Capítulo 10

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- Acha que ela vai? - pergunto sem disfarçar meu nervosismo, sei que mesmo que eu tentasse, não passaria despercebido.

- Está muito preocupada para alguém que simplesmente ignorou os sentimentos dela.

- Dinah, por favor - eu sabia, essas piadinhas seguiriam por um bom tempo. - Cadê a sua mulher? Preciso que ela lhe controle melhor - vejo ela revirar os olhos.

- Já enviou? - olho para o celular em minhas mãos, a mensagem brilhando na tela aberta no contato de Camila.

- E se ela também me ignorar? - hesito antes que meu dedo pressionasse o envio.

- Nada mais que o justo - bufo.

- Você é uma péssima amiga - ela sorri largo, como se minhas palavras fosse algum elogio. - Fala o que realmente acha... - peço com uma voz arrastada. - Ou minha teoria está certa e você se bandeou pro lado dela? - ergo uma sobrancelha enquanto cruzo os braços.

- Você abandonada é a pior versão sua - abro a boca incrédula, e mesmo eu notando o esforço de Dinah para não rir, eu levei sua fala a sério. - Eu estou brincando com você! - se apressa e me abraça, tentando me fazer ficar sentada quando minha clara intenção era de sair dalí. - Não seja dramática, Laur - faço um enorme bico, me aproveitando da situação. - Sabe que somos irmãs, nada e nem ninguém ficaria entre isso - beija a minha bochecha.

- Não me importo mais - faço drama, mesmo gostando muito de ouvir suas palavras.

- Quer saber o que eu acho? - nego com a cabeça, ainda emburrada. - Mas eu vou falar assim mesmo - dá de ombros. - Acho que você está fazendo o certo, está querendo se reaproximar daquela latina gostosa, e uma conversa entre vocês é um bom começo - arqueio uma sobrancelha.

- Mani sabe que você se refere a Camila dessa forma?

- E nem saberá - não aguento e acabo gargalhando. - Não seja boba - bate levemente em meu ombro, me fazendo cessar a risada. - O que te fez mudar de ideia? - paro, absorvendo suas palavras.

- Eu não mudei de ideia - falo simples e vejo claramente sua intriga interna. - Diferente do que vocês pensam, eu não quis dispensar Camila ou ignorar seus sentimentos - dou de ombros.

- Oras, então por que agiu como se quisesse exatamente isso? - estreita os olhos.

- Fiquei confusa e acabei me retraindo naquele momento, e eu sei que não justifica já que continuei evitando ela durante os últimos dias, mas eu só não sabia que precisava olhar em seus olhos para todo o medo e inquietação que cheguei a sentir, se esvaisse como mágica - ela pisca os olhos várias vezes, me fazendo rolar os meus.

- Já está apaixonadinha e olha que nem viu o que aquela bunduda guarda pra você - franzo o cenho.

- Do que está falando? - ela arregala os olhos.

- Eu? - se faz de desentendida. - Nada - tem a cara de pau de desconversar.

- Dinah...

- Minha boca é um túmulo - se afasta, fazendo uma encenação sobre fechar os lábios.

- Pensei que fôssemos irmãs - jogo baixo ao cruzar os braços. - Do que você está sabendo e eu não? - ela desvia o olhar, me dando a certeza que tem alguma coisa alí. - Na verdade o que você não sabe, né? - ela volta seu olhar para mim. - Porque você já sabia de toda a história de Camila e nem pra me dizer nada serviu - jogo em sua cara.

- Você também não me perguntou - parecia ter uma ótima resposta.

- Mas agora estou te perguntando - tento mais uma vez arrancar o que tanto ela guarda.

- Isso já é jogo baixo, e sem contar que você pode muito bem perguntar diretamente pra ela - aponta para meu celular, que nesse momento já estava jogado para o lado. - Vai enviar a mensagem ou não? - eu sabia que ela estava fugindo do assunto, e mesmo assim busquei meu aparelho, ligando a tela novamente e arregalando os olhos. - O que? - se aproxima, sentando novamente ao meu lado.

- A mensagem já foi enviada - falo em um sussurro, mesmo tendo a visão de Dinah focando seu olhar na mesma.

Eu nem vi o momento do envio, talvez pressionei sem querer enquanto me distraia com Dinah, mas agora que já foi feito, sinto uma ansiedade anormal, até porque ainda não teve respostas e eu nem sei se terá.

- Ela está digitando - travo no mesmo lugar, mas não antes de puxar o celular contra meu peito. - Me deixe ver - tenta puxar minhas mãos.

- Não mesmo - sou firme, temendo levar um enorme fora.

Afasto lentamente o celular até que esteja em minha visão, pressiono os lábios com sua mensagem.

" Hey, Lauren, desculpe a demora mas hoje está corrido pra mim"

"Eu sinto muito mas não vou poder"

Murcho, entregando o celular para a curiosa ao meu lado.

- Ela ainda está digitando - fala mas eu não me importo muito, não sei o que sentir no momento, no fundo eu tinha esperanças que ela aceitasse meu pedido para um jantar, afinal mesmo estando chateada e conhecendo o pouco que a conheço, achei que ela relevaria toda essa situação. Mas talvez a mágoa falou mais alto. - E demora tanto pra nada - vejo ela revirar os olhos. - Ah, verdade, eu esqueci desse pequeno detalhe - falava olhando meu celular antes de desviar pra mim. - Camila comentou que precisava viajar, ela vai para um casamento em Cuba, de uma prima - dá de ombros antes de virar a tela do celular para mim, me fazendo ler a comprovação do que ela acabou de dizer. - Por que não se oferece pra ir junto? - arregalo os olhos. - Qual é, ela está sem companhia mesmo...

- Não - nego rapidamente.

- E por que não? - arqueia uma sobrancelha.

- Dinah, como posso simplesmente me oferecer para acompanhá-la em um casamento da família dela? Isso é muita falta de senso!

- Depende do ponto de vista - bufo. - Lauren, querida - coloca uma mão em meu ombro, sua voz me fazendo ter certeza que coisa boa não sairia dalí. - Não acha que essa oportunidade é ótima para uma aproximação? E não tenha medo de uma recusa dela, afinal foi ela mesma que estava clamando o quão ficaria desconfortável em aparecer sozinha em um evento como esse - estreito os olhos. - Mas isso é você que sabe, eu não quero lhe induzir a nada - dá de ombros, me entregando meu celular e levantando, indo até a cadeira que ela estava desde que cheguei em sua casa.

A cínica simplesmente abriu uma revista e começou a folhear, me deixando sozinha com a decisão, se é que posso me referir assim.

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