Inglaterra

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1 mês depois

Lara

Dia normal na academia, Jade se despediu e eu fiquei ensaiando mais um pouco. Depois fui a sala da minha mãe. Desde de que o roubo aconteceu ela só saía dali pra dar aulas, e mesmo assim não era mais a mesma, não tinha mais seu brilho. Ela estava abalada ainda pelo quadro, mas principalmente por eu estar aqui aquela noite.

-Tô indo embora mãe.

-Ok filha, jaja eu chego em casa também. -Ela disse sem olhar pra mim, sua cadeira estava de costas pra porta e ela contemplava a parede vazia onde um dia esteve seu quadro.

-Quer que eu espere pra ir com a senhora?

-Não, pode ir.

Então eu fui, era por volta das quatro da tarde, ela não chegaria antes das seis.

...

-Você já contou pra ela? -perguntou Jade, o meu celular estava no viva voz enquanto eu lavava alguns morangos.

-Não. Eu não sei como.

- Que tal. "Oi mãe eu vou fazer um teste pra estudar uma academia de dança da Europa, ah e a propósito o teste é semana que vem. "-Ela disse com sarcasmo. Mas ela estava certa eu precisava contar.

-Queria um jeito menos letal.

-Não tem jeito fácil com sua mãe, ela vai querer te matar de todos os jeitos.
Era verdade, não adianta eu ensaiar muito pra falar com ela, no final ela diria não e não me deixaria fazer.

-Não mesmo. Você acha que ela vai ficar mais amável quando me mudar pra Inglaterra?

-Provavelmente, mas eu ficarei muito mais chata, eu sou insuportável com saudades e se vc arrumar outra branquela pra reclamar da sua vida eu vou até lá pra te estapiar.

Eu ri.

-Tá Jade também te amo. Agora tenho que ir jaja ela chega e tenho que me preparar.

-Pra que?

-Psicologicamente.

-Ah! Boa sorte.

-Obrigada

Eu não tinha escolhido a Inglaterra, na verdade tudo aconteceu de repente. Jade ficou sabendo do teste em uma conversa com uma colega de faculdade. Na mesma hora ela me ligou, eu não pensei em nada só me inscrevi.

Mas era óbvio que minha mãe nunca deixaria eu ir morar tão longe. Eu tinha gostado da ideia de ser longe de São Paulo e longe de tudo que eu conheço. Longe das maluquices da minha mãe e suas dietas de bailarina obsessiva. Aliás eu já tinha até pensado em largar a faculdade de dança no primeiro semestre e começar a faculdade que eu queria. Numa Universidade de verdade, com livros, salas de aulas e contas gigantescas. 

...

Estávamos sentadas na mesa de jantar, ela trouxe comida japonesa, era saudável mas não era o que chamaria de saborosa, tinha aprendido a comer ao longo dos anos.

-Mãe, preciso te falar algo.

-Diga. -Ela disse entre um sashimi e outro. Ela adorava aquilo, comia com vontade mesmo, acho que era porque não tinha muitas calorias.

-Eu fiz uma inscrição. - Ela parou de comer e me olhou. -Pra uma academia de dança.

-Que bom filha, estou feliz que esteja interessada.

-Sim, o teste é semana que vem.

- Qual academia é?

Eis a pergunta do fim de uma conversa e o início da discussão.

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