𝐗𝐗𝐈𝐕. 𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐄𝐈𝐑𝐄𝐒𝐒

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    A manhã estava envolta em uma névoa suave, o sol nascendo lentamente no horizonte, lançando um brilho dourado sobre Pedra do Dragão. Os corpos dos gêmeos Cargyll, Erryk e Arryk, estavam sendo baixados na cova, seus rostos idênticos agora eternamente serenos. Nascidos juntos, mortos juntos, sempre inseparáveis, mesmo na morte. A conexão entre eles, única e especial, uma só alma dividida entre dois corpos, agora retornava ao solo juntos.

   Rhaenyra estava ao lado de Rhaenys, ambas trajadas de preto, seus rostos marcados pelo luto e pelo cansaço. Sor Arryk havia sido enviado na noite passada para matar Rhaenys e quase ceifara a vida de Rhaenyra. Agora, diante dos túmulos dos gêmeos, a raiva e a tristeza se misturavam dentro de ambas.

— Aemond quer se vingar, me punir pelo que foi feito com Jaehaerys - Começou Rhaenys, sua voz tremendo de dor e culpa, enquanto observava a terra cobrir os dois corpos na cova. — O povo de Porto Real está me chamando de sanguinária... quando foi Aemond quem matou minha filha.

— E ele pagará por isto, eu juro.

    Rhaenyra afirmou com firmeza, movendo os anéis em seus dedos, seus olhos violeta brilhando com uma fúria contida. Só de imaginar que Rhaenys poderia ter sido morta e a própria experiência de quase ter sido assassinada inflamavam sua raiva.

— Eu não queria escolher a violência, mas talvez seja bom que o povo veja que a rainha Rhaenyra Targaryen tentou evitar derramamento de sangue e que Aemond Targaryen recusou - Ela ergueu o rosto quando a cova dos gêmeos foi totalmente fechada, seus olhos se fixando no mar à sua frente. — Devem saber a quem culpar quando o céu cair sobre eles.

   As palavras de Rhaenyra eram carregadas de poder e determinação. Desde o início, ela havia tentado ser uma líder justa e benevolente, mas a injustiça e a crueldade de seu irmão usurpador a haviam levado ao limite.

   Agora, ela estava determinada a revidar, a proteger aqueles que amava e a reivindicar o que era seu por direito. Suas palavras ecoavam na manhã silenciosa, uma promessa de que a justiça seria feita, e aqueles que causaram tanta dor e sofrimento pagariam caro por seus crimes.

   Mesmo que em breve, ambos os lados não fossem se recordar do motivo que dera início a guerra.

— Rhaenys, você se lembra da noite do seu casamento em Dorne? - A voz de Rhaenyra soava suave, mas firme, enquanto ela se virava para sua primogênita, segurando suas mãos nas suas. — Se lembra do que eu lhe contei ao fim do banquete?

   Rhaenys respirou fundo antes de responder quase imediatamente: — A Canção de Gelo e Fogo.

   Ela lembrava com clareza da noite em que sua mãe havia lhe revelado a profecia. A Canção de Gelo e Fogo, uma visão de Aegon, o Conquistador, sobre um inverno terrível que poderia acabar com os Sete Reinos, destruindo o mundo dos vivos. Ela tinha apenas dezesseis anos quando soube dessa profecia, e desde então, carregava o peso desse segredo.

   Rhaenyra olhou fundo nos olhos da filha, procurando uma compreensão mais profunda. — Você sabe por que eu a contei para você e pedi que mantivesse segredo? - Rhaenys balançou a cabeça, a curiosidade e a incerteza misturadas em seu olhar. — A Canção de Gelo e Fogo é transmitida de geração para geração de Targaryens, entre reis e seus herdeiros. É seu dever repassá-la e protegê-la.

   O peso daquelas palavras caiu sobre Rhaenys como uma tonelada de pedras. Ela olhou para sua mãe, vendo o sorriso de confiança que Rhaenyra lhe oferecia. Ultimamente, ela se sentia insegura, consumida pela culpa, sentindo-se um completo monstro do qual nem mesmo Aegon se atrevia a chegar perto.

Muña, eu...

    Rhaenys começou, sua voz tremendo com a ansiedade que lhe corroía por dentro, desejando poder dizer que talvez ela não fosse a melhor escolha para ser futura a herdeira do trono. Mas nada conseguiu sair de sua boca quando Rhaenyra contou:

𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒 • 𝐀𝐞𝐠𝐨𝐧 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora