Obrigada pela ajuda

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Lara

-Sua mãe vai te matar!-disse Jade antes de parar em frente de casa
- Eu sei. Mas seja como for, vou sobreviver e ter tempo livre antes que ela me arrume outra audição.
-Você parece tranquila demais
-Faz algum tempo que não tenho mais medo da Dona Isabela.
-Hum.
Desci do carro e respirei fundo antes de subir. Não tinha medo mas não seria uma conversa fácil, na verdade nem sei se seria uma conversa.

Meia hora depois..

-Eu não acredito que você destruiu essa chance. -Minha mãe disse pela vigezima vez depois que eu entrei.
-Já disse que não fui eu. Eu cai quando um frisbee me atingiu.
-Não interessa. Você podia ter evitado.
-Ok mãe.
Fui pro meu quarto, entrei no banheiro e liguei o chuveiro. A água caiu sobre as minhas costas durante um bom tempo, tomando cuidado pra nao molhar o braço.

...

"Você sobreviveu? " -SMS da Jade.

"Sim. Mas como esperado ela não está falando comigo. Ou seja, me espere na sua casa a próxima semana. "

"Dos males o menor. Você pode até ir na faculdade comigo um dia. "

"Sim. Agora vou dormir porque o analgésico tá passando e meu pulso ta começando a doer. Beijos, até amanhã"

"Até. *kisses*"

A noite passou devagar, depois de falar com a Jade eu durmi umas quatro horas e daí em diante começaram as sessões de dor intensa. Eu acabei com o estoque de analgésicos orais de casa. Não consegui durmi.

A segunda-feira que eu não ia pra a academia ensaiar. Isso era estranho. Eu não durmi então sete da manhã eu estava no metrô indonpra casa da Jade. Saí antes que minha mãe acordasse, e com certeza ia pegar ela tomando café antes de ir pra aula.

Estava sentada esperando o metrô chegar, tomando café e tentando ler o gibi que eu tinha comprado. Era difícil manusear as coisas com um braço só.

-Oi! -de repente ouço. E meu coração vai de zero a cem em um segundo.
Minha mão vai no peito por reflexo como se conseguisse acalmar os batimentos frenéticos. Olho pro lado e Kevin está do meu lado agora rindo.
-Você sempre encontra um jeito de me encontrar?!
Ele ri.
-Você insisti em se infiltrar nos meus lugares habituais. Por exemplo hoje, nunca pensei que pudesse te encontrar tão cedo em num lugar público.

-Se você não tivesse me salvado três vezes eu pensaria que você é um maníaco perseguidor.
Ele não responde.

-O que faz por aqui tão cedo? -ele pergunta.

-Tô indo pra casa de uma amiga.

-Essa hora?

-Sim.

Nesse momento vejo alguém que nunca poderia aparecer na minha frente de novo. Eu não queria vê-lo, era pra ele ter morrido. Numa cidade tão grande como São Paulo não é possível ele vir pra mesma estação que eu. Eu devo ter perdido a cor, e minha expressão fácil não era das melhores, porque o Kevin me olhava de um modo preocupado.

Dean estava vindo pro lado onde eu estava. Ele tinha a mesma barba alinhada milimetricamente cortada, os mesmos olhos verdes, e usava uma calça vinho e uma blusa branca. Estava de mãos dadas com uma garota alta, esqueleticamente magra, e que usava um chapéu Preto, vestido de caveiras e bota.

A história do Dean, foi o meu primeiro trauma juvenil. Ele era meu namorado, todos olhavam pra nós e viam um conto de fadas Real. A bailarina e o bailarino, apaixonados, com o destino traçado. Só tem um detalhe, o Príncipe era um sapo. E todo mundo sabia mas ninguém teve a dignidade de me contar, até o dia de sorte em que ele teve o desprazer de ir no mesmo parque que eu. Ele estava se agarrando com uma loira de peitos a amostras, e útero quase aparente.

Ele não podia me ver, não com o pulso triturado, com olheiras de panda e moletom. Neste momento apliquei a teoria que aprendi em vários filmes e beijei o Kevin.
Acompanhei a passagem de Dean, até o outro lado, tudo isso ainda atacando os lábios de Kevin, que agora já me correspondia.
Me afastei assim que Dean sumiu de vista, e Kevin me encarava perdido.

Kevin

Que parte da minha vida eu pulei, porque do nada, numa segunda de manhã estava beijando Lara na estação de metrô. Ou melhor ela estava me beijando. Não que eu não tivesse gostado, mas nunca imaginei essa cena.
Qual é, tava na cara que ela era uma patricinha mimada. Não poderia beijar alguém que nem eu.

-Obrigada pela ajuda. Você sempre me salvando. E essa é minha deixa. - E ela em segundos estava dentro do metrô, antes de fechar a porta ela sorriu e acenou como se eu fosse apenas um conhecido e ela não tinha acabado de me beijar.

Essa garota tinha problema mental!

E que história é essa de ajuda? Processo de carência? Crise de alucinação?
Eu fiquei quase doido pensando nisso a manhã inteira.
Na aula o Mestre tinha proposto duelos. E nem preciso dizer que apanhei bastante.

-O que aconteceu hoje? -perguntou Charles.

-Não estou muito concentrado.

-Você ta sendo otimista. Você tá completamente perdido. E isso tem cara de uma coisa.. MULHER!
Charles tava me cheirando a vidente, ele sempre adivinhava o que eu tava pensando.

-Sim.

-Ela tiram nosso juízo.-disse me dando uns tapinhas nas costas.

Nem me fala..

Fatos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora