os Relatos de Letizia

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E lá estava ela, sendo guiada pelo príncipe até o camarote onde estavam Felipe e aparentemente algumas pessoas mais. Ela olhava para trás esporadicamente, para Sol, que sorria como se ao lado de Letizia estivesse a salvação a todos os problemas e não o início deles, provavelmente. A jornalista torcia para que ninguém a tivesse visto com Felipe, ela não queria que houvessem especulações sobre algo que não existia. Ambos chegaram ao camarote e não, o príncipe espanhol não estava sozinho, naquele ponto, Letizia não sabia se ficava aliviada ou nervosa, afinal, pessoas observando-a com o príncipe era a última coisa que ela queria. Felipe a levou para onde ele estava, que era em uma mesa no ponto mais escondido possível, algo que ela agradeceu silenciosamente.

- quem era? - perguntou ele. Ela sabia do que ele estava falando, era óbvio. Era de David, quem decidira que seu objetivo de vida era transformar a vida de Letizia num inferno.

- un quase algo que também eh colega de trabalho. - Felipe não estava bebendo, havia uma garrafa de cerveja na mesa onde ele estava, mas ela estava fechada. Ele ouvia as palavras dela com alguma dificuldade por causa da música alta, mas estava com os olhos azuis focados nela.

- quase algo? - perguntou curioso apoiando a mão na mesa muito perto da de Letizia, tão perto que ela podia sentir o calor que emanava do seu corpo.

- fomos mais que amigos e menos que namorados, da para entender assim? - ela disse querendo cortar o assunto. A verdade era que depois de tanto tempo e de tantas conversas com a melhor amiga e a avó, Letizia sabia muito claramente que aquilo não poderia ser chamado namoro, muito menos poderia ser uma amizade. No fim das contas, era quase algo, quase um namoro, quase uma amizade, quase um amor, mas era só quase. Felipe pigarreou de leve porque notou que ela não havia escutado sua seguinte pergunta. Ela fixou o olhar no príncipe.

- e porque vocês terminaram seja lá o que tinham? - Felipe perguntou abrindo a cerveja. Letizia dispensou a pergunta com um gesto, deixando claro que não falaria mais nada. O príncipe entendeu o gesto, ele assentiu de leve despejando a cerveja no copo que tinha a sua frente e oferecendo-o a Letizia, que negou com a cabeça.

- você não bebe? - ela fez que não com a cabeça. Era mentira, ela bebia sim, mas ali, com ele não queria beber nada. Geralmente, Letizia bebía pouco, uma ou duas taças de vinho e só, mas não estava no clima de festa, muito menos depois de ter sido feita de idiota por Felipe.

  - vamos lá, o que houve? Realmente tem algo errado aqui. - disse ele notando o incomodo da moça. Era verdade, foi Letizia quem foi atrás dele, somente porque queria fugir de David, também era verdade que ele não era uma má companhia, mas ela ainda sim se sentia irritada com a situação na qual foi colocada na vez anterior em que se encontraram, que aliás, havia sido a primeira vez que haviam se visto. Ele seguia encarando-a fixamente com aquele par de olhos azuis tão intensosquanto o céu de Madrid.

  - você sabia que eu estaria aqui, por acaso? - a pergunta fez Felipe afastar-se dela de leve, encostando o corpo no encosto gelado da cadeira. Letizia sabia que não deveria falar com um príncipe da maneira como falou, usando o tom que estava usando naquele momento, mas ela não sabia o que fazer e estava irritada.

  - perdão? - ele pareceu confuso e um tanto surpreso com o tom que ela usava.

  - eu sei do plano que você armou pra se encontrar comigo! Você não tem vergonha não? - Felipe levou a mão ao peito claramente ofendido. Ela poderia se sentir mal por ele, mas não conseguia, ela estava irritada demais com ele para pensar no que ele sentia.

  - eu não entendo...? - ele disse confuso e ofendido.

  - eu fui ao jantar pensando que era só um convite do Manuel, mas não, foi você que quis que eu estivesse lá! - ela explicou claramente alterada. Ele fechou os olhos por um instante. Depois os abriu e baixou de leve a voz e a cabeça.

  - desculpe-me, eu não sabia que a senhorita se sentiria enganada. - o tom dele era doce, tão doce que fez a raiva dela recuar um pouco.

  - eu não queria ofende-la. - continuou ele ainda no mesmo tom. Agora com as costas afastadas do costado da cadeira e olhando-a nos olhos. Ela tá ambem o encarava.

  - podemos começar de novo, se a senhorita quiser... - Letizia não esboçou nenhuma reação enquanto Felipe levantava-se e estendia a mão. Ela levantou-se também.

  - vamos fingir que aquele jantar nunca existiu e que esta eh a primeira vez que nos vemos... - explicou ele esticando a mão para ela.

  - podemos fazer isso? - pediu ele espera do que ela apertasse sua mão. Letizia o fez, mesmo sabendo que não devia, mesmo sabendo de quem ele era filho e quem ele era, o principe, coisa que ela julgava que lhe traria problemas mais tarde. Mas ainda assim, ela apertou a mão dele e sorriu ao ver que ele também o fazia. Talvez, só talvez eles pudessem tentar outra vez e quem sabe serem bons amigos.

um conto sem fadasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora