𝐗. 𝐃𝐎𝐑𝐍𝐄

3K 347 123
                                    

    Os gritos de Rhaenys Velaryon ecoavam por toda a Fortaleza de Lançassolar. A princesa estava em trabalho de parto, quase dando a luz à sua segunda criança. Rangendo os dentes enquanto fazia força, Rhaenys agarrou os lençóis da cama, encharcados por seu suor e sangue.

— Precisa fazer mais força, princesa! - Instruiu a parteira.

— Eu estou tentando, sua maldita puta! - Rhaenys xingou, deixando algumas lágrimas caírem. Aquele parto estava sendo realmente difícil, Rhaenys sentia que poderia morrer ali. — Onde ele está? Por que o Maeron não está aqui?

   A Velaryon ofegou, procurando o marido com o olhar mas estava cercada apenas por criadas e pela parteira, que apenas ignorou o xingamento que havia recebido. Rhaenys havia entrado em trabalho de parto há quase uma hora e nunca havia sentido tanta dor em toda sua vida, mesmo que já tivesse feito aquilo antes. E a ausência de Maeron naquele momento só piorava tudo.

— O príncipe Maeron está em uma reunião importante, princesa.

— Eu sou a esposa dele, eu sou importante!

   Ela respondeu com a voz já rouca de tanto gritar. Por um instante, Rhaenys desejou que sua mãe estivesse com ela. Mas com Rhaenyra em Pedra do Dragão e Maeron ocupado demais para ver o nascimento de seu segundo filho, Rhaenys se sentiu sozinha.

— Estou vendo a cabeça! - A parteira anunciou após longos minutos. — Só mais um pouco, princesa!

— Não consigo, não posso... sinto que vou morrer nesta cama.

  Rhaenys encostou a cabeça no travesseiro, sentindo-se fraca, incapaz, sozinha. Até que finalmente Maeron Martell entrou no quarto, afastando as criadas para se colocar ao lado da esposa.

— Você está aqui.

   Rhaenys deu um sorriso fraco. Estava casada com Maeron há quatro anos e apesar de não ter amor por ele, a princesa gostava muito de seu marido. Rhaenys já havia se conformado com seu destino ao lado dele e não tinha do que reclamar. Maeron era um bom príncipe, um bom marido e um bom pai.

   E não havia nada no mundo que o Martell não fizesse por Rhaenys, já que era completamente fascinado por ela.

— Eu jamais perderia o nascimento do nosso filho.

   Maeron sorriu, segurando a mão de Rhaenys. O príncipe acreditava fortemente que desta vez teria o filho homem que tanto queria. É claro que Maeron amava sua primogênita, a pequena Visenya, mas também desejava um filho que viesse a estender o sobrenome Martell por gerações.

— Você consegue, Nys. Você é a mulher mais forte que eu conheço.

   Maeron sussurrou para a esposa. Os olhos dele, normalmente cheios de determinação, agora refletiam uma mistura de preocupação e ternura. Ele enxugava o suor da testa da princesa com um pano úmido, murmurando palavras de encorajamento e amor. E de repente, Rhaenys já não se sentia mais sozinha.

   Sentir a mão de Maeron entrelaçada com a sua dava-lhe uma força inesperada. A presença dele transformava a sensação de solidão em um conforto caloroso, uma ancoragem em meio ao caos.

   As contrações se tornavam mais intensas e frequentes. Com um último grito de dor, Rhaenys sentiu uma pressão insuportável e então, um alívio repentino. O som do choro de um bebê encheu o quarto. O mundo pareceu parar por um momento, e tudo que ela podia sentir era a pequena vida que acabara de trazer ao mundo. Maeron esticou o pescoço para tentar enxergar a criança nos braços da parteira.

— É um menino?

— É saudável? - Foi tudo o que Rhaenys conseguiu perguntar e para ela, apenas isso era importante.

𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒 • 𝐀𝐞𝐠𝐨𝐧 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora