Sonhos

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Lara

- Você quer me matar do coração? -grita Jade ao chegar nos fundos da academia. - Passamos a noite inteira te procurando.

-Perai, passamos? Quem?

- Sua mãe foi lá em casa hoje de manhã te buscar, eu ate tentei dizer que você tinha voltado pra casa mais não funcionou porque ela ligou pro porteiro e ele negou.

- Ah meu Deus! Ela vai me matar.

- Vai mesmo. Ela ta que nem louca rodando atras de você, ja foi no hospital, policia, delegacia mas nada de achar você.

Me calo enquanto ela dirige, de repente tenho uma ideia que talvez funcione.

-Jade?

-Hm?

- Ela foi na academia?

-Acho que não. Por que?

-Então passa na sua casa pra pegar uma roupa de ginastica que sirva em mim.

Ela faz o que digo mesmo sem entender, chega no carro com a sacola.

- Pronto!

- Agora vamos pra academia.

-Mas hoje é domingo Lara, a academia não abre.

-Eu sei, tem um lugar secreto onde ela esconde a chave.

Paramos na frente da academia e eu rezo pra dar certo meu plano.

-Certo. Agora você liga pra minha mãe e pergunta se ela já olhou na academia? Ela vai voar pra cá e ai eu me viro.

- Ok. Espero que dê certo seja lá o for fazer.

Sai do carro e Jade acelera. Pego a chave na caixa de correio e entro. Ligo as luzes, coloco a musica do meu solo e espero. Não demora muita a ouvir o som da porta batendo. Finjo estar dançando concentrada, de olhos fechados, sinto a presença dela mas continuo dançando. A musica acaba e é hora da cena.

- Lara minha filha onde você tava? Estamos feito loucas te procurando. - ela diz me abraçando e com certa emoção.

-Mãe, -finjo a surpresa. - estou aqui faz tempo. Acordei com boa disposição e resolvi aproveitar, achei que não se importaria.

- Mas porque não deixou um recado pra Jade, ela tambem esta te procurando.

- Esqueci e quando lembrei de mandar uma mensagem meu celular acabou a bateria. Quando cheguei aqui não tinha nenhum carregador então fiquei. Achei que saberia que estava aqui.

- É que..

- O que?

- É que eu nunca imaginei que você estivesse tão empenhada pra audição. - ela diz triste.

- Não posso perder mãe, é seu sonho. Não posso te decepcionar. -escorre um lagrima em meu rosto, mas essa não é falsa. Era a tristeza em não poder completar a frase. Em não poder dizer que era o sonho dela não o meu, eu tinha planos pra mim. Em não poder dizer que a frustação é dela e quem sofre sou eu.

...

Kelvin

Já se vai fazer um mês que estou trabalhando. Já ate acostumei a acordar cedo, agora não chego mais desmaiando em casa, cansado sim mas fico um tempo com a Kim já que ela fica sozinha todo dia. Ela tem sorrido mais e me sinto feliz tambem por estar fazendo a coisa certa. Não é facil mas no final ta valendo a pena.

- Aqui esta seu salario do mês.- diz Charles, meu chefe me entregando um envelope.- Você tem sido um otimo funcionario, continue assim e o envelope pode ficar mais pesado. - eu sorrio e ele sai. Ele é um cara legal, é simples e gentil. E bastante direto.

Olho dentro do envelope e não é muito mas vai dar pra passar o mês.

Quando sai da academia de noite passo e compro uma caixa de bomboms pra Kim, acho que nos dois merecemos.

Chego e ela está na cozinha tirando uma travessa do forno. Deixo as coisas no sofá e vou ajuda-la. Coloco na mesa e ela vem com os pratos. Pego o refrigeramte que comprei no caminho, fazia muito tempo que viamos um em casa.

- Ate que enfim uma refeição decente aqui. -eu digo e ela concorda.

- Parece que adivinhei, fiz sua comida favorita.- ela retira o aluminio que cobria a forma. - macarronada com queijo gratinado.

Meu estomago ronca e caimos na gargalhada.

- Perfeita como sempre, você cozinha muito bem pirralha. - digo satisfeito.

- É eu sei. - ela ri e se levanta tirando os pratos e colocando na pia.

Assistimos um pouco de TV depois jogamos um pouco de conversa fora.

Ela me fala das aulas e da amiga dela que faz um curso de artes a tarde.

-Aqui esta o dinheiro pra fazer as compras do mês, pagar as contas e comprar alguma coisa pra você. - digo entregando a quantia a Kim.

Ela analiza o dinheiro.

- Mais aqui tem quase seu salario todo.

- Sim. Acha que é o suficiente? - digo com esperança. A parte que me sobrou iria pagar a mensalidade da academia. Sempre quis lutar boxe, mas nunca precisei, sempre tive uma arma na mão. Mas isso é passado, alias vou fazer boxe porque é um sonho não porque quero bater em alguem.

...

Queria me escrever pra aula de boxe? -digo pro Charles que é o professor.

- Percebi que você se interessa. Desde que entrou aqui que fica de olho nas aulas. - ele escreveu meu nome na lista de alunos. - Voce faz as aulas de manhã cedo que não tem muito movimento.

- Aqui esta o dinheiro da minha primeira mensalidade. São 90,00 reais né? - digo contando e entregando o dinheiro a ele.

- Você não ouse me oferecer esse dinheiro. Você ja trabalja ondia todo aqui, se eu te cobrar é escravidão.

- Mas eu sou aluno, e todos pagam. -alego, não queria ser discriminado caso descobrissem. Se tem uma coisa que eu entendo é bulling.

- Fica entre nós esse detalhe. - ele diz me estendo a mão. -Alem do mais eu vejo nos seus olhos o quanto gosta da luta, é raro hoje em dia.

Sorrio e aperto sua mão.

Fatos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora