Quando Olivia Hightower sentiu um líquido escorrer por suas pernas e a dor do parto a atingir com força, toda a Fortaleza Vermelha ouviu seu grito. A princesa tinha apenas dezenove anos e estava para ter sua terceira criança ou, segundo o que ela acreditava, seu terceiro menino após os gêmeos Jaehaerys e Maelor.
— Está tudo bem, minha querida. Você já fez isso antes - Disse Alicent Hightower, levando a sobrinha para o quarto. Era incrível a semelhança entre as duas, tanto na aparência como na personalidade. — E sei que os deuses irão abençoá-la com outro menino.Olivia remexia-se na cama, os lençóis verdes agora encharcados de suor. A dor vinha em ondas implacáveis, atravessando seu ventre como punhais inclementes. Cada contração arrancava um gemido de seus lábios pálidos, enquanto a Hightower se contorcia, gritando.
Seu rosto estava banhado em suor e o cabelo ruivo, antes cuidadosamente arrumado, agora estava emaranhado e grudava em sua testa molhada. O calor de seu corpo febril parecia incendiar o quarto, tornando difícil respirar. As mãos trêmulas acariciavam seu ventre, tentando acalmar a dor que parecia insuportável.
— Tia, está doendo muito... - Olivia choramingou, agarrando a mão de Alicent. — Sinto que vou morrer nesta cama.
— Não diga isso, Olivia. Eu estou aqui, não deixarei que nada...
— Onde ele está? - Ela perguntou com a voz embargada pelo choro, sentindo o lençol abaixo dela ser encharcado por seu sangue. — Onde Aegon está?
O silêncio da rainha verde foi resposta o suficiente. Olivia sabia onde seu marido estava, nos bordéis da cidade, bebendo e se divertindo com prostitutas enquanto ela enfrentava sozinha o momento mais doloroso de sua vida. A ausência dele era um golpe tão cruel quanto as dores do parto, um abandono que a deixava ainda mais vulnerável e desamparada.
— É claro. O importante para Aegon é encher a cara e transar com suas putas... - Olivia mordeu o lábio para abafar um grito de dor, sentindo o gosto amargo do sangue em sua boca. — Eu sou a esposa dele, eu sou mais importante!
Olivia se sentia traída e abandonada, com o coração pesado de rancor. Em sua mente, ela quase conseguia ver a imagem de Aegon rindo, rodeado por mulheres, enquanto ela suportava sozinha a dor lancinante do parto. A raiva ardia em seu peito, alimentada por cada pontada de dor.
A única companhia da princesa era sua tia Alicent, a única que parecia realmente se importar com ela. Contudo, a presença da rainha não conseguia preencher o vazio deixado pela ausência de Aegon. A princesa sentia-se terrivelmente só, uma prisioneira da sua própria dor e amargura. As paredes do quarto pareciam se fechar ao seu redor, intensificando a sensação de isolamento.
O tempo parecia se arrastar, cada minuto uma eternidade de sofrimento. Finalmente, a sensação mudou. As contrações ficaram mais intensas e frequentes, sinalizando que a criança estava prestes a nascer. Olivia sentiu uma pressão esmagadora, o corpo inteiro queimando em um esforço supremo. Ela gritou, a dor atingindo um pico insuportável.
E então, em meio ao seu grito, o som do choro de um bebê preencheu o ar. Olivia, exausta e suada, caiu para trás na cama, ofegante. Por um breve momento, uma esperança tímida brilhou em seus olhos. Ela ansiava por um filho, um terceiro menino que pudesse restaurar um pouco de sua dignidade perdida e talvez agradar seu marido. Mas quando o meistre lhe entregou a criança, o rosto de Olivia se desfez em decepção.
— É uma...
— Menina - Olivia completou a frase da tia com a voz carregada de frieza.
Seus olhos, que por um instante haviam cintilado de expectativa, agora se apagavam com amargura. Ela olhou para o rostinho inocente da filha e sentiu uma onda de frustração. Não era o menino que ela desejava, não era o filho que poderia mudar sua sorte com o marido. A decepção se somou à dor física e emocional, deixando-a ainda mais desolada.
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𝐖𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒 • 𝐀𝐞𝐠𝐨𝐧 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧
Любовные романыOnde Rhaenys Velaryon se apaixona por aquele que deveria ser seu inimigo, envolvendo-se na Dança dos Dragões e em uma guerra de corações.