Tinteiro De Palavras

Capítulo 14 - O Tempo Que Leva.

Estamos evoluindo, cada ano que se passa um passo novo é dado rumo a novas descobertas. Não crucifico nada novo, mas, sempre me questiono sobre o que estamos fazendo com velhos costumes. Pensem bem, o tempo está passando, temos a chance de ter um milhão de fotos a nossa mercê, mas, estamos perdendo a essência, hoje em dia quase ninguém aprecia uma bela paisagem.

Certas coisas levam tempo, bem, pelo menos as melhores coisas. Não podemos desejar que tudo ocorra com rapidez, o charme da coisa está no tempo que se espera até tudo estar pronto, não sei, eu sinto que estou desvirtuado. Li um livro, me conectei com a história, me vi no personagem industrializado pela modernidade, e lamentei estar distante da personagem conectada com o universo de forma majestosa.

Estou desejando me sentar em um canto belo, calmo, distante de toda a confusão que é uma cidade grande. Anseio pela chance de poder gritar até perder o ar, depois fecharei os olhos na tentativa de apagar minha existência humana, enquanto me conecto com a vida de uma forma singular.

Quero dissipar meus pensamentos, sentir o cálido selar do universo, apreciar minha insignificância tendo noção da preciosidade humana. Seria a realização de um desejo, poder me perder nas violentas correntes de ar, ser arremessado contra os meus medos, e aprender a me apreciar do mesmo modo que aprecio belos corpos.

O tempo não dita as regras, mas com certeza dita a forma que enxergamos certas coisas. Demorei anos até aprender que há beleza de uma flor está em sua demora em desabrochar; estamos perdendo o foco, uma foto no telefone está valendo mais do que a apreciação com nossos globos oculares. Não há tempo a perder, precisamos recuperar aquilo que perdemos, a vida é bela em toda sua magnitude, podemos apreciar cada microssegundo, só precisamos deixar o costume de expor locais de lado, e criar o costume de sentir cada instante como se fosse o último.