Chego em casa tentando fazer silêncio mas de nada adianta. Minha mãe está na porta da cozinha olhando pra mim.
- Foi você que me mandou sair! - digo já subindo as escadas.Desabo na cama, estou suada mas meu sono eh bem maior.
Kevin
-Vejo futuro em você. - diz Charles, ao final da aula de hoje. -Você tem vontade. Ja lutou alguma vez?
-Não mas sempre quis muito.
-É o boxe é um dos esportes mais vistos por aí mas poucos realmente se encontram nele.
-Você lutava boxe? -pergunto curioso.
-Sim, fui campeão nacional de boxe, vice-campeão da liga internacional. Mas fiquei velho-ele ri, parece estar pensando longe.
-Deve ser manero competir profissionalmente.
-É sim. Principalmente se você ganha. As meninas se jogam em cima e o dinheiro aumenta. Mas tem seus perigos também. - agora ele olha pra mim me analisando. - O que vai fazer depois do fim do dia?
-Vou pra casa.
-Hoje não. Vamos sair. Pra tomar uma cerveja, quem sabe ate assistir uma luta na tv.
Eu penso em Kim. Toda vez ela me espera acordada a noite.
- Ok. Agora vou lá pra frente. - saio e ele acena positivamente.
Mando mensagem de texto pra Kim.
"Vou sair com o chefe depois do trabalho, não me espere acordada. Boa noite, te amo. Kevin"...
- Eu já lutei com esse cara, lógico que na época ele era só um garoto mas me deu trabalho.
Eu rio e ele não tira os olhos da TV. Estamos em um bar no centro da cidade. O lugar é todo de madeira, bem rústico. Charles conhece o dono, que estranhamente fica no bar e não no caixa, então nossa primeira rodada foi cortesia.
Não queria beber, mas seria chato porque ele me chamou pra "tomar uma" então aceitei apesar de estamos aqui a mais de uma hora e eu ainda estar no primeiro copo.
- Eu sei reconhecer alguém bom. E esse garoto é bom. - olho pra tv e a luta tinha acabado o juiz erguia o braço de um deles. Todos gritavam seu nome Yuri Markov. Ele tinha o cabelo escuro, um corte no supersilio e o lábio inchado. Não sorriu em nenhum momento.
Já era tarde, mesmo se fosse sexta e no dia seguinte eu não fosse trabalhar, eu não via a hora de deitar.
-Acho que tá ficando tarde. -digo tomando o último gole do copo. -Acho que vou indo.
- E está mesmo. Pra solteiros como eu a hora que você chega em casa não importa tanto. Mas sua mãe deve estar preucupada.
Mãe e preocupada nunca estiveram na mesma frase quando se tratava da minha. Ela sempre esteve lá mas nunca foi mãe. Joe sempre que independente de ela estar lá ou não eu tinha que cuidar dela. Mas depois da morte dele ela não olhou mais na minha cara e a uma semana sumiu. Ninguém sabe ninguém viu. Eu não sinto falta mas Kim parece se preucupar.
-Não moro com minha mãe. -falo indiferente.
-Não tem mãe nem namorada. Você é sozinho garoto?
-Tenho uma irmã mais nova. E como sabe que não tenho namorada?
- Eu sou macaco velho garoto-ele ri enquanto coloca a mão no meu ombro- você não tem nada no dedo, não recebe ligações, e nem tem cara de apaixonado.
-Hum.
Ele se levanta, pega a jaqueta e deixa o dinheiro em cima da mesa.
-Vamos eu te dou uma carona.Lara
Não fui pra academia, acordei o sol ja estava se pondo. Minha mãe não chegou ainda de lá e não vai chegar tão cedo. Meu estômago ronca, e eu tô fedendo. Ligo e peço uma pizza enquanto a banheira enche. Coloco alguns sais de rosas e me deito. Estava tão relexada. Aquelas bebidas ontem tiraram tudo da minha mente, e ainda teve aquele cara me elogiando. O que mais eu podia querer? Uma mãe que me deixasse ir pra faculdade ao invés de querer que eu fosse a bailarina que ela não conseguiu ser. Mas isso nunca vai ser real. De repente a companhia toca. Eu pego a toalha, enrolo em volta do corpo e saio correndo.
