Letizia não era supersticiosa; mas, assim que abriu as janelas e sentiu o vento gelado bagunçar seus cabelos e arrepiar sua pele, ela soube que o dia não seria dos melhores. O clima estava estranho naquela manhã, havia sol, mas havia um vento terrivelmente frio. Letizia notou uma fina camada de gelo formar-se na base da janela do lado de fora do apartamento, do mesmo jeito que se formava, a camada de gelo derretia. Pequenos e finos flocos nevados marcavam as janelas, mas começavam a derreter-se por causa do sol. Em Madrid não nevava muito, em geral, quase nunca, mas as vezes podia acontecer, como naquele dia. Ver aquilo fez a Asturiana lembrar-se de casa, em Oviedo a Neve era mais comum, não tanto como nas montanhas, claro. Mas, Letizia tinha memórias vivas de como ela era obrigada a usar um milhão de roupas para se proteger do frio, e de como nem ela nem suas irmãs podiam usar o aquecedor por causa do preço da luz. Lembrava de tremer de frio sentada na cama, abraçada com as irmãs e cheia de roupas. Ela não gostava tanto assim da neve, geralmente não era bom sinal.
A manhã passou lentamente, ela estava em casa o dia inteiro, estava feliz, embora não gostasse de se ausentar do trabalho, ganhará o dia de folga, e ela agredecia silenciosamente por não ter que sair com o frio que fazia lá fora. Havia algo mais, sua cabeça estava focada no encontro que teria com o príncipe em pouco tempo, só de pensar nisso, Letizia sentia um gosto metálico na boca, ela não tinha porque ficar nervosa, mas não podia se controlar. Estava aliz sentada no sofá da sala, lendo...
Ou melhor, passando as páginas do livro fingindo ler, até escutar uma batida na porta. Ela levantou-se de sobressalto, caminhou até a porta e, com mãos trêmulas, destrancou e girou a maçaneta para abrir. Assim que o fez sentiu o ar ser tirado dela. Ali estava ele, de pé a sua frente, uma camisa azul clara, causas brancas de tecido mais grosso e um casaco também branco. Ele sorriu quando a viu abrindo a porta.- oi... - ele disse abraçando-a, Letizia não disse nada, nem tentou impedi-lo. Foi um abraço rápido, assim que se afastou, ela o deixou passar e notou que haviam seguranças com ele, a linguagem corporal deles dizia que algo estava mal, mas Felipe claramente não se importava. Ele entrou e ela fechou as portas atrás de si. Ele a esperava, de pé perto dela. Letizia caminhou até o sofá e com um gesto fez Felipe se sentar. O clima entre eles era no mínimo curioso, ela não sabia por onde começar, e ele parecia ter muitas coisas para dizer. Eles ficaram se olhando por alguns segundos e isso foi suficiente para pequenos choques percorrerem o corpo de Letizia, Ela sentia sua pele quase que formigar. Foi Felipe quem quebrou o silêncio.
- eu fiquei preocupado... - ele começou, pronunciando as palavras calmamente, seus olhos azuis passeavam pelo rosto de Letízia, até encontrarem o olhar dela.
- desculpa... - ela disse sustentando o olhar do príncipe.
- você e eu quase não nos falamos, e você não falou nada dos brincos. Achei que não tivesse gostado deles. - involuntariamente, Letizia pões o cabelo atrás da orelha e Felipe viu que ela seguia usando os brincos que ele lhe dera, o príncipe herdeiro deu um sorriso.
- eu tava confusa. Mas amei os brincos, são lindos! - mais um sorriso dele, o coração de Letizia fez um polichinelo dentro do peito. Mas então, ele ficou sério e segurou uma das mãos dela.
- confusa...? - perguntou, deslizando o polegar delicadamente pelas costas da mão dela. Letizia sentiu o impulso de puxar a mão de volta, mas não o fez. Ela suspirou, nervosa, e começou.
- meses antes de conhecer você, seu pai me procurou. - ela viu a expressão de Felipe endurecer, aparentemente, a menção ao pai o deixou desconfortável. Letizia sentiu um alívio quase que imediato. Ela estava apaixonada pelo filho do "rei*, por quem Letizia nutria o extremo oposto de carinho. Felipe não se sentia confortável ao falar do pai, isso a vez se questionar pela milhonezima vez se ele realmente seria com o "reizonho". Ali estava parte da sua resposta. Mas, havia algo mais, Felipe não demostrara surpresa, talvez porque já esperasse uma atitude assim vinda de seu pai, ou porque...
- eu sei... Sempre soube, na verdade. - ele disse começando a soltar a mão da jornalista, que não o impediu. Felipe viu como uma onde de surpresa e depois de irritação passavam pelo rosto de Letízia, ela mordeu o lábio para segurar uma resposta atravessada que sentiu vontade de dar ao príncipe. Em vês disso, ainda olhando-o nos olhos questionou.
- você veio atrás de mim, mesmo sabendo que seu pai me queria como amante? - ela controlava a voz, mas o gosto metálico voltara a sua boca.
- de primeira, eu não pensei em você assim, quer dizer, eu não imaginava que poderia me apaixonar a primeira vista por alguém. Meses depois do meu pai ir atrás de você, eu te vi na tv, nós estávamos em Mallorca. Meu pai reclamou comigo, dizendo que Europa não deveria me interessar por alguém que o tinha feito de idiota. Quer dizer, você o rejeitou, e ainda ameaçou o rei da Espanha. - na última parte, Felipe sorriu com uma admiração evidente. Letizia teve que dar um sorriso. Ele voltou a segurar a mão dela. A jornalista não disse nada, apenas o deixou continuar.
- então eu continuei te acompanhando enquanto estávamos lá, depois, de volta a Madrid fui atrás de você, eu precisava te conhecer. Se apaixonar por alguém a primeira vista pode ser superficial, mas depois de passar tempo com você, tive certeza do que sentia. Esses dias foram especialmente difíceis. Tive medo de te perder de vez. - a voz do príncipe tremeu enquanto ele pronunciava a última parte. Letizia sentiu o coração disparar mais uma vez, ela não imaginava que Felipe sentia tudo aquilo. De repente, ela sentido algo quente escorrer pelas bochechas e só notou que chorava, porque Felipe levou a mão ao rosto dela para secá-lo. Um sentimento de culpa veio sobre Letizia, Como um cobertor enorme, mas esse cobertor era feito de gelo. Ela abriu a boca para pedir desculpas, mas Felipe fez que não com a cabeça, ele acariciou seu rosto por algum tempo até notar que ela já não chorava. Então, o príncipe esperou que ela falasse.
- eu não queria que você sofresse. Eu não podia imaginar... Felipe, ainda existem coisas que eu preciso que você saiba. E eu ainda tenho medo.... - ele aproximou-se mais dela, ainda segurando sua mão. Letizia tinha seus motivos para ter medo. E se ela contasse do aborto e ele a odiasse por isso, e ainda havia Alonso. Parte sombria da vida de Letizia, que em geral, ela ignorava, mas, Alonso era parte importante dos motivos pelos quais Letizia não queria estar com ninguém.
- tudo bem, eu estou aqui para ouvir você. Letizia, nesse momento Eu tenho apenas uma certeza, eu quero estar com você. Não imposta o que seja, eu vou te entender, ou me esforçar pra isso. Eu não tenho pressa. - isso a fez querer beija-lo, e foi exatamente isso o que ela fez.
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um conto sem fadas
Fanfictionas pessoas sempre pensaram que se casar com um príncipe, tornar-se princesa é a realização de um conto de fadas. Mas, será que é? Letizia poderia dizer que não, definitivamente não.