Lara
As horas passaram rápido enquanto eu aproveitava a paisagem embaixo da única árvore perto do lago. Eu gosto desse lugar, eu vinha quando pequena, sempre pra fazer piquenique aos domingos.
Ouvir o ronco vindo minha barriga me lembrou que eu não tinha comido nada desde de ontem. Fui a barraquinha e comprei um lanche de bacon. Matando minha dieta a facadas.
Voltei pro meu banco e curti mais um pouco ate chegar um grupo de criancas pra começar a brincar perto de mim. Não sou muito fã de pessoas menores de 18. Sai rapidamente, me deitei em uma rede em baixo das árvores, esse era meu segundo lugar favorito no parque. Era silencioso muitas pessoas vinham ali pra estudar ou dormir. Eu aproveitei e tirei um cochilo.Kevin
-O que foi que você tanto olha pra lá?-disse Kim olhando pra trás.
-Nada. -continuei olhando, era Lara, que eu preferia chamar de bela adormecida. Ela estava perto do lago até umas crianças chegarem então ela saiu pra se deitar na area da sonolência.
-Claro! E é por isso que voce continua olhando pro "nada". Quem você viu lá? -indagou
-Não vi ninguém Kim, paranoia sua. Estou admirando a paisagem.
-E eu sou o Bozo!-murmurou.A tarde passou rápido, Kim falou de suas novas habilidades culinárias e eu contei como tava sendo o trabalho e a aula de boxe. Estávamos arrumando as coisas quando notei a Lara vindo pelo caminho, ela não me viu ou pelo menos fingiu não ver. Ela estava de short e blusa de ginástica, tinha uma garrafa de água e um iPod nas mãos. Continuei observando até do nada ela cair.
Levantei correndo e fui até ela. E vi o frisbee do lado dela, olhei em volta e vi uma das crianças com uma cara de culpa olhando pra ela.-Você tá bem? -falei tocando em seu braço.
-Ai! Tá doendo tudo. O que aconteceu? Só senti uma pancada na minha cabeça. -Ela falou sem olhar pra mim. Estava sentada, seus cabelos caiam sobre o rosto.
-Um frisbee acertou você e ai você caiu-segurei o riso. - Vamos eu te ajudo a levantar. - coloquei a mão embaixo do seu punho pra ela se apoiar.
-Aai! -ela gritou alto. -Aí dói muito. -disse e finalmente levantou a cabeça, se assustou quando me viu. -Você?
-Pois é, -dei os ombros- parece que você insite em cair na minha frente.
-E você insite em me salvar.
-Salvar? Acho que não. -olhei pro pulso e toquei.
-Ai, já falei que ta doendo. -ela gritou
-É eu sei. Consegue mexer?-perguntei, ela olhou e tentou mais gritou de novo.
-Não.
- Você tem que ir pro hospital. Acho que quebrou o pulso.
-Quebrou? -Ela arregalou os olhos como se tivesse algo peçonhento em seu braço. -Nao pode ter quebrado.
-Você tem que ir tirar raio-x pra ver. -disse.
Os olhos dela marejaram olhando pro seu pulso, ela estava realmente assustada.
-Vamos te ajudo a levantar.-dessa vez eu apoiei o outro braço dela, enquanto levantamos juntos.-Você deve ter convênio, pra qual hospital vamos?
-Vamos? -ela me olhou surpresa.
-Sim, você nao vai conseguir dirigir desse jeito.
-Não tenho carro.
-Vai querer pedir um táxi?
-Não tenho dinheiro pro táxi. - ela disse.
-Nem eu. -eu ri, aquela situação estava cômica.- Metro ou ônibus?
-Metrô. Hospital Florence Nightgale, sabe onde é?
-Sei. E é longe, o metrô não vai até lá. Vamos de ônibus.
Ela entristeceu e aceitou.
Olhei em volta procurando Kim, ela continuava em baixo das árvores só que me olhava rindo.
-Já volto-disse a Lara.
Fui até Kim.
- Não sabia que agora você era herói de donzelas indefesas- falou rindo.
-Engraçada. - sorri falso.- ela parece que quebrou o pulso vou leva-la ao hospital.
-Sem problema Dom Juan, eu volto pra casa sozinha. Vai lá.
-Ok-sai.
-Aguardo ansiosamente para ouvir esse conto. -ela gritou e a escutei rindo. Mas não respondi.Pegamos dois ônibus e a cara de Lara estava péssima. Levamos uma hora até dar entrada no pronto socorro. O médico pediu o raio x, como previ ela tinha quebrado. Estávamos sentados, ela tomava um anestésico na veia, já que disse mais de vinte vezes pro médico que estava doendo muito enquanto ele examinava.
-A propósito e antes que eu me esqueça, obrigado!
-Não foi nada.
-Eu até acreditaria se não fosse a terceira vez que você me salva.
-Salvar? Não salvei ninguém. E já falei que não foi nada.
-Você me salvou na primeira vez, poderia ser roubada ou coisa pior, na segunda você foi fofo. E hoje você foi um anjo que apareceu do nada.
-Você caiu na minha frente do nada nas três vezes. -sorri e ela também. O sorriso dela era lindo. Mas logo sumiu assumindo seus lábios baixos e tristes.
-Não tem ninguém que tenha que avisar? Alguém pra te buscar?
-Minha mãe ja vai me matar, não quero escândalo no hospital. E na hora de ir embora eu ligo pra uma amiga.
- Por que sua mãe vai te matar?
Ela abaixou os olhos pro pulso imobilizado, tristeza definia.
-Minha audição era semana que vem, e agora graças ao frisbee eu não posso dançar.
-Você dança?
-Sim, sou bailarina. E iria participar de uma audição pra entrar em uma grande academia, mas agora não vou mais. E minha mãe não vai olhar na minha cara por um mês.
-Sinto muito. -falei baixo.
-Pelo menos graças a você eu não tô no meio do parque gritando de dor.
Eu ri. Ela era engraćada as vezes.Saímos do hospital e tal amiga dela ja estava nos esperando.
-Obrigada mesmo! -ela disse antes de entrar.
-Por nada.
E então ela se foi.Depois de quase duas horas estava em casa. E Kim estava no sofá, sorriu maliciosamente quando abri a porta.
Sentei ao seu lado. Houve um breve silêncio, então falei:
-Antes que você comece. Eu não a conheço, ela caiu e eu fui ajudar.
- Sei. E você acompanha-la ao hospital foi pura cortesia?-ela disse com sarcasmo.
-Ela tava sozinha com pulso quebrado.
-Claro! -ela riu.- Meu irmão é um herói. - Ela disse ao me atacar com cócegas, consegui escapar rápido levantando do sofá.
-Herói nada menina. Para de bobagem, vou tomar banho. -sai pra não prolongar isso. Kim adora um romance. Uma vez aguentei um mês de "Kevin ta namorando" porque levei uma garota em casa.
Com a cabeça em baixo do chuveiro, lembrei do sorriso dela, por trás da pose ela era legal.
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Fatos do destino
RandomKevin cresceu na periferia, de tudo que podia ser aprendeu com seu irmão que a vida não era justa por isso roubavam para equilibrar as suas vidas. Quando seu irmão morre ele se vê diante de uma promessa que promete mudar sua vida.