𝐗𝐗𝐗. 𝐅𝐀𝐋𝐋𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒

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     Rhaenyra estava possuída por uma fúria tão intensa que sentia o sangue pulsar em suas têmporas. A cada palavra proferida no pequeno conselho, a cada decisão tomada sem sua consulta, a chama de sua raiva crescia. Como se a tivessem coroado apenas para confiná-la dentro de Pedra do Dragão, distante das batalhas que definiriam o destino de seu reinado.

  A coroa que agora descansava em sua cabeça parecia mais um fardo, uma peça de ouro pesado que a prendia, que a sufocava com suas responsabilidades. Os homens que a rodeavam no conselho eram como sombras, espreitando suas fraquezas, ignorando sua voz, e isso a fazia arder de raiva.

  O luto pela morte de Rhaenys Targaryen, sua prima e aliada, era um golpe ainda mais profundo. A dor estava misturada à frustração, ao medo de que talvez estivesse perdendo não apenas a guerra, mas o controle de seu próprio destino.

— Você viu? A maneira como falaram em meu pequeno conselho hoje...

   A voz de Rhaenyra, tensa e carregada de emoção, ecoou pela sala enquanto ela encarava seu terceiro filho, Lucerys Velaryon, que seguiu a mãe após a mesma sair furiosa da sala do Conselho. O jovem príncipe, seu rosto marcado pela dor, concordou com a cabeça, seus olhos refletindo a mesma indignação que Rhaenyra sentia.

— Eles não podem culpá-la pela morte da vovó e da Meleys - Luke disse, a amargura em sua voz era evidente. — Não quando o real culpado foi Aemond.

   Rhaenyra balançou a cabeça lentamente, o olhar perdido em pensamentos sombrios: — Seria até melhor se estivessem me culpando. Eles falam entre si, não comigo. Eles me fizeram rainha, mas querem me manter aqui, confinada. Quando tudo o que eu quero é...

   Sua voz falhou por um momento, engolida pela raiva e frustração. Ela cerrou os punhos ao lado do corpo, respirando fundo na tentativa de acalmar a chama que crescia dentro de si. Luke, igualmente irritado, expressou sua própria frustração.

— Só demonstram a própria mediocridade. Nós temos o maior poder do mundo, temos dragões. O que esses velhotes sabem sobre isso? - Ele estava se esforçando para manter a calma, mas sua voz traía a raiva latente.

  Rhaenyra soltou um suspiro cansado, mas não havia paz em seu coração: — Na verdade, não os culpo. Eu sou a soberana agora, não posso fazer o que bem entendo. E uma guerra sempre foi travada por homens.

— Você é a sucessora escolhida pelo vovô. Você é a legítima herdeira do Trono de Ferro - Luke insistiu, sua lealdade à mãe inabalável.

— Ele não me preparou para lutar, Luke. Sua irmã aprendeu, Nys teve mais chance através de Harwin, Laenor e Daemon, mas eu... Se eu fosse um filho homem...

    Havia uma amargura amarga em sua voz, uma confissão de uma verdade que ela guardava dentro de si por muito tempo. Era uma dor profunda, uma "falha" que a corroía por dentro.

— Eles enfiariam uma espada na minha mão assim que eu começasse a andar como fizeram com você, com Jacaerys e com meus irmãos. Eu não aprendi a diferença entre o punho e a lâmina, e eles sabem - Rhaenyra deu alguns passos, virando-se de costas para Luke enquanto murmurava com tristeza: — Rhaenys será uma grande rainha.

— Não mais do que você, mãe.

   A voz de Luke era firme, carregada de uma devoção profunda. Ele acreditava na mãe, na rainha que ela era, mesmo quando ela própria duvidava. Um longo silêncio se seguiu, carregado de tensão e pensamentos não ditos. Então, Lucerys quebrou o silêncio, sua mente trabalhando rápido para encontrar uma solução para os problemas que enfrentavam.

— Sor Criston Cole cometeu um erro. Desfilou com a cabeça de um dragão pelas ruas como um prêmio de guerra, o povo enxergará isso como um mau presságio - Luke disse, sua inteligência e cautela se revelando enquanto ele prosseguia. — Eu ouvi Mysaria e Rhaenys conversando. As pessoas estão com medo. O pão está escasso, Aemond parece cada vez mais louco, Olivia morreu, Daeron se encontra completamente queimado.

𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒 • 𝐀𝐞𝐠𝐨𝐧 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora