os Relatos de Letizia

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A jornalista estava tão atordoada que dirigiu para casa no piloto automático, nem mesmo Letizia sabe como foi que ela conseguiu chegar ao apartamento sem se matar nem matar ninguém sem querer no processo. A verdade era que, Letizia não sabia se se sentia culpada, sim, ela estava com aquele sentimento de culpa outra vez, Letizia sentia que aquilo tinha sido um erro, o problema eh que as vezes, só as vezes, os erros beijam bem... Mas, também havia a outra parte dela, a parte que estava feliz com aquilo tudo.

  - como eh que eh?! Ele te beijou...?! Vocês se beijaram....?! - uma hora mais tarde, Sol estava sentada no sofá da sala, escutando a história do encontro tão concentrada, que Letizia só teve certeza de que ela a ouvia quando a melhor amiga começou a gritar.

  - será que dá para você parar de gritar e me ouvir?! - disse a Asturiana apoiando as duas mãos nos ombros da amiga. Sonsoles respirou fundo.

  - tá, tá! Fala... - disse intediada. Sonsoles já sabia exatamente o que a melhor amiga ia dizer.

  - isso não deveria ter acontecido... Aí! - ela foi interrompida por um tapa leve da melhor amiga na perna.

  - por acaso foi ruim? - Letizia fez que não com a cabeça.

  - então! - disse Sonsoles como se isso resolvesse tudo. Letizia fez uma careta.

  - Sol, ele eh... - ela foi interrompida.

  - "um principe". Eu juro que se você falar isso mais uma vez, eu vou te bater. Letizia, você ta gostando dele, se não estiver apaixonada, pelo menos tá afim dele. Para de ignorar isso! - Letizia baixou a cabeça frustrada. Ela sabia que a amiga tinha razão. E, claro, Letizia não tinha absolutamente nenhum argumento para rebater a amiga.

  - ei? - chamou Sol apoiando uma mão na mão da melhor amiga. Letizia levantou os olhos.

  - só relaxa um pouco e não tenta levar as coisas a sério demais. Curte o momento, tá? - Letizia assentiu sem nenhuma emoção.

  - agora eu tenho que ir, ainda tenho dois roteiros para entregar. - ela se levantou, ao que Letizia fez o mesmo, a Asturiana acompanhou a melhor amiga até a porta e se despediu. Assim que Sonsoles saiu, Letizia se jogou no sofá. Ela queria "curtir o momento", mas não sabia se seria capaz de fazê-lo. Letizia sempre soube que era intensa demais, tudo o que sentia era intenso: o amor pela profissão, o amor pela família, o amor pelo ex marido e até mesmo o que chegou a sentir por David era intenso. Letizia não sabia ser menos, ela não podia ser. E ela tão pouco podia se apaixonar por Felipe, por dois motivos simples, um: se isso acontecesse, eles nunca poderiam estar juntos, afinal, ela era uma "simples" jornalista e ele o príncipe herdeiro da Espanha, e dois: Letizia sabia muito bem que, uma vez apaixonada, sempre apaixonada. A menos, eh claro, que o Felipe fizesse alguma coisa tão ruim a ponto de destruir os sentimentos da moça, como nas duas ocasiões anteriores. E claro, havia o motivo que Letizia considerava o mais marcante, além dos sitados acima, Felipe era um Borbón, e agora Letizia não se referia a coroa, mas sim a família. A história e as atitudes dos homens dessa família (inserir aqui nomes como: Juam Carlos e Alfonso XIII, ou até mesmo Juan, avô do príncipe), não os deixaram precisamente com fama de bons maridos, bem pelo contrário, na verdade. E se eles se casassem e Letizia terminasse com o nome na lista das esposas traídas, deixadas de lado e ainda por cima com um país nas costas? Para início de conversa, a Asturiana jamais aceitaria uma traição, para ela isso era motivo suficiente para divorcio. Obviamente, as mulheres da casa real dos Borbón nunca o fizeram, claro, isso significa que ela, Letizia, seria a primeira em fazê-lo. Sem importar o que estivesse em jogo, ela poderia amar Felipe, mas ela amava mais a si mesma. No fim de todos esses pensamentos, ela acabou dormindo ali mesmo, acordando horas mais tarde com Ericka, sua irmã mais nova,  batendo na porta.

um conto sem fadasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora