O que você faz aqui?

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Desci correndo as escadas do prédio, minha cabeça chacoalhava tentando absorver a informação. Cheguei no beco e reduzi a velocidade, quanto mais me aproximava mais lento eu ia.
Olhei pra ele fixamente, agora não restava dúvidas, era ele. Tinha marcas vermelhas no braço e na cabeça e sua roupa estava suja. Tentei chamar mas ele não me respondia. Então não tive escolha, cutuquei ele e tentei desperta-lo. Nada aconteceu. Coloquei meus dedos em seu pescoço pra se havia pulso. Ele estava vivo, menos mal. Mas ele ainda não acordava.

Olhei dos lados pra ver se via alguém passando, alguém que me ajudasse. Ninguém. Tentei levanta-lo, sem sucesso, ele era maior que eu e mais pesado. Fiquei lá por um momento, não sabia o que fazer, cogitei a ideia de deixar ele lá mas apesar de tudo eu não era fria a tal ponto.

Meu celular começa a tocar, olho no visor, Jade.

-Preciso de ajuda! -atendo falando antes de qualquer fala dela.

-Olá Lara, eu estou bem e você? Claro que precisa de ajuda. Eu só ligo em horários oportunos- ela fala com sarcasmo e risos ao final.

-É sério!

-O que aconteceu dessa vez?

-Só vem pra minha casa, rápido, bem rapido, por favor.

-Você ta me assustando Lara, aconteceu algo?

-Eu tô bem, só preciso de ajuda.

-Estou indo.

Passaram se dez minutos e outra ligação dela.

-Porque você deixou a porta do seu apê aberta? E porque você não tá aqui?

Esqueci de avisar da parte que tava no beco. Ela não vai gostar.

-Vai na varanda da sala.

-Estou aqui.

-Olha pra baixo. -só vejo sua cara de espanto se formar.

-Não me explica, to descendo.

Ela chega seria e eu só peço pra ela me ajudar a levantar ele. Arrasto até meu sofá. Ela senta na poltrona sem reação e me olha sem dizer, eu ja sei que ela quer uma explicação.

-É o Kevin. -Eu começo.

-Eu sei.

-Eu também não sei o que ele tava fazendo aqui no beco da minha nova casa, eu só cheguei e vi.

-Ele ta vivo?

-Tá. Eu chequei o pulso na hora que desci. Só que ele não acorda, não responde.

-Vamos esperar então.

...

-Como é que eu vim parar aqui? -Ele pergunta.

-Essa pergunta é nossa. -Eu respondo. -Como você chegou no beco da minha casa? Como você sabia?

Ele para olha em volta se dando conta do espaço.

-Eu não sabia.

-O que você fez pra para aqui? -Jade pergunta.

-Como foi terminar desacordado no beco? -Eu completo.

-Eu não lembro. A última coisa que me lembro é ter sido encurralado por vários caras, mas consegui fugir. E então acordei aqui.

-Não faz sentido. Mas quem queria te fazer mal?

-Não tenho certeza. Acho que batizaram minha bebida também. Por isso não lembro de nada.

Ele olha pra janela e começa a passar a mão nos bolsos.

-Fui roubado! -Ele diz com voz fraca e cabeça baixa. -Me empresta seu celular?

Entrego, ele disca alguns números.

-Kim? Sou eu o Kevin.

Olho pra Jade que dá de ombros e sai. Corro até a porta.

-Onde você vai?-pergunto

-Embora. Você queria ajuda, eu vim. Agora eu fui. Essa história é sua e não sou curiosa a ponto de me me ter nela.

Eu só encaro e ela sai.

Me viro e ele observa, estende a mão me entregando o celular.

-Obrigada!

Eu pego o celular sem dizer nada.

-Obrigada por me tirar do meio da rua. Sei que não precisava.

-Estamos quites agora.

Ele sorri e há um silêncio.

-Então eu já vou. Obrigada mais uma vez.

-Por nada.

Ele abre a porta e sai.

...

Kevin

-Onde é que você estava? -Kim fala assim que eu abro a porta. -E por que a Lara tem algo a ver com isso?

-No beco, na lateral da casa da Lara. -Uma frase que explicava as duas perguntas. As perguntas seguintes é que não seriam assim de facil resposta.

-O que aconteceu? -Ela diz num tom de voz diferente e preocupado.

- Eu não sei. Só lembro de tomar um drink uns capangas do Dean me cercaram, eu fugi. E acordei na casa dela.

-O que os capangas dele queriam?

-Não sei, só me chamavam de traidor. Deve ser porque não aceitei a sua oferta.

-Tem que tomar cuidado Ken.

-É.

Levantando sofá e vou tomar banho. Não a nada mais leve que a água caindo sobre os ombros pra acalmar meus pensamentos.

Fatos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora