A noite estava pesada sobre a Fortaleza Vermelha, o vento soprava gelado e a varanda do quarto de Helaena, onde Aemond agora se encontrava, estava envolta por um silêncio mortal. O céu acima estava sem estrelas, encoberto por nuvens negras que pareciam pressionar o ar contra a terra. O ar estava frio, e as sombras se arrastavam pelos cantos, transformando o lugar em algo sombrio, quase ameaçador.
Aemond estava ali, sozinho, encarando o vazio do céu noturno. O mesmo jardim onde tantas vezes vira Helaena agora parecia um lugar estranho, desprovido da vida que ela costumava trazer. Ela era o sol naquelas noites escuras, e ele havia apagado sua luz com suas próprias mãos. O arrependimento o sufocava, e a raiva por nunca poder controlar o destino que tanto almejava fazia seus músculos se retesarem.
De repente, ele ouviu um farfalhar suave atrás de si. Um calafrio percorreu sua espinha, e ele virou-se devagar. Ali, sob o arco da varanda, estava Helaena.
Seus cabelos prateados ondulavam ao vento, os olhos violetas refletindo a luz fraca das velas que mal iluminavam o quarto atrás dela. Ela parecia etérea, quase um espectro, como se não pertencesse mais àquele mundo. Aemond ficou paralisado por um momento, observando-a em silêncio, seu peito apertando com o impacto da visão.
Ela estava morta, ele sabia disso, mas ali estava ela, de pé diante dele, tão real e tão distante quanto o amor que ele nunca conseguiu manter. A dor da lembrança o atingiu como uma adaga.
O caolho abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Tudo o que ele sentia era uma mistura de desejo e arrependimento, uma confusão que o consumia. E, como uma borboleta no jardim, Helaena virou-se, como se estivesse prestes a ir embora novamente, desaparecer de vez.
Aemond agiu por instinto. Ele não podia deixá-la ir, não de novo. Ele a amava, ou pelo menos acreditava que sim. Seu corpo se moveu antes que sua mente processasse o que fazia. Em um passo rápido, ele estendeu a mão, segurando o braço dela com firmeza.
— Espere, Helaena, meu bem...
O usurpador pediu com a voz rouca, desesperada, o olhar preenchido com a mesma angústia que o atormentava há tanto tempo. Helaena parou, mas não o olhou imediatamente. Seus olhos estavam fixos na escuridão à frente, como se estivesse ponderando algo muito além do entendimento dele. Então, lentamente, ela virou-se para encará-lo, e o que Aemond viu em seu olhar o fez estremecer.
Não havia doçura. Não havia amor. Apenas uma raiva profunda, fria, que o cortava mais do que qualquer lâmina. Helaena se desvencilhou bruscamente do toque dele, o gesto carregado de repulsa.
— Não me chame de ‘meu bem’! - A princesa gritou, a voz ecoando pela noite, carregada de uma fúria que ele nunca tinha visto em sua irmã antes. — Eu não sou seu bem! Porque bem a gente não trai, não persegue, não mata!
Aquelas palavras o atingiram como uma tempestade, cada frase sendo um golpe direto em seu peito. Aemond ficou parado, encarando-a, o rosto contorcido de dor, incapaz de processar a profundidade do ódio que ela carregava.
— Hel, por favor... eu... eu só queria...
Ele começou, a voz falhando enquanto ele tentava se aproximar novamente, mas Helaena recuou, erguendo a mão como um escudo, interrompendo-o com um olhar flamejante.
— Você só queria me possuir, Aemond - Ela rosnou, os olhos brilhando com uma intensidade quase insuportável. — Você nunca soube amar, nunca soube o que é isso. E no final... você me destruiu, assim como destruiu tudo que tocou. Eu não sou seu bem, eu sou seu mal. Seu veneno.
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𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒 • 𝐀𝐞𝐠𝐨𝐧 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧
RomanceOnde Rhaenys Velaryon se apaixona por aquele que deveria ser seu inimigo, envolvendo-se na Dança dos Dragões e em uma guerra de corações.