito, não posso tirar com a mão, posso contaminar a ferida e causar uma infecção. Tenho uma irmã mais velha que se chama Soyeon, ela cursava medicina na faculdade e acabou deixando algumas coisas aqui, moramos juntas por dois anos, após esse tempo ela se mudou pra uma casa que ficava próxima a Universidade. Fui ao seu antigo quarto encontrando a maleta em cima da penteadeira da minha irmã, a peguei e voltei ao meu quarto. Jungkook respirava com dificuldade, preciso salva-ló de alguma forma, se ele morrer, eu também vou junto.

Abri a maleta e respirei aliviada por ter tudo o que eu precisava, o principal para retirar a bala alojada era o bisturi, por sorte tinha dois. Coloquei as luvas e peguei gazes colocando em volta da ferida, já vi a Soyeon assistindo algo parecido, ela sempre complementava os estudos com um vídeo no final.

- Tira logo. Essa dor é insuportável. - Se contorceu.

Esse querido tá achando que sou o quê? Ele por acaso acha que a dor vai cessar quando retirar isso? Coitado.

- Se você sentir alguma dor maior levanta o braço.

Ele apenas afirmou gemendo de dor.

Tenho horror de sangue, e nesse caso não era só uma gotinha.  Pressionei o local recebendo um olhar de sofrimento. Jungkook me pediu para continuar, assenti e mesmo não sabendo o que eu estava fazendo consegui retirar o projétil de sua pele. Limpei bem a ferida, fiz um curativo e dei um remédio pra dor, o mais indicado seria um remédio para sarar a ferida, mais agora eu não tenho.

Aos poucos ele foi fechando os olhos, tive que checar pra ver se não estava morto.

- Ainda bem. - Falo aliviada ao perceber que ele estava respirando.

Sua temperatura corporal estava aumentando, Jungkook queimava em febre. Molhei um pano tirando todo excesso de água o deixando úmido, deixei em sua testa e fui trocando de vez em quando. Percebi que atrás de sua orelha tinha o número sete tatuado, o que significa?

- Era só o que me faltava, esse homem tinha mesmo que invadir a minha casa e me fazer de babá? - Resmunguei.  - Por que não deixo ele morrer de vez.

- Estou ouvindo. - Fala me fazendo arregalar os olhos. - Vou recompensar tudo quando eu for embora.

Acho bom mesmo, ele precisa de roupas e remédios, vou gastar todas as minhas economias com um desconhecido.

- Desbloqueia o seu celular. - Me entrega.

- Pra quê?

- Preciso fazer uma ligação.

Fiz o que ele pediu, o mesmo discou um número e esperou ser atendido.

- Jimin, como está a movimentação? - Diz ao telefone. - Não conseguem me resgatar?

Esse seria o meu sonho.

- Ok, tudo bem. - Encerrou a ligação com uma cara de quem não gostou de algo. - Por enquanto não posso sair daqui, a polícia está me procurando em todos os lugares, não quero colocar meus irmãos em perigo.

- Ok, pode ficar o tempo que quiser. - Forcei um sorriso.

Só falei isso pra manter uma boa relação com ele, já que estou sendo ameaçada.

- Tô com fome. - Ele disse se ajeitando na cama. - Você tem algum uísque?

Ele só pode tá brincando, quem em sã consciência entre a vida e a morte pensa em uísque?

- Não tenho, não bebo. E se está com fome deve comer comida, e não encher a cara. - Falo sem pensar.

Ele arqueou a sobrancelha sem acreditar no que ouviu. Sorriu de ladino balançando a cabeça em negação.

- Gosto de você quietinha, então cala a porra da boca e vai fazer algo pra mim antes que eu perca a paciência.

Um arrepio percorreu meu corpo após suas palavras, é melhor eu ficar quietinha, não estou lidando com alguém comum.

(...)

Na manhã seguinte me arrumava pra ir ao trabalho, tentei fazer o mínimo de barulho possível, já que meu hóspede querido ainda estava dormindo na minha cama, no meu quarto como se fosse o dele. Passei a noite no sofá duro sentindo frio, enquanto ele dormiu quentinho e confortável.

Eu nem consegui pregar os olhos direito, amanheci com olheiras e um cansaço enorme. Tive que cuidar dele, trocar curativos e checar a temperatura que quase ocasionou em uma convulsão por está alta. E Jungkook sempre com a arma em punho mantendo sua ameaça.

- Vai pra onde? - Sua voz sonolenta e rouca invadiu meus ouvidos.

Olhei para ele imediatamente.

- Trabalhar.

- Não! Não pode sair.

- Por que não? Eu preciso ir trabalhar, tenho contas pra pagar sabia?

- Pouco me importo. Você não vai sair dessa casa.

Isso já é de mais.

- Você acha que vou te entregar pra polícia? - Ele afirmou. - Eu não seria burra a esse ponto, seus capangas sabem de mim não sabe? - Assentiu. - Então o que eles fariam de soubessem que você foi preso de novo por minha causa?

Com certeza eu seria uma mulher morta.

- Me matariam, não quero isso. Então peço que confie em mim nem que seja um pouco.

Ele ficou pensativo.

- Posso ir?

- Pode, se estiver tentando se sair da situação, eu mesmo vou atrás de você. - Diz me olhando profundo.

Desviei o olhar arrumando minhas coisas dentro da bolsa.

- Preciso que me traga roupas.

- Tudo bem, estarei de volta a tarde.

Me aproximei pra pegar meu celular, Jungkook rapidamente o pegou pondo embaixo da coberta.

- O celular vai ficar comigo, preciso dele.

Iria contra a sua palavra, mas não quero irritar ele.

Antes de sair de casa chequei aos arredores, a polícia passava sempre na rua, eles provavelmente desconfiam de que Jungkook pode está em uma das casas da vizinhança. Tranquei a porta que ainda estava com a fechadura um pouco quebrada, preciso concertar logo.

Andando até o ponto de ônibus avistei um cartaz em um poste, a polícia oferecia uma recompensa pra quem entregasse Jungkook, a quantia era alta, eu poderia me mudar pra um lugar melhor, e dar uma casa aos meus pais, Porém esse dinheiro não vale a minha vida, não mesmo.

- Bom dia.

Sou despertada dos meus pensamentos percebendo a presença de um policial.

- Bom dia. - Respondi nervosa.

- Você por acaso o viu? - Apontou para o cartaz onde havia uma foto de Jungkook.

- Não senhor.

- Hum, se vê-lo ligue para a polícia. Garantimos a sua segurança.

Afirmei e ele saiu andando.

Dangerous love - Jeon Jungkook Onde histórias criam vida. Descubra agora