- La-Lara? -o moço gagueja tentando ler o papel ao inves de me olhar.
- Eu mesmo- sorrio deixando ele mais constrangido ainda.
-Total de R$45,50. -ele fala e baixa a cabeça e disfarçadamente olha pras minhas pernas.
-Só um minuto. -pego uma nota de cinquenta, e lhe entrego enquanto Ele me passa a pizza.- Pode ficar com o troco de gorjeta.
Ele me encara envergonhado. Agradece e sai, antes de descer as escadas olha mais uma vez e eu sorrio e aceno.
Meu jogo favorito é provocação. Homens geralmente se intimidam comigo, tenho um metro e setenta e e pernas espetaculares. E me divirto com isso. Como diria a Jade, eu massageio meu ego (já elevado) com a inferioridade masculina.
Minha mãe chegou bem depois. Como de rotina ela brigou comigo por ter saído da dieta, e sitiou os vários lemas de uma bailarina de sucesso e o mais importante deles que é a determinação. Assim que ela cansou eu voltei a assistir mais um episódio de Pretty Little Liars, permaneci as si até de manhã, não tinha sono quando o sol nasceu. Então peguei meu tênis e fui para o parque.
Domingo de manhã não é o dia que as pessoas normais escolhem pra fazer caminhada então era eu e mais uma senhora e seu cachorro. Caminhei durante duas horas, sem perceber. Parei em frente ao lago, e sentei no gramado. O sol estava subindo rapido e o dia prometia ser quente....
Kevin
-Acorda! Acorda! -gritou a Kim no meu ouvido, abrindo a janela do quarto pra luz tentar fazer o que ela não tava conseguindo. -O dia está lindo la fora. Não vamos ficar em casa que nem velhos. Domingo é dia de família!
-Eu sou a sua família, estamos juntos, viva a familia. Agora me deixa dormir-falo com sonolência e curvo meu rosto com o travesseiro.
- Já vi que tá engraçadinho. Anda logo, eu já arrumei a cesta só falta você levantar pra irmos pro parque.
-Parque? Cesta? De onde você tirou essa ideia. Ou pior de onde vc tirou dinheiro pra isso?
-Ideia de gente feliz, dinheiro que sobrou. Respondidas as perguntas eu te espero na sala em cinco minutos. -deu um tapa na minha cabeça e saiu.Já era pouco mais de onze quando cheguei no parque com Kim e sua cesta de piquenique. Achei a ideia um tanto ridícula mas ela queria porque queria isso. Escolhemos um lugar onde vissemosno lago a direita e fosse em baixo da copa das árvores. Não éramos os únicos, tinham vários casais e famílias por ali. O almoço no parque era um programa mais comum do que eu pensava. Kim esticou a toalha quadriculada azul e dispôs a cesta em cima.
-Temos suco de laranja, pão com manteiga e bolinhos de chocolate, que minha professora insiste em chamar de bronwie.-ela fez uma careta.-todo mundo sabe que eh bolo de chocolate.
- Não me contou como foi essa semana de aula. Já vi que adorou sua professora. - falei rindo.
-Ela é a personificação do mal em forma de professora mas sabe muita coisa. O curso é maravilhoso, todo dia aprendo muitas coisas e estamos preparando uma feira de cupcakes. Testaremos nossas habilidades de confeiteiros.-os olhos dela brilhavam ao falar.
-Que bom que está gostando. E ai tem amigos?
-Tenho um amigo ele é bem mais velho e parece sempre no mundo da lua. Mas é uma boa pessoa.
- Que bom!
-Mas e você saindo com o chefe? Amigos?
- Ele é um cara legal, e solitário.
-Hum. Igual você.
-Não sou solitário tenho você. -falo abrançando-a.
-Ai que lindo, uma declaração de amor é sempre bem vinda. -ela sorri.
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Fatos do destino
AcakKevin cresceu na periferia, de tudo que podia ser aprendeu com seu irmão que a vida não era justa por isso roubavam para equilibrar as suas vidas. Quando seu irmão morre ele se vê diante de uma promessa que promete mudar sua vida.