Capítulo 43

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- Oi meu amor - falo assim que vejo Camila adentrar meu escritório.

- Eu já disse que odeio esse seu secretário? - fico sem entender. - Se ele sabe quem eu sou, por que ainda tenta me barrar? - parecia indignada.

- Talvez porque eu pedi para não ser incomodada? Você nem me avisou que estava vindo - me levanto.

- Não posso querer fazer uma surpresa pra você? - reviro os olhos.

- Claro que pode, e eu amei - me aproximo e toco seus ombros. - Está muito nervosinha ultimamente - ela bufa, tentando se afastar. - O que há? - seguro sua mão e lhe puxo até o sofá.

- Sabe que eu não gosto da ideia de você vir para o trabalho sozinha. Por que não me esperou? - suspiro.

- Eu te mandei uma mensagem avisando sobre o imprevisto que aconteceu aqui - ela fecha os olhos com força, também suspirando e se deixando suavizar a expressão.

- Tudo bem, me desculpe - pede por fim. - Mas você me entende? Entende que você é tudo pra mim e eu só tenho medo de te perder? - sorrio tocando seu rosto.

- Nunca vai me perder - nego com a cabeça. - Só porque aconteceu com ela não quer dizer que também vai acontecer comigo, não é uma regra - coloca sua mão sobre a minha.

- Acidentes acontecem em qualquer hora e momento, por isso o nome - ainda tenta.

- Nem sabemos se de fato a morte de Keana foi causada por um acidente - dou de ombros lembrando que nas coisas de Henry achamos muito mais que apenas aquela carta, e muitas coisas demonstrava o conturbado caso dos dois. - Mas independente de qualquer coisa, pare com esse medo bobo ou vai acabar tendo um troço, eu e o bebê estamos bem - seu olhar desce para minha barriga, fazendo seu sorriso se abrir instantaneamente.

- Estou ansiosa para saber o sexo - coloca uma mão na pequena protuberância.

- Nem me fale, Lucy sempre fica soltando indiretas quando me ver - resmungo.

Lucy é a única responsável por já saber o sexo do bebê e assim organizar a festa de revelação, já que ainda se sentia enciumada por ter sido Dinah a ser a primeira a saber sobre a gravidez.

- Sabe que ela faz isso apenas para te irritar - sim, é claro que eu sei. - E também logo isso vai acabar, afinal a festa será amanhã - claramente tenta desmanchar meu bico com um selinho seu.

- Qual é o seu palpite? - fecha um olho, fingindo pensar.

- Menino - parecia divertida.

- Acho que é menina - não sabia exatamente o motivo, mas sentia isso.

- Ih, alguém lá em casa vai perder o posto - sorrio.

- Jenna está apaixonada demais para entrar nesse joguinho.

- Tem razão, minha menina cresceu e agora na sua vida só tem espaço para o "Ed" - imita a garota e isso me faz rir.

- Que mamãe ciumenta - sequer faz questão de negar. - Vai almoçar comigo hoje? - decido mudar de assunto ao sentir minha barriga roncar. - Estamos com fome - faço uma caretinha.

- Também vim por esse motivo, fiquei sabendo que saiu sem tomar seu café da manhã - pressiono os lábios. - Sabe que não pode fazer isso. Os remédios não surtiram efeito? - solto um som incerto. - A médica disse que você só ficaria assim durante os três primeiros meses, mas já está indo para o quinto e nada mudou - levanta antes mesmo de terminar sua fala, indo até minha mesa onde meu celular tocava alto. Franze o cenho. - É sua mãe - faço uma careta.

- O que será que aconteceu? - seguro o aparelho, olhando fixamente o nome estampar a tela. Decido atender de uma vez.

- Grávida, Lauren?! - fecho os olhos com força. - Por favor me diga que isso é apenas uma brincadeira - olho para Camila que se encosta contra minha mesa, cruzando os braços enquanto me observa.

- E por que seria? A senhora sempre esteve ciente dessa minha vontade - sinto cada palavra dita por mim, e isso faz meu coração apertar pois mesmo eu sabendo como ela é, ainda tinha uma pequena esperança que todo seu jeito mudasse com o tempo.

- Você é uma mulher viúva, minha filha - reviro os olhos. - Sequer deixou o corpo de Henry esfriar! Não sabe o quanto está mal falada dentro da família.

- Que família? - retruco de imediato. - Porque eu desconheço essa palavra todas as vezes que ela vem de você - Camila pede o celular mas eu nego, me levantando em seguida. - Eu pensei que estivesse sido clara quando visitei vocês pela a última vez, pois lembro muito bem de impor respeito em qualquer conversa que pudesse vir. E se a senhora soubesse o quanto desejei uma mensagem respeitosa sua durante esse meio tempo... - olho para cima, pois meus olhos já se enchiam de lágrimas. - Não me trataria dessa forma - fungo ficando em silêncio, já me preparando para ouvir muito mais. Mas houve um silêncio prolongado, onde tive que comprovar algumas vezes que a linha não tinha sido interrompida. Por fim lhe escuto suspirar.

- Quantos meses está? - sua voz agora é calma e incerta.

- Quatro - limito minhas palavras.

- Já sabe o sexo?

- Ainda não, Lucy está preparando algo como um "chá revelação" - com o som de insatisfação eu podia apostar ser apenas por escutar a menção na minha amiga, afinal era sempre assim. Elas se odiavam.

- Eu... - suspira. - Eu e seu pai gostaríamos muito de participar desse momento, se assim você nos permitir - eu sei, talvez não devesse me deixar levar tão facilmente, mas o que eu podia fazer se isso era exatamente o que eu queria ouvir?

É claro que minha vida é perfeita com a nova família que formei, Camila me ama e acima de tudo me respeita. Mas sabe o que é pior? É que mesmo tendo tudo isso, ainda consigo sentir falta de algo, principalmente em momentos que vivencio quando estou com os pais de Camila, pois eles são tão perfeitos que se torna inevitável não comparar, e isso sempre me destrói cada vez mais. Só eu sei como gostaria do apoio dos meus pais nesse momento da minha vida, principalmente agora já que tudo é tão novo... como eu gostaria de poder ligar para minha mãe e saciar todas as minhas dúvidas através da sua experiência...

Suspiro me permitindo dar uma nova chance para a mulher através da outra linha.

- Te envio um convite com todas as informações. Eu e minha família ficaremos muito felizes em receber vocês - me despeço logo em seguida, desligando a ligação.

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